Enquanto
os violentos, e muitas vezes mortais, protestos consomem grande parte do mundo
árabe em resposta ao vídeo anti-Islã produzido nos EUA (clique aqui para saber mais), os novaiorquinos irão em breve
defrontar-se com uma nova polêmica envolvendo o Islã: uma propaganda no sistema
de trânsito que terá a frase “Em qualquer guerra entre o homem civilizado e o
selvagem, apoie o civilizado”. A mensagem é concluída com as palavras “Apoie
Israel, enfrente a jihad”. Depois de ter rejeitado o anuncio inicialmente e
perdido uma ação na Justiça, a Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade
anunciou na terça-feira que a propaganda deve ser colocada em dez estações de
metrô. “Nossas mãos estão amarradas”, disse Aaron Donovan, porta-voz do órgão,
quando perguntado sobre a duração do anúncio.
Em
julho, o juiz Paul A. Engelmayer, da Corte Distrital Federal em Manhattan,
entendeu que a autoridade de transporte havia violado os direitos, assegurados na
Primeira Ementa, do grupo que queria divulgar o anúncio, a Iniciativa de Defesa
da Liberdade Americana. A autoridade de transporte havia citado a linguagem
“degradante” da propaganda na tentativa de barrar sua instalação.
A
autoridade, que também recorreu da decisão em julho, pediu que o juiz
postergasse a implementação de sua decisão até o encontro da cúpula do órgão,
em 27 de setembro. Mas em outra decisão no mês passado, o juiz Engelmayer
ordenou que a agência revisasse sua política de publicidade em duas semanas ou
que procurasse prolongar o processo em uma corte de apelação. Nenhuma das duas
coisas foi feita.
Agora,
a autoridade de transporte de Nova York se vê em uma situação difícil. A
Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana também comprou espaços em
Washington, mas a autoridade de transporte local disse na terça-feira que
“suspendeu” a colocação dos anúncios em razão de uma “preocupação com segurança
pública por causa dos últimos eventos no mundo”.
Uma
opção parecida não está disponível para a autoridade de transporte de Nova York
por causa da decisão judicial. De acordo com Donovan, o órgão deve considerar
revisar suas políticas de publicidade na reunião da cúpula na próxima semana.
Pamela
Gettler, diretora-executiva da Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana
disse por e-mail na terça-feira que os oficiais de trânsito de Washington
estavam “sendo servis à ameaça de terrorismo jihadista”. Ela afirma ainda que
os eventos recentes no Oriente Médio não a fizeram hesitar “nem um segundo”
sobre a colocação dos anúncios em Nova York.
“Eu
nunca vou tremer ante qualquer intimidação violenta, e parar de dizer a verdade
porque fazê-lo é perigoso. A liberdade deve ser vigorosamente defendida”,
disse. “Se alguém comete uma violência, a responsabilidade é dela e de mais
ninguém.”
O
grupo também fez campanha nas estações da linha de trem Metro-North, com
cartazes que citam os “ataques islâmicos mortais” desde o 11 de Setembro e diz:
“Não é islamofobia. É islamorrealismo”. A autoridade de transporte diz que não
tentou bloquear esses anúncios porque eles não atingiram o limite da agência
para linguagem “degradante”, como o anúncio que se referia ao “selvagem”. [...]
(O Globo)
A
revista satírica alemã Titanic
anunciou nesta quinta-feira que irá publicar uma charge de Maomé na capa de sua
edição de outubro, em meio a violentos protestos contra o filme “Inocência dos
muçulmanos” e caricaturas divulgadas pelo semanário francês Charlie Hebdo e a um debate sobre liberdade
de expressão.
Em
entrevista ao site do jornal Financial
Times Deutschland, o diretor da publicação, Leo Fischer, disse que a capa
da revista virá ilustrada com uma caricatura do profeta segurando nos braços
Bettina Wulff, esposa do ex-presidente da Alemanha Christian Wulff, que
renunciou ao cargo após um escândalo de tráfico de influência em fevereiro.
Segundo
informações da agência EFE, Fisher acrescentou que a charge é na realidade uma
crítica ao polêmico filme anti-Islã, chamado de “mal feito” pelo editor, e a
“celebridades ultrapassadas que querem se beneficiar da crítica barata contra o
Islã”. Ele também ressaltou que a revista não pretende republicar as charges da
Charlie Hebdo, consideradas por ele
“desinteressantes e grosseiras”.
A
Titanic já se envolveu com inúmeras
polêmicas com supostos insultos ao Islã. Em 2005, ela republicou polêmicas
charges criadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten e que geraram uma série
de protestos pelo mundo islâmico. Um ano depois, a publicação alemã foi às
bancas com a manchete “Comparação entre as religiões” e uma foto com diferentes
tamanhos de órgãos sexuais masculinos, dos quais o menor era o de um muçulmano.
[...]
Ainda
nesta quinta-feira, a aliança política egípcia Irmandade Muçulmana fez um apelo
para que a Justiça francesa tome alguma atitude em relação à Charlie Hebdo, como fez com a revista Closer, no caso da divulgação do topless
de Kate Middleton.
(O Globo)
Nota:
É difícil entender o que motiva alguns cabeças ocas (a não ser o “ibobe” e o
dinheiro). Parece que, para certos irresponsáveis, quanto pior a situação,
melhor. Esse tipo de material provocativo pode levar a duas situações, ambas
negativas: (1) mais revoltas no mundo islâmico, com violência e mortes
desnecessárias, e (2) uma revisão do significado de “liberdade de expressão”,
conquista alcançada a muito custo, em certos países. Como escreveu o amigo
Marco Dourado: “Não gosto de teorias da conspiração, mas isso parece meio
orquestrado. O tal filme, cujos atores alegam terem filmado apenas um épico no
deserto, de baixíssimo orçamento, foi porcamente dublado. E sua
divulgação foi feita justamente no aniversário de 11 anos dos atentados de 11
de setembro.”[MB]