segunda-feira, novembro 12, 2012

“Darwin Vader”: será que Nana Gouvêa tem razão?


Depois da repercussão causada pelas fotos no mínimo oportunistas (falem mal, mas falem de mim) protagonizadas pela modelo Nana Gouvêa posando de maneira sensualizada em meio aos escombros deixados pela passagem do furacão Sandy, nos Estados Unidos (e da vergonha a que submeteu os brasileiros [veja algumas fotos abaixo]), a moça vem a público, outra vez, para dizer algo no mínimo cômico (mas novamente midiático). Está na seção “Veja essa” da revista Veja desta semana: “Star Wars é demais. Eu estou flutuando com o Darwin... com o Darth Veja, o Darth Vader.” E o comentário da revista: “Nana Gouvêa, confundindo o pai do evolucionismo com o vilão de Guerra nas Estrelas, ao se referir à montagem feita por internautas na qual ela aparece em cena do filme, em poses como as que fez diante dos estragos provocados pela tempestade Sandy, nos Estados Unidos.”

Darwin e Vader... Nunca havia pensado nessa associação insana. Mas, de certa forma, Gouvêa acabou criando um paralelo interessante. Vader, incialmente chamado Anakin Skywalker, se deixou levar pelo tal lado negro da força, tornando-se um dos vilões mais famosos de todos os tempos, no cinema. Com seus poderes mentais, ele subjugava os inimigos, até que, por fim, se arrependeu de tudo o que fez. Darwin não usava sabres de luz nem tampouco se arrependeu de ter publicado sua teoria (como reza a lenda urbana), mas deixou de lado os ensinamentos que tivera na faculdade de teologia (sim, Darwin estudou teologia em Cambridge) para defender uma teoria que, aplicada às últimas consequências, acabou afastando muita gente de Deus e da doutrina bíblica da criação. Embora, como se diz por aí, a preocupação do teólogo-naturalista não fosse exatamente com a origem da vida, ao sustentar a hipótese da macroevolução, Darwin deu munição para os que tentavam defender o surgimento da vida em detrimento de sua criação. Era como se, com sua teoria, Darwin tornasse Deus desnecessário, ou, no mínimo, o relato de Gênesis obsoleto.

Ocorre que, solapando a historicidade do primeiro livro da Bíblia, tornam-se nulas também importantes doutrinas como a da redenção e da nova Terra. Se a morte não é consequência do pecado, logo, ela faz parte integrante da dinâmica da vida. Se existe um Deus, Ele Se torna responsável pela morte, pelo predatismo e por outros aspectos negativos da natureza. Se o pecado é um “conto da carochinha”, qual o significado da morte de Jesus? E que sentido há em se falar de ressurreição e recriação? Se a árvore da vida de Gênesis é lenda, a mesma árvore citada no Apocalipse como uma das recompensas dos salvos passa a ser, também ela, lendária.

A negação da doutrina da criação traz também consequências mais diretas, na vida cotidiana. Exemplo: graças justamente à reinterpretação do conceito de família e de casamento é que vêm sendo aprovadas por referendos e legisladores uniões que são tudo, menos casamento – afinal, o conceito bíblico de casamento tem que ver com a união abençoada de um homem com uma mulher.

De certa forma, Nana Gouvêa tem razão. Darwin abandonou sua formação teológica (cujos ensinos falam de esperança, salvação, criação e recriação) para abraçar uma teoria em última instância ateia, segundo a qual o sobrenatural é dispensável, os mais aptos sobrevivem e o futuro é incerto, sujeito aos meandros de uma evolução cega e sem direção. Quem dera Darwin Vader tivesse voltado para o lado que acabou abandonando. Curiosamente, o famoso inglês foi sepultado na Abadia de Westminster, mas ninguém sabe o que se passava em sua cabeça pouco antes da morte e se ele concordaria em ser sepultado ao lado de um cientista crente como Isaac Newton. À semelhança do Vader da ficção, ainda que Darwin tivesse se arrependido, as consequências de suas ideias permaneceriam até o fim.

Michelson Borges