segunda-feira, janeiro 24, 2011

Minha vida na faculdade

No ano 2000, entrei para a faculdade para fazer o curso de Historia, já que trabalho na área de educação há alguns anos. Fiz minha inscrição para o período da manhã, pois trabalhava no período da tarde. Após ter sido aprovada no vestibular, ao fazer minha matricula, tive a noticia de que não abririam turmas no período da manhã, mas só no período noturno. Procurei saber sobre os dias da semana em que haveria aulas e fui informada de que seria de segunda à sexta-feira. Mesmo tendo que estudar no período noturno, estava confiante. Já na primeira semana de aula, nós, os 40 alunos daquela turma, fomos informados de que teríamos aulas também aos sábados, já que o curso havia sido reduzido de quatro para três anos. A princípio, fiquei apavorada, mas confiei em Deus e pensei: “Quem sabe essa será a oportunidade de testemunhar neste lugar de minha fidelidade a Deus e aos mandamentos dEle.”

No primeiro ano, foi tudo bem, sem nenhum empecilho. As aulas de sexta-feira à noite eu as fazia na quinta-feira e as de sábado também consegui conciliar, ficando apenas com uma DP.

No segundo ano, as coisas começaram a piorar. A coordenadora do curso não abriu mão das minhas faltas no sábado. Cheguei a ponto de quase trancar minha matrícula e procurar outra faculdade. Mas não desisti e novamente me entreguei à oração e Deus novamente não me desamparou.

Fazia uma semana que eu não estava indo à faculdade, tentando encontrar outra que me aceitasse. Foi quando recebi um recado da coordenadora do curso para que eu fosse vê-la. Qual não foi minha surpresa, quando ela disse que daria um jeito para que eu pudesse continuar os estudos e não precisasse me transferir para outra faculdade. Continuei, mas as provas vinham a todo o momento.

Fazia o segundo ano e as matérias do primeiro, o que me deixou muito esgotada física e emocionalmente. Algumas disciplinas do curso de História são para provar a fé de qualquer cristão. Alguns professores, sabendo da minha convicção religiosa, me alfinetavam sempre que tinham oportunidade, tentando me provar que tudo o que aprendi era falso, mentiras de homens e que religião “não passa de invenções humanas”.

Para piorar, havia uma professora que, literalmente, me odiava por causa da fé que eu professava. Ela me expunha na frente de todos, procurando me humilhar, me desestabilizar, mas eu buscava a Deus constantemente em oração pedindo sabedoria.

Resumindo, meus três anos de curso se tornaram quatro que mais pareciam oito.

Meus colegas de classe se formaram um ano antes de mim. Somente eu e um colega ficamos para fazer mais um ano, ele por outros motivos.

Na noite da minha formatura, no trajeto até a faculdade, comentei com meu esposo e minhas filhas no carro que, apesar de ter conseguido chegar até o fim, estava frustrada, pois pensava não ter testemunhado o bastante para as pessoas que haviam estado comigo por quatro anos.

Ao entrar no auditório, fiquei muito surpresa ao ver, assentada, a grande maioria dos meus colegas que haviam se formado um ano antes. Eles vieram até mim e disseram que não poderiam deixar de assistir à minha formatura, depois de tudo o que havia se passado ali. Fiquei muito feliz com aquela demonstração de amizade, mas Deus tinha algo melhor para mim naquela noite.

Após a oradora oficial da turma ter acabado seu discurso (mecanizado), a coordenadora do curso pediu para que outro aluno, agora um homem, fosse até a tribuna e convidou meu amigo (aquele que havia ficado comigo por mais um ano) para falar.

Ele começou seu discurso de improviso e, para minha surpresa, citou meu nome e, como que inspirado, foi relatando as dificuldades pelas quais passei ao longo daqueles anos; as oposições sofridas, as humilhações e também a firmeza naquilo que eu acreditava, sendo que nada nem ninguém conseguiu abalar minha fé. Ele terminou o discurso afirmando que eu era o “símbolo” da persistência que leva à vitória. Que, apesar de toda oposição sofrida, eu ainda continuava firme em minhas convicções, não me deixando influenciar por tudo o que ouvi na faculdade.

O coração disparou, os olhos lagrimejavam, e, bem ali, diante de toda aquela plateia, o nome do nosso Deus foi glorificado e eu pude compreender que meu testemunho durante todos aqueles anos não tinha sido em vão.

Por pior que seja a situação, por mais difícil que seja o caminho, Deus me mostrou que nunca estaremos sozinhos. Ele estará conosco. E eu sou testemunha viva de que isso é a mais pura verdade.

“Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortuosos, quebrarei as portas de bronze e despedaçarei as trancas de ferro” (Isaias 45:2).

(Sandra Zil é bacharel em História)