Uma
série de terremotos devastadores atingiram todo o mundo nos últimos anos –
desde o Japão, passando pelo Chile e pelo Haiti – provocando receio de que
nosso planeta possa enfrentar tremores ainda mais catastróficos no futuro
próximo. Três equipes de pesquisa já vasculharam o histórico global de 110 anos
de registros sísmicos para tentar descobrir se há uma espécie de tendência de
terremotos devastadores. Alguns dizem que sim, outros discordam. Uma dupla de
pesquisadores encontrou o que eles chamaram de “megaterremotos”, abalos de
magnitude igual ou superior a 9 pontos na Escala Richter. Um grupo de três desses
tremores devastadores ocorreu entre 1952 e 1964, incluindo o terremoto de
magnitude 9,5 no Chile, em 1960, o maior terremoto já registrado na Terra.
Outro
conjunto de fenômenos, ainda maior, aconteceu entre 1950 a 1965 e envolveu
terremotos de magnitude igual ou superior a 8,6, contam Charles Bufe e David
Perkins, sismólogos do Centro de Pesquisa Geológica dos EUA, em Golden,
Colorado. Eles especulam que o terremoto de força 8,4 no Peru, em 2001, pode
ter marcado o início de uma nova sequência de grandes terremotos globais que
estamos experimentando atualmente.
“Isso
não significa o Juízo Final”, tranquiliza Bufe. “Não acredito que grandes terremotos vão ocorrer durante um longo
período de tempo. Nós só estamos dizendo que parece haver um agrupamento neste
momento, com uma probabilidade maior do que o normal de acontecerem terremotos
de grandes proporções”, explica. “Não dá para precisar quanto tempo pode durar
esse agrupamento. Se não houver outro grande terremoto em anos, talvez nos
próximos 10 ou 12, eu diria que provavelmente estaremos fora do agrupamento”,
acredita. [Prefiro não acreditar no que acredita
Bufe.]
Bufe
sugere que, através do envio de ondas sísmicas que viajam ao redor da superfície
do planeta, terremotos muito fortes podem enfraquecer ainda mais as zonas de
falhas que já estão muito debilitadas. “Há uma chance de cerca de 50% de vermos
outro abalo de magnitude 9 dentro das próximas décadas”, prevê. [...]
O
sismólogo Richard Aster e seus colegas, do Instituto de Mineração e Tecnologia,
no Novo México, Estados Unidos, observaram o histórico de terremotos juntamente
com outros achados recentes para criar um registo de longa duração do tamanho
cumulativo de terremotos em todo o mundo. Eles sugerem que houve relativamente
baixos índices de grandes terremotos durante os períodos entre 1907 e 1950 e de
1967 até 2004. Por outro lado, eles encontraram uma taxa alta de megaterremotos
durante o período de 1950 a 1967 e parece haver outra ascensão a partir de
2004, desde o terremoto devastador de magnitude 9,2 que atingiu a Indonésia e
gerou um enorme tsunami no final daquele ano. [...]
Nota:
Os especialistas tentam tranquilizar as pessoas (e não poderíamos esperar algo
diferente deles), mas, se estão pesquisando e notando algo diferente no padrão
de terremotos, é porque há algo com que se preocupar. É interessante, também,
notar que o aumento de frequência e intensidade se deu em anos recentes, a
partir da década de 1960.[MB]