terça-feira, dezembro 17, 2013

70% das doenças humanas têm origem animal

Um mal profetizado
Num relatório publicado, nesta segunda-feira, a agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) diz que é necessária uma abordagem mais “holística” para a gestão das ameaças relacionadas com doenças na ligação entre animais, humanos e ambiente. “O aumento da população, a expansão agrícola e a existência de cada vez mais cadeias de abastecimento alimentar globais alteraram dramaticamente a forma como as doenças emergem, como passam de uma espécie para outra e como se espalham”, alerta o relatório, intitulado World Livestock 2013: Changing Disease Landscapes. O diretor-geral adjunto da FAO para a Agricultura e a Proteção do Consumidor, Ren Wang, escreve no prefácio do documento que a contínua expansão dos terrenos agrícolas, a par de uma explosão mundial da produção de gado, significa que “os animais de criação e os animais selvagens estão cada vez mais em contato uns com os outros” e os próprios humanos estão “mais em contato com animais do que nunca”.

“O que isso significa é que não podemos lidar com a saúde humana, a saúde animal e a saúde dos ecossistemas isoladamente - temos de olhar para elas juntas, e abordar as causas do aparecimento das doenças, a sua persistência e a sua expansão, em vez de nos limitarmos a combatê-las depois de aparecerem”, diz.

Segundo o relatório da FAO, a maioria das doenças infecciosas que apareceram em humanos desde a década de 1940 terão origem em animais saudáveis.

É provável, exemplifica a organização, que o vírus da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS) nos humanos tenha sido inicialmente transmitido por morcegos a civetas, tendo passado destas para humanos através de mercados de animais. Em outros casos, acontece o oposto, e o gado transmite doenças a animais selvagens, afetando a saúde na natureza.

Por outro, a mobilidade humana é maior do que nunca e o volume de bens e produtos transacionados em nível internacional atingiu níveis sem precedentes, o que permite aos agentes patogênicos viajar pelo mundo com facilidade, recorda a FAO.

O estudo agora publicado focaliza em particular em como as mudanças na forma de criar e comercializar animais afetou a emergência e transmissão de doenças.

“Os muitos desafios discutidos nesta publicação requerem maior atenção à prevenção”, pode se ler no relatório. “A atitude de deixar tudo como está já não é suficiente.”

A FAO advoga por isso uma abordagem de “Uma Saúde”, que olhe para as interligações entre fatores ambientais, saúde animal e saúde humana, juntando profissionais de saúde, veterinários, sociólogos, economistas e ecologistas para trabalhar estes assuntos.


Nota: Há mais de cem anos, Ellen White escreveu: “Segundo a luz que Deus me deu, a predominância do câncer e dos tumores é em grande parte devida ao uso abundante de carne de animais mortos. [...] Os animais estão doentes, e participando de sua carne, plantamos as sementes de enfermidades em nossos tecidos e sangue. Depois, quando sujeitos às mudanças num ambiente doentio, isto é mais sensível; também quando somos expostos a epidemias e doenças contagiosas dominantes, o organismo não se acha em condições de resistir ao mal” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 386-388).