quinta-feira, setembro 05, 2013

Igreja quer usar feitiçaria para atrair novos membros

Quando a cristianização da Inglaterra anglo-saxã começou, por volta do ano 600, predominavam nas ilhas diferentes formas de paganismo (adoração dos espíritos da natureza), incluindo o ensinamento dos druidas (feiticeiros da cultura celta). Os primeiros cristãos ensinavam que isso não passava de “cerimônias satânicas” e deveriam ser abandonadas. Embora nunca totalmente extintas da cultura inglesa, as práticas pagãs agora parecem ter reencontrado seu caminho justamente no seio da igreja cristã. A Igreja da Inglaterra, também conhecida como Anglicana ou Episcopal, está tentando reunir no mesmo culto, cristãos, pagãos e todas as pessoas que tenham interesse nas coisas espirituais. Esse seria um novo esforço para estancar a constante perda de membros de suas congregações.

A liderança da denominação está fazendo treinamento para ensinar os pastores e bispos a “criar uma igreja pagã onde o cristianismo está no centro”, segundo o jornal The Telegraph. Embora não explique como isso seria feito, o objetivo seria tentar criar novas formas de cultuar a Deus, “mais adequadas para as pessoas de crenças alternativas”.

O reverendo Steve Hollinghurst, teólogo e pesquisador de novos movimentos religiosos, disse que a intenção é “formular uma exploração da fé cristã, que estaria de acordo com a cultura local”. Para ele, a questão é simples: a Grã-Bretanha não é mais um país cristão, mas a espiritualidade é parte da vida de muitas pessoas.

“Minha jornada espiritual começou na adolescência, quando explorei todos os tipos de religiões e espiritualidades alternativas antes de escolher o cristianismo como o meu caminho. Se Deus fez-Se homem em Jesus não somente para Se relacionar com seres humanos, mas também para transformar a criação, então o cristianismo deve ser relevante para todas as pessoas”, acrescenta. “Mas como essa conexão pode ser feita quando, para muitos, ele [cristianismo] é visto como uma religião antiga e ultrapassada? Só posso dizer que gosto de um bom desafio!”

A Church Mission Society, órgão da denominação que cuida do treinamento de ministros explica que deseja “abrir novos caminhos”, e com isso espera ver todas as pessoas com interesse nas questões spirituais “alinhar-se com o cristianismo”. Andrea Campenale, um dos responsáveis pelo programa, justifica: “Hoje em dia as pessoas querem sentir alguma coisa, desejam ter alguma nova experiência... Vivemos em uma Inglaterra onde há um foco muito individualista. Acho que com isso poderemos iniciar outro diálogo com a sociedade.”

O famoso monumento de Stonehenge, cuja origem antecede a Cristo, reúne regularmente pagãos e druidas para cerimônias de culto à natureza e aos astros. Mais de 20 mil pessoas se reuniram no local neste ano para celebrar o solstício, a chegada do verão no hemisfério norte. Isso mostra a força do movimento em uma sociedade considerada pós-cristã.

O Reino Unido é a nação europeia onde o islamismo tem uma das maiores taxas de crescimento e o movimento neoateista de Richard Dawkins está cada vez mais popular. Uma recente pesquisa do Instituto YouGov aponta que apenas 25% das pessoas da Geração Y (com menos de 35 anos) dizem crer em Deus, enquanto 38% declaram não crer. Apenas 10% delas participam de um culto religioso pelo menos uma vez por mês. Além disso, 41% dos entrevistados acreditam que a religião causava mais mal do que bem ao mundo. Apenas 13% deles são filiados à Igreja da Inglaterra.

(Gospel Prime, com informações de WND e Telegraph)

Nota 1: Quando o cristianismo perde o sabor (o sal, na metáfora de Jesus) e a relevância, o que sobra? Isso aí que estamos vendo na Inglaterra. Os anglicanos há um bom tempo se divorciaram da Palavra de Deus, adotando uma religião tradicionalista com teologia liberal e evolucionista. Apenas têm nome de cristãos. Faz tempo que essa e outras religiões não mais consideram literais os relatos da criação, do dilúvio, da queda e dos milagres. E se esses relatos não são reais, a própria redenção efetuada por Jesus na cruz perde seu significado e o âmago do cristianismo (incluindo aí a ressurreição, o ministério de Cristo no santuário celestial e a segunda vinda dEle) é esvaziado de significado. Para eles, Jesus não é a verdade e o cristianismo é tão-somente mais uma forma de viver a espiritualidade, essa, sim, a coisa mais importante. Se a espiritualidade e a experiência pessoal com o Divino (seja ele/ela quem e o que for) é o que mais importa e não a Revelação, toda e qualquer expressão da espiritualidade passa a ser aceita (mesmo as antibíblicas, como a feitiçaria), numa perfeita aplicação do pensamento pós-moderno e relativista. E que não pensem estar imunes as igrejas que ainda creem na Revelação e na Palavra de Deus como regra de fé e prática. À medida que diminui a fé no fator normatizante das Escrituras, mais e mais a cultura (com seus aspectos positivos e negativos) vai se sobrepondo ao princípios bíblicos. Haja vista a aceitação crescente de estilos musicais incompatíveis com o louvor, como é o caso do rock, do samba, do rap e outros, para citar apenas um exemplo de “aculturação” negativa. É o gosto do adorador predominando sobre a orientação do Adorado. O exemplo da Inglaterra está aí como um sinal de alerta e um aviso de quão longe se pode ir quando a teologia que abraçamos perde sua força. É a ponta de um iceberg previsto por Jesus, segundo o qual a fé verdadeira seria artigo raro pouco antes de Sua vinda (Lc 18:8). [MB]

Nota 2: Os pagãos sempre adoraram o Sol (cujo dia de culto é o domingo) e a natureza (divinizam a criação). Os feiticeiros invocam os "mortos" e lidam com o ocultismo. A Bíblia nos conclama a adorar unicamente o Criador (Ap 14:6, 7) e enaltecer o dia que comemora a criação, o santo sábado (Êx 20:8-11), e nos orienta a ficar longe da feitiçaria (Dt 18:10-12), pois os mortos não têm parte no que se faz neste mundo (Ec 9:5, 6). Esses espíritos são, na verdade, anjos caídos que se fazem passar por entes desencarnados. Você percebe a contradição que há entre uma coisa e outra? E percebe a jogada de mestre de Satanás, ao juntar as duas coisas? Evidentemente que quem se opuser a um movimento ecumênico dessa natureza, com fins aparentemente tão nobres, e reivindicar a autoridade máxima das Escrituras será acusado de fundamentalista. Mas isso já era de se esperar. [MB]