quinta-feira, abril 18, 2013

Quem fez essa estrutura de 60 mil toneladas?

Em um artigo publicado no último volume do International Journal of Nautical Archeology, pesquisadores da Universidade Ben-Gurion, da Universidade Tel Aviv, da Universidade de Haifa e do Instituto de Pesquisa Oceanográfica e Limnológica, todos em Israel, descreveram a descoberta de uma estrutura em forma de cone, de basalto bruto, sobre o fundo arenoso no trecho sudoeste do Mar da Galileia. A estrutura tem um formato aproximadamente circular e consiste em um monte de pedras, com cerca de 10 metros de altura e 70 metros de diâmetro, volume estimado em 25.000 m³ e peso estimado de 60.000 toneladas. Ela se encontra assentada sobre a areia, que também cobre as bordas da estrutura, e seu ponto mais alto encontra-se a cerca de nove metros de profundidade. Por enquanto, existem praticamente apenas perguntas: Quem construiu a estrutura? Quando ela foi construída? Qual seu propósito? Foi construída já submersa ou em uma região que foi mais tarde submersa? Os arqueólogos têm alguns palpites, baseados no conhecimento que têm da região.

A localização da estrutura, próxima a um antigo canal do rio Jordão, em uma região que foi importante economicamente na Era do Bronze, além da semelhança com outras estruturas submersas de pedras da época, faz pensar que ela tenha sido feita entre o século 4 e 3 [a.C.]. As pedras de basalto usadas na estrutura, com cerca de um metro cada, não precisaram viajar muito – existem locais de onde elas podem ter sido extraídas a poucas centenas de metros da região da descoberta.

Em um mergulho, os arqueólogos notaram a presença de tilápias (uma delas está apontada por uma seta na foto acima), o que sugere que a estrutura se trata de uma espécie de “berço” para cardumes de peixes, como outros que existem na região. Esses berços atrairiam cardumes por formar um abrigo, o que facilitaria a pesca.

O artigo científico da descoberta é bastante resumido, apresentando alguns mapeamentos feitos com sonar, um perfil provável da estrutura, e a discussão acerca de a construção ter sido feita na Era do Bronze, devido à semelhança com outras estruturas submersas, porém, menores.


Nota: Não duvido que essa estrutura possa ser uma espécie de recife artificial usado para atrair peixes, mas me chama a atenção a atitude dos pesquisadores e da imprensa. Curiosamente, em nenhum momento alguém apela para a ação de forças naturais que pudessem ter organizado o cone (um simples cone formado por um monte de pedras) ao longo de muitos e muitos anos. Mas, quando cientistas naturalistas se deparam com (por exemplo) máquinas moleculares incapazes de simplesmente “surgir”, apelam, aí sim, para forças naturais (mutações ocasionais filtradas pela “todo-poderosa” seleção natural). Difícil aceitar essa incoerência.[MB]