quarta-feira, julho 11, 2012

Conservadores são mais felizes

Quem é mais feliz - o liberal ou o conservador? A resposta poderá parecer simples. Afinal, existe toda uma literatura acadêmica no campo das ciências sociais que mostra os conservadores como indivíduos autoritários, dogmáticos, incapazes de tolerar a ambiguidade, preocupados com as ameaças e os prejuízos, com baixa autoestima e pouco à vontade com pensamentos complexos. Foi o candidato Barack Obama, em 2008, quem definiu notoriamente os eleitores das classes trabalhadoras como “ressentidos”, porque “se agarram às armas ou à religião”. Obviamente, os liberais deveriam ser mais felizes, certo? Errado. Estudiosos, tanto à direita quanto à esquerda, analisaram exaustivamente a questão e chegaram a um consenso: os conservadores são mais propensos à felicidade. E muitos dados o confirmam. Por exemplo, o Pew Research Center informou em 2006 que, entre os republicanos conservadores, 68% tinham maior probabilidade de se dizerem “muito felizes” com sua vida do que os democratas liberais. Esse quadro persistiu durante anos. A questão não é saber até que ponto isso é verdade, mas por que motivo.

Muitos conservadores preferem explicá-lo em razão dos seus diferentes estilos de vida, como casamento e credo religioso. Eles observam que a maioria dos conservadores é casada, enquanto a maioria dos liberais não é. As porcentagens são 53% e 33%, respectivamente, segundo dados da General Social Survey, de 2004, e a diferença praticamente não se deve ao fato de que os liberais costumam ser mais jovens do que os conservadores. Casamento e felicidade caminham juntos. Se duas pessoas pertencem à mesma faixa demográfica, mas uma é casada e a outra não, a pessoa casada terá 18 % mais probabilidades de afirmar que está mais feliz do que a pessoa não casada.

No que diz respeito à religião, a situação é em grande parte a mesma. Segundo a Social Capital Community Benchmark Survey, os conservadores que praticam uma religião são mais numerosos do que os liberais religiosos nos EUA, na proporção de quase quatro para um. E o que tem isso a ver com a felicidade? É evidente. Os participantes religiosos têm quase duas vezes mais probabilidades de afirmar que são muito felizes com sua vida do que os seculares (43% para 23%). As diferenças não dependem da educação, raça, sexo ou idade. O grau diferente de felicidade existe mesmo que se leve em conta a renda.

Se a religião e o casamento devem tornar as pessoas felizes é uma questão que diz respeito a cada um. Mas é preciso levar em conta o seguinte: 52% dos cidadãos politicamente conservadores, casados (com filhos), religiosos, são muito felizes - em comparação com apenas 14% dos solteiros, liberais, seculares sem filhos. Uma explicação do grau de felicidade menor dos liberais é que os conservadores não se preocupam com a desgraça dos outros. Se tivessem consciência da injustiça no mundo, não se sentiriam tão confortáveis. [Será que essa é mesmo a razão?]

“É possível que os liberais sejam menos felizes do que os conservadores porque estão menos preparados, do ponto de vista ideológico, a racionalizar o grau de desigualdade existente na sociedade”, afirmam Jaime Napier e Jon Jost, psicólogos de Nova York, na revista Psychological Science.

Os conservadores de fato entendem o sistema da livre iniciativa de um ponto de vista mais positivo do que os liberais. Os liberais veem mais provavelmente as pessoas como vítimas das circunstâncias e da opressão - e duvidam que os indivíduos consigam ascender sem a ajuda do governo. Minha própria análise usando os dados da pesquisa de 2005 da Syracuse University mostra que cerca de 90% dos conservadores concordam que, “embora as pessoas possam começar a vida com oportunidades diferentes, o trabalho duro e a perseverança em geral farão com que superem essas desvantagens”. Entre os liberais - até mesmo de faixas de renda elevadas - 33% têm menos probabilidade de dizer isso. [...]

(Arthur C. Brooks, Estadão)