quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Estresse na gravidez eleva chance de filho ser gay

Homossexualidade pré-natal?
Segundo o holandês Dick Frans Swaab, autor de We are our Brains (Spiegel & Grau, 448 páginas) (“Nós somos os nossos cérebros”, em tradução livre), a homossexualidade estaria ligada a uma mudança na composição hormonal e na formação do cérebro. Nesse sentido, o neurologista acredita que fumar ou ingerir drogas na gravidez pode influenciar na formação da sexualidade do feto. “Mulheres grávidas que sofram de estresse tem maior chance de dar à luz bebês homossexuais, porque os níveis elevados do hormônio de estresse cortisol afeta a produção de hormônios sexuais fetais”, escreve Swaab. A abordagem de Swaab, professor emérito de neurobiologia da Universidade de Amsterdã, parte do pressuposto de que a sexualidade é determinada no útero e não pode ser alterada, contrariando uma visão partilhada por outros especialistas de que a orientação sexual é uma escolha individual.

“Embora seja frequente ouvirmos que o desenvolvimento após o nascimento também afete a orientação sexual, não há absolutamente nenhuma prova científica disso”, vaticina Swaab.

Para exemplificar sua tese, Swaab cita o caso de uma droga prescrita a dois milhões de mulheres para evitar abortos nas décadas de 40 e 50 que, segundo ele, aumentou as chances de bissexualidade e homossexualidade nos recém-nascidos. “A exposição à nicotina e à anfetamina durante a gravidez eleva as chances de a mãe gerar uma filha lésbica”, afirma o holandês.

O neurocientista também acredita que as chances de que um bebê se torne homossexual são maiores quando a mãe já gerou filhos homens antes. “Isso se deve à resposta imunológica da mãe às substâncias masculinas produzidas por bebês do sexo masculino no útero. Essa reação se torna cada vez mais forte durante cada gravidez”, acrescenta Swaab.

Há mais de cinco décadas pesquisando a anatomia e a fisiologia do cérebro, o holandês, que coleciona diversos prêmios em seu currículo, é um crítico voraz do chamado “livre-arbítrio” humano e muitas de suas teses têm causado polêmica. O neurologista acredita que o cérebro é pré-programado durante a gravidez, influenciando as decisões de um indivíduo durante toda a sua vida, desde suas experiências emocionais às suas preferências religiosas.

Sua primeira investida no campo da orientação sexual ocorreu na década de 80 e, desde então, Swaab vem provocando reações acaloradas de grupos de defesa dos direitos gays, que afirmam que suas descobertas enquadram a homossexualidade como um “problema médico”. O neurologista holandês, entretanto, discorda das críticas e afirma que sua tese desconstrói o argumento de entidades ultraconservadoras que acreditam na chamada “cura gay”.

Além disso, como afirma que a homossexualidade é definida durante a gravidez, Swaab descarta a hipótese de que filhos de pais homossexuais tenham maior chance de se tornarem gays. “Crianças que cresçam em famílias de pais gays ou lésbicas não têm mais chances de ser homossexuais. Não há qualquer evidência de que a homossexualidade seja uma escolha de vida”, afirma.

A tese de Swaab, entretanto, não é inédita. No 21º Encontro da Sociedade Europeia de Neurologia, realizado em 2011, o professor Jerome Goldstein, do Centro de Investigação Clínica de São Francisco, nos Estados Unidos, apresentou dados baseados em tomografias computadorizadas que mostraram a diferença dos cérebros entre homossexuais e heterossexuais. Segundo Goldstein, “a orientação sexual não é uma opção, ela é essencialmente neurobiológica ao nascimento”.

Mas essa não é a única polêmica do livro de Swaab. Na obra, o neurologista também afirma que o comportamento “irritante” dos adolescentes seria uma evolução natural para evitar o incesto e que partos difíceis seriam, na prática, resultantes da predisposição, nos recém-nascidos, a transtornos mentais como esquizofrenia, autismo ou anorexia.

Além disso, o holandês também defende outras teses, como a de que pessoas inteligentes costumam ser ateias, de que crianças bilíngues tem menos chance de desenvolver Alzheimer ou de que uma desilusão amorosa tem a mesma reação no cérebro do que a abstinência de um viciado.


Nota: Polêmica como possa ser, a tese de Swaab adiciona mais lenha à fogueira da discussão sobre as origens da homossexualidade. Na minha humilde opinião, as duas coisas devem ser levadas em consideração: influências pré-natais e na infância. Talvez com mais “peso” para o segundo motivo. É sabido que o caráter está em construção antes da primeira década de vida, portanto, a maneira como a pessoa é criada e o ambiente em que ela vive vão determinar em grande medida sua personalidade e suas preferências. Mas a pesquisa de Swaab ajuda a lembrar que o estilo de vida da mãe antes e durante a gestação também terá grande influência na vida da pessoa que ela carrega no ventre. Como, diferentemente de Swaab, eu creio em milagres e que Deus pode mudar tendências herdadas (genética) e cultivadas (durante a vida) – e isso quem diz é Ellen White –, acredito que Deus atua no sentido de curar ou manter sob sujeição certas tendências “anormais”, como é o caso do próprio pecado em si. [MB]

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