quarta-feira, abril 27, 2011

Um novo santo para a crise católica

Deu na revista IstoÉ desta semana: “Não há dúvida de que o Vaticano tem pressa de que a figura carismática e globalizada de João Paulo II alcance a esfera celestial, afirmam vaticanistas. E essa ansiedade está relacionada com a crise do catolicismo no mundo – principalmente na Europa. O Anuário Pontifício de 2011, divulgado pelo Vaticano em fevereiro deste ano e que leva em conta a variação nos números da Igreja Católica no mundo entre 2008 e 2009, comprova essa tese. Embora a Santa Sé tenha alardeado que o rebanho aumentou em 15 milhões de seguidores nesse período, o documento revela, de maneira cristalina, o encolhimento do catolicismo no Velho Continente. No berço do catolicismo, onde se concentram 10,6% da população mundial, apenas 24% se dizem católicos, um índice baixo se comparado às Américas, por exemplo, que tem 13,6% da humanidade e incríveis 49,3% de católicos. ‘Não é à toa que Bento XVI vem focando seus esforços e os da Cúria Romana no problema da fé católica na Europa’, diz Fernando Altemeyer, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

“Ter um aliado do peso de João Paulo II em uma missão como essa tem valor inestimável. Sua biografia, com pinceladas medievais, parece ter sido moldada para servir de inspiração para ovelhas desgarradas. ‘Um santo é a voz mais eloquente que a igreja dispõe no processo de evangelização’, afirma dom Dimas Lara Barbosa, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). As beatificações, assim como a de Karol Wojtyla, cumprem uma série de funções terrenas, além das espirituais de praxe. No pontificado de João Paulo II, por exemplo, houve uma preocupação em se canonizar santos dos Estados Unidos, para impulsionar a fé naquele país. O culto e a devoção a um personagem local acende a chama da religiosidade e atrai mais fiéis. [...]”

Nota: O cristianismo em seus primórdios não precisou de santos mortos (segundo a concepção católica, já que santo, na Bíblia, é próprio fiel vivo) para espalhar a mensagem de Cristo. Precisou de homens e mulheres imbuídos do poder do Espírito Santo e com amor inquebrantável pela Palavra de Deus. O desconhecimento desse cristianismo puro, dessa fé simples e racional, capaz de dar respostas satisfatórias a uma geração desnorteada, isso é que poderia resgatar a fé do desgastado continente Europeu. Apesar dos traços de caráter louváveis de Karol Wojtyla (que dorme inconsciente em seu caixão), colocá-lo como mais um intercessor entre Deus e os homens é minimizar a obra de Jesus Cristo, o verdadeiro intercessor.[MB]

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