terça-feira, junho 21, 2011

O problema da herança quantitativa ou poligenética

A seleção genética ou seleção de grupo é usada para explicar características altruístas; características que são prejudiciais para o indivíduo, mas benéficas para os outros. Um dos grandes evolucionistas do século 20, o marxista Stephen Jay Gould, aceitou a validade desses mecanismos, no entanto, criticou a seleção genética: “A seleção [natural] simplesmente não pode ver genes e escolhê-los diretamente. Ela usa corpos como intermediários. Um gene é um bocado de DNA escondido dentro de uma célula. A seleção vê corpos. Ela favorece alguns corpos porque são mais fortes, mais isolados, chegam mais cedo à maturidade sexual, mais ferozes em combate ou mais atrativos de se contemplar. [...] Centenas de genes contribuem para a construção da maioria das partes corporais e sua ação é canalizada através de uma série de influências ambientais caleidoscópicas. As partes não são traduzidas em genes, e a seleção não opera diretamente nas partes corporais. Ela aceita ou rejeita organismos inteiros porque conjuntos de partes, interagindo de formas complexas, conferem vantagem” (Gould, 1980, The Panda’s Thumb, p. 89, 90).

Stephen Gould tem objecções contra a seleção genética porque os traços corporais observáveis não são o resultado de apenas um gene atuando isoladamente, mas, sim, o resultado de centenas de genes agindo em unidade. Isso está correto da parte do evolucionista Gould, mas o que ele não se apercebeu é que o mesmo argumento pode ser usado contra toda a teoria da evolução.

Gould pôs o dedo na ferida de uma das maiores dificuldades da genética evolutiva: o problema dos muitos genes. A maioria dos traços físicos é determinada por vários genes. Esse fenómeno tem o nome de poligênica ou herança quantitativa. A disseminação desse fenômeno na biosfera é um problema grave para a mitologia neodarwinista.

Imagine uma nova característica benéfica que surge devido a uma combinação rara de cinco genes. Devido à reprodução sexual cada gene tem 50% de chance de vir a fazer parte da composição genética da descendência. Portanto, a característica que resultou dos cinco genes tem uma chance em 32 de ser herdada. Isso é uma probabilidade de 3%, e não os normais 50%, quando apenas um gene está envolvido.

Se uma fêmea tiver em média menos de 32 descendentes (o que é a norma entre os vertebrados superiores), então a característica poligênica desaparecerá rapidamente. É devido a isso que os traços corporais que envolvem muitos genes são embaraçosos para a teoria da evolução. Essa é a razão principal que leva os evolucionistas a dar explicações que envolvam apenas um gene. A “explicação” assume que uma característica ou traço equivale a um gene. Depois disso, eles “explicam” a origem desse traço como a origem desse gene singular. Esse tipo de “explicação” é mais simples de fazer, e é por isso que os evolucionistas a usam com frequência.

(Darwinismo)