quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Cântico dos Cânticos e as labaredas vindas de Yah

Celebração do amor romântico
O projeto Reavivados por Sua Palavra (#rpsp, no Twitter) chegou ao livro Cântico dos Cânticos, “a mais bela das canções de Salomão” (1:1, NTLH). O projeto, desenvolvido pela Igreja Adventista em nível mundial, incentiva a leitura de um capítulo da Bíblia por dia, entre 2012 e 2015.

“Não podemos empreender a leitura de Cântico dos Cânticos sem antes compreender duas coisas. Primeira: o livro contém requintados poemas de amor. Segunda: os poemas são de conteúdo explicitamente sexual. [...] Alguns eliminariam o sexo ao falar de amor, supondo que o estão tornando mais santo. Outros, quando pensam em sexo, não consideram o amor.” Em um mundo que parece se especializar no sexo sem amor, Deus reservou um livro inteiro da Sua Palavra para tratar de amor e sexo (além de muitos outros textos ao longo da Bíblia). Cântico dos Cânticos retrata o amor como “as labaredas [vindas] de Yah [abreviação de Yahweh, o nome próprio de Deus]” (8:6, tradução literal).

Esse poema bíblico “é uma testemunha convincente de que homens e mulheres foram criados física, emocional e espiritualmente para viver em amor. [...] Apesar de nossas sórdidas falhas em amar, vemos aqui a razão de sermos criados, [vemos] que Deus planejou o êxtase e a satisfação para nós, celebrados na poesia de Cântico dos Cânticos”.

O livro provavelmente foi “escrito por ocasião de um casamento real. A poesia romântica era comum em todo o Oriente Médio, mas em outros países [fora de Israel] geralmente incluía referência a deuses e deusas da fertilidade. A infidelidade e o ciúme eram temas comuns. Em contraste, Cântico dos Cânticos celebra o amor fiel - nem mesmo chega a insinuar que o sexo em orgias tivesse lugar na adoração a Deus” (A Mensagem: Bíblia em linguagem contemporânea [São Paulo: Editora Vida: 2011], p. 919).

“No Cântico dos Cânticos, retornamos ao Jardim do Éden. O poema descreve o ideal paradisíaco para o amor sexual humano, mesmo após o surgimento do pecado. Ele possui as seguintes ênfases: (1) a sexualidade foi criada por Deus; (2) a sexualidade é monogâmica e heterossexual; (3) há plena igualdade entre os companheiros na relação de amor; (4) a sexualidade é holística, na qual os amantes necessitam um do outro para serem completos, e o amor deles envolve todo o ser (não apenas o aspecto físico); (5) o amor sexual constitui uma relação exclusiva, permanente e íntima; (6) a sexualidade existe primariamente por causa do amor, não para a procriação; e (7) a sexualidade é uma dádiva sadia e alegre concedida por Deus” (Andrews Study Bible [Berrien Springs, MI: Andrews University Press, 2010], p. 847).

Alguns comentários sobre o trecho lido hoje e que será lido amanhã no Reavivados por Sua Palavra:

• Cântico 3:6-4:15 descreve a cerimônia de casamento, com o Elogio ao Noivo (3:6-11) e o Elogio à Noiva (4:1-15).

• Em 4:16-5:1, chegamos ao centro exato do livro. É o auge de todo o poema e se refere ao ato sexual, a consumação do casamento. Cântico dos Cânticos é um livro perfeitamente simétrico: há 111 linhas poéticas (ou 60 versículos) antes de 4:16, e 111 linhas (ou 60 versículos) depois de 5:1.

• A aliança do casamento é solenizada no fim de 5:1, quando a Voz Onisciente concede Sua aprovação ao casal.

O estudo adventista sobre o Cântico dos Cânticos progrediu muito nas últimas décadas. O Comentário Bíblico Adventista, produzido na década de 1950, continha apenas 16 páginas sobre o livro. O material, de autoria de Leon L. Caviness, ia pouco além de apresentar informações sobre plantas, locais e outras palavras obscuras para o leitor atual (Seventh-day Adventist Bible Commentary [Washington, DC: Review and Herald, 1954], v. 3, p. 1.109-1.124).

Já em 2007, Richard M. Davidson, professor de Antigo Testamento na Andrews University (EUA), publicou o livro Flame of Yahweh: A Theology of Sexuality in the Old Testament [Labaredas de Yahweh: uma teologia da sexualidade no Antigo Testamento] (Peabody, MA: Hendrickson, 2007). Essa obra, que contém 880 páginas, já foi resenhada por dezenas de estudiosos (cristãos, judeus e não religiosos), e é considerada a pesquisa mais importante já desenvolvida sobre a sexualidade no Antigo Testamento. Obviamente, o Cântico dos Cânticos ocupa lugar de destaque: quase 100 páginas são dedicadas ao seu estudo (p. 545-632).

(Matheus Cardoso, via Facebook)