O
projeto “cura gay”, proposto em 2011 pelo deputado federal tucano João Campos
(PSDB-GO), teve como pivô a psicóloga paranaense Marisa Lobo. Há dois anos, ela
responde processo ético frente ao Conselho Federal de Psicologia (CFP) por
discordar publicamente da resolução que impede os profissionais da área de
sugerir aos pacientes tratamentos que busquem a cura da homossexualidade. Com o
deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de
Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a bancada evangélica encontrou espaço
para desengavetar o projeto, que tinha esbarrado na resistência da frente
parlamentar LGBT. Em entrevista, por telefone, à Zero Hora, Marisa fala sobre o projeto e o que pensa a respeito da
reversão do homossexualismo. Confira os principais trechos:
Qual sua opinião sobre
a resolução do Conselho Federal de Piscologia?
Estou respondendo processo ético há quase dois anos, acusada de curar gays. Eles afirmam que eu digo nas redes sociais que gays têm cura. Na verdade, não é isso que eu falo. Eu sou contra a resolução porque ela cerceia mesmo a atuação dos psicólogos, porque é o meu paciente que manda na minha terapia. É isso que eu comecei a divulgar. Eu tive coragem de dizer, como psicóloga, que quem manda na terapia é o paciente e que deve estar em primeiro lugar o desejo dele. Se o desejo dele é de mudar sua condição, opção ou orientação, não sendo doença, o que eu sei que não é e não trato como tal, trato como uma condição humana, eu vou ajudá-lo a mudar. E está uma confusão tão grande que a própria resolução diz que tenho que atender o desejo do paciente, ainda que seja para mudar sua condição, orientação ou opção. Eles estão deixando claro que se o paciente quiser mudar sua opção, eu tenho que atendê-lo.
Estou respondendo processo ético há quase dois anos, acusada de curar gays. Eles afirmam que eu digo nas redes sociais que gays têm cura. Na verdade, não é isso que eu falo. Eu sou contra a resolução porque ela cerceia mesmo a atuação dos psicólogos, porque é o meu paciente que manda na minha terapia. É isso que eu comecei a divulgar. Eu tive coragem de dizer, como psicóloga, que quem manda na terapia é o paciente e que deve estar em primeiro lugar o desejo dele. Se o desejo dele é de mudar sua condição, opção ou orientação, não sendo doença, o que eu sei que não é e não trato como tal, trato como uma condição humana, eu vou ajudá-lo a mudar. E está uma confusão tão grande que a própria resolução diz que tenho que atender o desejo do paciente, ainda que seja para mudar sua condição, orientação ou opção. Eles estão deixando claro que se o paciente quiser mudar sua opção, eu tenho que atendê-lo.
Você acha, então, que a
resolução é contraditória?
É
totalmente contraditória, é uma usurpação de poder, cerceamento de direito, ela
interfere no processo terapêutico. Ao mesmo tempo em que ela diz que é para dar
dignidade ao homossexual ela está tirando a dignidade do sujeito que não quer
mais ser homossexual. O ser humano pode mudar sua condição, se for do desejo
dele. A resolução nos impede de fazer isso. A resolução diz que não posso
atender procedimentos não solicitados, então, se a pessoa solicitar, eu posso.
Como que eu posso, se ela diz que é 100% certeza que a pessoa nasce gay? O que está acontecendo é que a psicologia é militante da
LGBT, e ela não poderia. Quem fiscaliza o Conselho? Ninguém. Então, o Congresso
vai fiscalizar.
O resgate desse projeto
tem a ver com o fato de Marco Feliciano ter assumido a presidência do Conselho
de Direitos Humanos?
Quando
a gente viu a possibilidade de o Marco Feliciano assumir a presidência, todo
mundo já esperava que fosse para votação. Acho até que nem era o momento de o
Marco Feliciano apresentar esse projeto, porque isso tudo vai virar motivo
religioso, perseguição de gays. E não é perseguição, o projeto estava lá desde
o ano passado, e esbarrou no preconceito, por causa da militância da LGBT,
porque eles não admitem que existam ex-gays. Estou fazendo um relatório
provando a existência de ex-gays, tudo registrado em cartório. Tenho quase cem
casos, quando chegar a cem, eu vou levar para a ONU, que está me esperando. Vou
exigir que essas pessoas sejam reconhecidas, porque assim como os gays têm seus
direitos e devem ser respeitados, os ex-gays também existem, estamos cometendo
uma injustiça. Se ele deixou de ser gay, é um direito humano dele.