quarta-feira, abril 06, 2011

Tudo mais fácil para os traidores

Nos sites de namoro da internet, há muita mentira e traição. Muita gente se diz disponível, mas na verdade não está. Estima-se que 30% sejam casados ou mantenham um relacionamento estável, embora afirmem ser solteiros, separados, divorciados ou viúvos. Mentir sobre o estado civil pode ser uma forma de tentar atrair mais parceiros e também de autoproteção. Nem todo site de namoro oferece a combinação de discrição, segurança e conforto desejada por quem quer “pular a cerca”. Agora, a infidelidade virtual deverá ficar mais fácil. Em setembro, o Ashley Madison, o mais bem-sucedido site internacional de relacionamentos extraconjugais, promete lançar sua versão brasileira. O slogan do site – “A vida é curta. Tenha um caso” – não deixa dúvidas quanto às intenções. “Queremos oferecer um ambiente para quem for casado poder encontrar parceiros na mesma situação e ser aberto e honesto sobre o que está procurando”, disse o empresário canadense Noel Biderman, fundador do Ashley Madison, em entrevista à Época.

Criado em 2002 em Toronto, no Canadá, o Ashley Madison tornou-se uma espécie de meca digital do adultério. Hoje, segundo Biderman, está presente em dez países, sem contar a Espanha, onde deverá ser lançado em maio. De acordo com ele, há 8,7 milhões de usuários em todo o mundo – 6,8 milhões só nos Estados Unidos. Em 2009, o site lançou aplicativos para iPhone e BlackBerry, que permitem acessar o serviço pelo celular sem deixar pistas eletrônicas para mulheres e maridos desconfiados.

Como nos sites convencionais de namoro, o Ashley Madison oferece aos usuários perfis personalizados, com suas preferências sexuais, conversas on-line e troca de mensagens. [...] Apesar de ser voltado para os casados, não há nenhuma barreira a solteiros que queiram se relacionar com alguém casado. [...]

Graças ao interesse que o assunto desperta nos países em que o site atua, Biderman – que afirma viver bem com sua mulher, com quem tem dois filhos – consegue uma exposição significativa na mídia. [...] Em fevereiro, o Ashley Madison foi estrela de uma reportagem de capa da revista Bloomberg Businessweek, sobre a “economia da infidelidade” e a “invenção do mercado do adultério”. A divulgação na mídia é reforçada por um pesado investimento publicitário. Em 2010, Biderman afirma ter gastado US$ 12 milhões em publicidade só nos EUA, em outdoors, TVs e rádios. Num de seus comerciais, um casal vive momentos de paixão. E surge o letreiro na tela: “Eles são casados... Mas não um com o outro.”

Biderman espera alcançar no Brasil o mesmo sucesso obtido no exterior. Ele pretende amealhar de 2 milhões a 3 milhões de usuários no país em um ou dois anos. Se essa expectativa se confirmar, o Brasil ocupará o terceiro lugar no ranking global de usuários do site, atrás apenas dos EUA e da Alemanha. “O Brasil é um dos países mais infiéis do planeta”, afirma.

Para sustentar sua afirmação, ele cita uma pesquisa realizada em 24 cidades de dez países pela jornalista americana Pamela Druckerman. Ela se interessou pelo tema da infidelidade quando morou no Brasil na década passada, como correspondente do Wall Street Journal, a bíblia financeira americana, e diz que, na época, foi muito cortejada por homens casados. A pesquisa, mencionada em seu livro Na Ponta da Língua (Editora Record), lançado em 2008, revela que, no Brasil, 12% dos homens afirmam ser infiéis, um dos índices mais altos do mundo. Nos EUA, são 3,9%. Na França, 3,8%. Biderman conta que, antes mesmo do lançamento do site brasileiro, já há 190 mil brasileiros registrados na versão americana tentando encontrar um parceiro para uma escapada, aqui ou lá fora. “Quando analisamos os acessos de brasileiros ao site americano, o tamanho da economia do país e os dados de comércio eletrônico e tráfego on-line, o Brasil parece representar uma grande oportunidade para nós.” [...]

“Se as mulheres puderem fazer isso de forma discreta, sem ser descobertas ou sem ter de se envolver com um amigo ou alguém do trabalho, elas vêm correndo”, diz. “Quando os homens descobrem onde as mulheres estão, eles vêm correndo também.” [...]

(Época)

Nota: Ainda bem que a vida é curta e que este mundo está no fim. Já imaginou do que o ser humano seria capaz se vivesse séculos ou se este mundo fosse muito mais longe? Pesquisas mostram que o casamento estável e feliz é sinônimo de satisfação e saúde. Mas, nesta sociedade do imediato e descartável, as pessoas preferem a via aparentemente mais fácil da traição e da aventura a investir numa relação duradoura e de compromisso.[MB]