quinta-feira, março 01, 2012

Manipulações e mentiras para impor uma ideia

No dia 27 de fevereiro, em seu blog, Reinaldo Azevedo divulgou a confissão de um médico norte-americano que admitiu publicamente ter realizado cinco mil abortos e, depois, se arrependido e se tornado um defensor incondicional da vida. Azevedo reproduziu trecho de uma conferência do Dr. Bernard N. Nathanson (foto mais abaixo), proferida no Colégio Médico de Madri. Nathanson morreu no dia 21 de fevereiro de 2011, aos 85 anos. Preste atenção às táticas usadas para convencer a população:

É preciso trabalhar com números mentirosos – “É uma tática importante. Dizíamos, em 1968, que na América se praticavam um milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos que estes não ultrapassavam cem mil, mas esse número não nos servia e multiplicamos por dez para chamar a atenção. Também repetíamos constantemente que as mortes maternas por aborto clandestino se aproximavam de dez mil, quando sabíamos que eram apenas duzentas, mas esse número era muito pequeno para a propaganda. Essa tática do engano e da grande mentira se se repete constantemente acaba sendo aceita como verdade.”

É preciso ganhar os meios de comunicação e a universidade – “Nós nos lançamos para a conquista dos meios de comunicações sociais, dos grupos universitários, sobretudo das feministas. Eles escutavam tudo o que dizíamos, inclusive as mentiras, e logo divulgavam pelos meios de comunicações sociais, base da propaganda. É importantíssimo que vocês se preocupem com os meios de comunicações sociais porque, segundo explicam os fatos, assim se infiltrarão as ideias entre a população. Se na Espanha esses meios não estão dispostos a dizer a verdade, vocês se encontram na mesma situação que criamos nos EUA, em 1968/69, quando contávamos através desses meios todas as mentiras que acabo de mencionar.”

É preciso apresentar pesquisas falsas – “Outra prática eram nossas próprias invenções. Dizíamos, por exemplo, que havíamos feito uma pesquisa e que 25 por cento da população eram a favor do aborto e três meses mais tarde dizíamos que eram 50 por cento, e assim sucessivamente. Os americanos acreditavam e como desejavam estar na moda, formar parte da maioria para que não dissessem que eram ‘atrasados’, se uniam aos ‘avançados’. Mais tarde fizemos pesquisas de verdade e pudemos comprovar que pouco a pouco iam aparecendo os resultados que havíamos inventado; por isso sejam muito cautelosos sobre as pesquisas que se fazem sobre o aborto. Porque apesar de serem inventadas têm a virtude de convencer inclusive os magistrados e legisladores, pois eles, como qualquer outra pessoa, leem jornais, ouvem rádio e sempre fica alguma coisa em sua mente.”

É preciso satanizar os cristãos – “Uma das táticas mais eficazes que utilizamos naquela época foi o que chamamos de ‘etiqueta católica’. Isso é importante para vocês, porque seu país é majoritariamente católico. Em 1966, a guerra do Vietnã não era muito aceita pela população. A Igreja Católica a aprovava nos Estados Unidos. Então escolhemos como vítima a Igreja Católica e tratamos de relacioná-la com outros movimentos reacionários, inclusive no movimento antiabortista. Sabíamos que não era bem assim, mas com esses enganos pusemos todos os jovens e as Igrejas Protestantes, que sempre olhavam com receio a Igreja Católica, contra ela. Conseguimos inculcar a ideia nas pessoas de que a Igreja Católica era a culpada da não aprovação da lei do aborto. Como era importante não criar antagonismos entre os próprios americanos de distintas crenças, isolamos a hierarquia, bispos e cardeais como os ‘maus’. Essa tática foi tão eficaz que, ainda hoje, se emprega em outros países. Aos católicos que se opunham ao aborto se lhes acusava de estar enfeitiçados pela hierarquia e os que o aceitavam se lhes considerava como modernos, progressistas, liberais e mais esclarecidos. Posso assegurar-lhes que o problema do aborto não é um problema do tipo confessional. Eu não pertenço a nenhuma religião e em compensação estou lhes falando contra o aborto.

“Também quero dizer-lhes que hoje nos Estados Unidos a direção e liderança do movimento antiabortista passou da Igreja Católica para as igrejas protestantes. Há também outras igrejas que se opõem, como as ortodoxas, orientais, a Igreja de Cristo, os batistas americanos, igrejas luteranas, metodistas da África, todo o islã, o judaísmo ortodoxo, os mórmons, as assembleias de Deus e os presbiterianos. Outra tática que empregamos contra a Igreja Católica foi acusar seus sacerdotes, quando tomavam parte nos debates públicos contra o aborto, de meter-se em política e de que isso era anticonstitucional. O público acreditou facilmente, apesar de a falácia do argumento ser clara.”

Azevedo então comenta: “Restringir as críticas à descriminação ou legalização às igrejas é só uma farsa persecutória duplamente qualificada: (a) em primeiro lugar, é mentirosa, porque há pessoas que se opõem à legalização do aborto e são ateias ou agnósticas; (b) em segundo lugar e não menos importante, os crentes têm o mesmo direito de opinar dos não crentes; constituem, aliás, a maioria das sociedades. Isso não lhes confere, na democracia, o direito de calar a minoria, mas também não confere à minoria o direito de cassar a voz majoritária. [...] Trabalhar com números falsos e demonizar as igrejas são atitudes que integram uma atuação de caráter político, militante.”

Nota: É bom lembrar que essa militância mentirosa, preconceituosa e hostil não está restrita à política e à defesa do aborto. A mesma tática de manipulação da opinião pública é utilizada por outras militâncias. Basta voltar aos trechos que italizei na corajosa confissão do Dr. Nathanson: (1) uma “grande mentira se se repete constantemente acaba sendo aceita como verdade”; (2) É importantíssimo que vocês se preocupem com os meios de comunicações sociais porque, segundo explicam os fatos, assim se infiltrarão as ideias entre a população; (3) Posso assegurar-lhes que o problema do aborto não é um problema do tipo confessional. Eu não pertenço a nenhuma religião e em compensação estou lhes falando contra o aborto. Note também o que Azevedo escreveu: “Trabalhar com números falsos e demonizar as igrejas são atitudes que integram uma atuação de caráter político, militante.” Se nos lembrarmos de que praticamente todo dia algum jornal ou revista ou documentário ou filme divulga aspectos do darwinismo, de uma ou outra maneira, explícita ou escancaradamente, nos daremos conta da tremenda orquestração que favorece a teoria da evolução em detrimento de visões discordantes (não apenas de religiosos). Se nos lembrarmos, também, de que os meios de comunicação praticamente só dão espaço aos cientistas/teóricos darwinistas, tendo estes amplo acesso à população e que os militantes darwinistas vivem tentando polarizar a discussão como se se tratasse de ciência versus religião, perceberemos que a mesma tática usada pelos abortistas é empregada pelos militantes darwinistas. No Brasil, devido à sua raiz religiosa (majoritariamente católica), ocorre algo óbvio: a maioria aceita as ideias de Darwin enquanto diz crer em Deus (confira aqui). Mal se dão conta da incoerência dessa postura. Mas é realmente de se esperar algo assim por parte de um povo que vai à igreja de vez em quando e se expõe à mídia todo dia. O fato é que cada vez mais os criacionistas serão demonizados na mídia; serão considerados retrógrados, anacrônicos, fundamentalistas (como em verdade já vêm sendo chamados). Pelo visto, dias piores virão – para os opositores do aborto (talvez), mas muito mais para os seguidores do Deus Criador e de Sua Palavra.[MB]

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