quinta-feira, novembro 03, 2011

Thor: uma paródia do Filho de Deus

A encarnação de Jesus Cristo é a mais linda, profunda e significativa história de todos os tempos, afinal, trata-se da saga do Deus que Se fez homem para revelar o caráter da Divindade e para morrer em lugar da humanidade devedora, saldando definitivamente essa dívida chamada pecado - história anunciada séculos antes nas profecias messiânicas das Escrituras Hebraicas. O tema é tão vasto e maravilhoso que Ellen White afirma que por toda a eternidade ele será objeto do estudo dos remidos, dos anjos e das raças não caídas. E quanto mais for estudado, mais facetas serão reveladas dessa verdade tremenda. É curioso notar que muitas culturas antigas guardam resquícios dessa história, embora com alguns acréscimos, modificações e (muitas) distorções. Por vários motivos (históricos, arqueológicos, científicos, de fé, etc.), creio que a Bíblia preserva a história verdadeira, com cores vivas, porém, sem os elementos míticos e até absurdos típicos de outras culturas, nas quais há mistura de paganismo, misticismo, crendices e geralmente lendas passadas de pai para filho, segundo a tradição oral.

Uma dessas mitologias, que possivelmente reflita elementos do relato da redenção segundo a Bíblia, é a história do deus do trovão Thor e do reino de Asgard, encontrada na cultura nórdica e popularizada recentemente em filme adaptado dos quadrinhos da Marvel. Thor é filho do “pai de todos”, o deus Odin. O irmão de Thor se chama Loki (na mitologia, Loki é um personagem de origem obscura) e tem inveja do deus do trovão, já que este é que está sendo preparado para ocupar o trono do pai. Loki pode ser considerado um deus dos enganos, pois se vale de artimanhas e ilusionismo para alcançar seus objetivos.

Ocorre que Thor (pelo menos o do filme) se mostra despreparado para o trono. É arrogante e impetuoso. Quando quase envolve Asgard numa guerra sangrenta com os gigantes do gelo, Thor é banido por Odin, sendo enviado sem poderes para a Terra, onde aprende a se sacrificar pelos outros, adquirindo a dignidade necessária para voltar a empunhar seu martelo mágico Mjolnir e a receber de volta seus poderes de deus.

A despeito das divergências entre as histórias bíblica e nórdica, as semelhanças saltam à vista. Loki passa a odiar o irmão e inicia uma rebelião, traindo Odin. Thor é enviado à Terra sem poderes e volta para Asgard, depois de cumprir sua missão aqui. No fim dos tempos, Odin conduzirá os deuses e os homens contra as forças do caos na batalha do fim do mundo, o Ragnarök. Durante essa batalha, Thor matará e será morto pela cria de Loki, Jörmungandr, uma serpente tão grande que envolve a Terra.

Segundo o filme, muito tempo atrás, os asgardianos vieram à Terra libertá-la dos ataques dos gigantes do gelo. Por isso os nórdicos passaram a considerar essa raça poderosa como deuses (numa sugestão de que, na verdade, o povo de Asgard seria extraterrestre, como tanto interesse a Hollywood atualmente).

Para mim, duas conclusões são possíveis, levando-se em conta as semelhanças e diferenças entre as histórias: (1) a história verdadeira da rebelião no Céu entre Lúcifer e o filho de Deus, Jesus (ou Miguel), encontra eco em diversas culturas, assim como ocorre também com os relatos da criação e do dilúvio; no entanto, à semelhança do que acontece na brincadeira do telefone sem fio, a transmissão desse relato de geração para geração e de povo para povo acabou promovendo distorções e incorporando acréscimos, processo típico da mitologização de histórias; (2) o inimigo de Deus tem grande interesse em disseminar mitologias que se assemelhem ao relato bíblico, pois, assim, leva as pessoas a considerar o relato escriturístico (preservado em papel e tinta numa língua sempre conhecida e inalterada) também um mito.

Thor: paródia ou resquício da história do Filho de Deus? Talvez ambas as coisas.

Michelson Borges

Leia também: "Jesus Cristo: um plágio?", "Que deus está vindo?" e "Deuses e super-heróis"

Curiosidade: Os anglo-saxões deram o nome de Thor ao quinto dia da semana, Thursday, ou Thor’s day; o mesmo aconteceu entre os escandinavos, que chamaram a quinta-feira de Torsdag, e no idioma alemão, em que a quinta-feira se chama Donnerstag (donner = trovão; tag = dia).