terça-feira, abril 17, 2012

Quer salvar o planeta? Pare de comer carne

Quer ajudar o clima? Que tal reduzir seu consumo de carne? [Melhor ainda: parar de comer carne.] Pelo menos no mundo desenvolvido, esse passo pode ser necessário a fim de estabilizar os níveis atmosféricos de um gás do efeito estufa, o óxido nitroso. O óxido nitroso é o maior contribuinte do homem à destruição do ozônio estratosférico (o “buraco de ozônio”), e o terceiro gás que mais contribui para o efeito estufa, depois do dióxido de carbono e do metano. Cerca de 80% das emissões humanas de óxido nitroso são provenientes da agricultura. Bactérias convertem o nitrogênio encontrado no esterco bovino ou o excesso deixado no solo em gás óxido nitroso. Cada quilo de carne que comemos requer múltiplos quilos de grãos, e cada grão, por sua vez, requer a utilização de fertilizantes contendo azoto, de modo que a quantidade de óxido nitroso liberado por caloria da carne (e laticínios) é muito maior do que simplesmente comer as culturas (verduras, frutas) diretamente.

Pesquisadores analisaram várias trajetórias possíveis para as futuras emissões de óxido nitroso, inclusive estabilizar os níveis atmosféricos de óxido nitroso deste século. Eles consideraram que alterações às emissões seriam necessárias para atingir essa meta.

Uma abordagem para reduzir a quantidade de óxido nitroso emitida é a utilização de azoto de maneira mais eficiente para cada quilo de grãos ou carne produzido. Mas reduzir a demanda por carne também é eficaz.

“Se quisermos chegar à redução mais agressiva – o que realmente estabiliza o óxido nitroso – temos que usar todos os itens acima, incluindo mudanças na dieta”, disse o pesquisador Eric Davidson. Ele mostrou que seria necessário reduzir o consumo de carne no mundo desenvolvido em 50% para gerir o azoto duas vezes mais eficientemente.

Essa análise é consistente com outros estudos, como um relatório de 2006 da ONU, que afirmou que a pecuária contribui mais para a mudança climática do que o transporte. Se incluirmos o metano – liberado em grandes quantidades por ruminantes como o gado – e as emissões de dióxido de carbono da produção de fertilizantes, as emissões de gases de efeito estufa provenientes da agricultura e pecuária são ainda maiores.

O óxido nitroso é liberado em quantidades muito menores do que o dióxido de carbono e o metano, mas é cerca de 300 vezes melhor em capturar calor, e dura na atmosfera por cerca de 100 anos, de modo que cada uma de suas moléculas contribui muito para o aquecimento climático.

Então, a solução é a redução do consumo de carne. Mas isso tem chances de acontecer? Davidson ressalta que, 30 anos atrás, ninguém acharia possível que o tabagismo fosse proibido em bares, ou que o consumo de cigarro diminuísse. Tudo pode acontecer.

De acordo com o estudo de Davidson, o consumo anual médio per capita de carne no mundo desenvolvido foi de 78 quilos em 2002 e está projetado para crescer para 89 quilos em 2030. Enquanto isso, no mundo em desenvolvimento foi de 28 quilos em 2002, projetado para crescer para 37 em 2030.

“Temos vivido de uma forma muito luxuosa. Ir de 82 kg de carne por ano a 40 não deveria ser pedir muito”, disse a cientista Christine Costello.


Nota: O fato é que existem muitas boas razões defendidas pelos adventistas do sétimo dia há mais de cem anos no sentido de que se reduza e mesmo se abandone a dieta cárnea: (1) saúde – está provado que a dieta vegetariana é a que mais promove a saúde e a longevidade; (2) crueldade com os animais – todo consumidor de carne deveria, alguma vez, visitar um matadouro para ter noção do sofrimento que é infligido aos animais criados para abate; além disso, os adventistas anseiam a volta de Jesus e o estabelecimento do Reino de Deus; lá não mais haverá morte, portanto, adeus churrasco!; (3) cuidado com o meio ambiente – as vastas pastagens destinadas à criação de gado poderiam ser mais bem aproveitadas com o cultivo de sementes e hortaliças que seriam mais do que suficientes para alimentar a população mundial, com um custo muito menor e um impacto ambiental bem mais reduzido. Qualquer um dos motivos acima (e muitos outros) é justificativa mais do que suficiente para uma equilibrada e sábia reforma em nosso estilo de vida e em nossa dieta. O planeta, nosso corpo e nossa mente agradecem.[MB]


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