quarta-feira, janeiro 04, 2012

Aquela velha opinião formada sobre os evangélicos

Quando noticia um evento de massa de uma igreja evangélica, retrata como “estorvo”, como “problema de trânsito”. Escolhe para entrevistas só quem se sentiu prejudicado e não dá voz aos membros e fiéis da igreja, que também têm o direito de ir e vir, e também sofreram com o trânsito caótico, e com a falta de apoio da Polícia Militar, que avaliou como “normal” o trânsito naquela área e não mandou reforços para organizar o trânsito na rodovia. ;Quando o jornalão retrata outro evento de massa equivalente, porém da igreja católica, dá ênfase diferente e só positiva, mostrando apenas a visão dos fiéis e das autoridades eclesiásticas (o que até está correto, errado é fazer o que fizeram com a igreja evangélica).

O tratamento diferenciado mostra o quanto existe de preconceito religioso (e até perseguição) no jornalão. Se fosse um jornalismo isento, ou a manchete [da matéria sobre os evangélicos] seria “Igreja recebe 500 mil na inauguração”, ou a manchete [sobre os católicos] também mostraria os transtornos que grandes multidões provocam na região de Aparecida do Norte.

No Brasil, a liberdade religiosa é plena, não existe religião oficial e, portanto, ninguém é obrigado a seguir uma ou outra religião. Por isso, religião não é questão política. O cidadão brasileiro segue sua crença por livre escolha ou tradição familiar (que também não deixa de ser uma escolha, a partir da idade adulta), e todos merecem respeito. Ninguém tem o direito de desrespeitar a fé alheia, por mais que discorde. Quem quiser fazer reflexões e diálogos entre religiões que faça, mas com o devido respeito.

Cada um que escolha e viva a sua (ou nenhuma) religião e deixe os outros viverem sua espiritualidade ou materialismo em paz, sem promover cizania como faz o Estadão. Guerras religiosas não são de nossa natureza, e massacres como o da Noite de São Bartolomeu pertencem à barbárie medieval.

O jornalão dá ênfase só aos transtornos de quem tinha que pegar voos no aeroporto de Cumbica. Ora, claro que é lamentável para qualquer pessoa perder um voo, mas o direito de ir e vir é de todos. As vias construídas com o dinheiro dos impostos de todos não são exclusivas para os passageiros de avião. Quem quiser ir à igreja (a qualquer igreja) tem tanto direito de fazê-lo quanto quem quer viajar de avião.

Se alguém é responsável por não reduzir danos do transtorno no tráfego é o governador Geraldo Alckmnin (PSDB/SP) que não montou um esquema especial de policiamento para conduzir o fluxo de veículos. E também a Privataria Tucana, pois a concessionária CCR Nova Dutra, que cobrou uma fortuna de pedágio dessa multidão, nada fez para melhorar as condições do trânsito.

(Amigos do Presidente Lula)

Nota do blog Nota na Pauta: "Perguntar não ofende: Como o Estadão se posicionará quando a inauguração da catedral do padre Marcelo Rossi “atrapalhar” o trânsito? Só não dá para embarcar na imparcialidade do blog que critica o Estadão, já que não deixa de ser a crítica da esquerda ao jornalão da direita (não parece, mas essa polarização ainda existe). Mas convenhamos: o Estadão e a Folha de S. Paulo não dão espaço para a crítica ao modelo teórico (neo)darwinista do mesmo modo que nesses jornais você não verá uma crítica a José Serra. Eles são bem (neo)“liberais” quanto o assunto é ciência e economia, mas têm a mesma velha opinião formada quando o assunto é o ex-presidente Lula ou os evangélicos."