segunda-feira, junho 11, 2012

O grande “como assim?”

Por um bom tempo eu acreditei que “Deus é para os fracos”. Ter uma religião, crer num ser superior, basear sua vida na premissa de que existe um Deus que ama, perdoa e dá forças era para mim algo risível. Uma muleta. Coisa de mente pequena. Fábula. Desejo de não ser mortal. E tantos outros argumentos e julgamentos que eu poderia citar, mas nem é preciso. Eles estão espalhados ao longo de vários textos neste blog [Heresia Loira, da autora]. Não que minha vida estivesse maravilhosa enquanto eu ponderava racionalmente sobre a fé e chegava à conclusão de que ela era inócua e servia apenas como um artifício para que as pessoas não se sentissem tão perdidas neste mundo desesperador. Não... Faz tempo que tenho caminhado cambaleante pela vida, faz tempo que tenho apanhado, faz tempo que não enxergo direito a luz do sol. E continuo não enxergando. Mas, de repente, eu SINTO meus olhos brilharem. Não é figura de linguagem. Eu consigo sentir mesmo quando eles brilham. Minha vida anda bastante escura, mas nesses segundos em que percebo o brilho dentro de mim a escuridão já não importa tanto. Quando você percebe isso, você franze os olhos, faz cara de “hã?” e grita por dentro “como assim?”. É exatamente isso: um grande “COMO ASSIM???”. COMO ASSIM “DEUS”? COMO ASSIM “GRAÇA”? COMO ASSIM “CURA”? COMO ASSIM “ESPÍRITO SANTO”? Que contos de fadas malucos são esses?

Eu sei, “não é preciso crer que há fadas num jardim para enxergar sua beleza”. Mas, de repente, você se depara com fadas no jardim, com brilhos nos olhos, com sorrisos em meio à maior escuridão. Você se depara com esperança. Uma esperança sem motivo algum, afinal, olhando para trás, você enxerga o padrão de sua vida e sabe que, pela lógica, padrões tendem a se repetir ou piorar.

O mais maluco é que você luta contra. Ah, só Deus sabe (Deus? Deus sabe?) o quanto eu tenho lutado contra essa sensação de ser tomada por uma fé que por tanto tempo repudiei e que quando me perguntam se a tenho, eu ainda afirmo que não tenho. Não por orgulho, mas porque quando olho pra dentro de mim eu não enxergo mesmo fé alguma. E ainda assim, meus olhos brilham...

“A graça divina avança sorrateiramente, sem aviso, silenciando os céticos e desarmando os cínicos. Eles acham que têm a vida sob controle até que, de repente, um encontro com a pura graça os deixa sem fôlego” (Philip Yancey, Alma Sobrevivente).

(Juliana Dacoregio, ex-ateia em processo de “retorno”, em seu blog Heresia Loira)


Nota: Em breve publicarei o texto em que Juliana (minha conterrânea) fala de seu retorno para Deus.