segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Teoria de gênero: como o primeiro experimento fracassou

David Reimer
Nota do tradutor: O horrendo experimento com os gêmeos Reime realizado pelo mentor da teoria de gênero, o sexólogo neozelandês John William Money (1921-2006), tem sido solenemente ignorado pela grande mídia, ou, quando muito, ocasionalmente mencionado por um ou outro articulista, sempre com o desvelo de não se comprometer, no essencial, a validade de uma noção canônica em exótico ramo da psicologia contemporânea: o gênero em “sentido amplo” (isto é, mais “inclusivo” que o anacrônico binômio masculino-feminino) e suas derivações. Todavia, um veículo da grande mídia internacional - o periódico francês Le Figaro - tem publicado uma série de artigos instigantes sobre os desdobramentos práticos da ideologia de gênero: as políticas públicas de gênero. Em um deles, elas são descritas como “um conjunto de incitações insidiosas que visam a mudar o comportamento dos jovens e substituir, aos poucos, um modelo de sociedade por outro” (confira). 

Traduzo aqui “Theórie du genre: comment la premiére expérimentation a mal tourné” [Teoria de gênero: como seu primeiro experimento fracassou] (fonte), publicado na edição de 31 de janeiro de 2014 do jornal citado. Nele é descrito o caráter criminoso dos testes efetuados por Money que, como o leitor poderá facilmente constatar, em nada diferiam das técnicas do “Anjo da Morte” no campo de Auschwitz, o Dr. Joseph Mengele.

Teoria de gênero: como seu primeiro experimento fracassou

Nos anos 1960, um médico neozelandês experimentou em dois gêmeos a “teoria de gênero”, convencendo os pais a transformarem um deles em menina. Uma experiência de consequências dramáticas.

Ainda que a polêmica sobre a teoria de gênero não pare de crescer, a experiência trágica conduzida na metade dos anos 1960 pelo seu criador, o sexólogo e psicólogo neozelandês John Money, volta à superfície, como relatou na quarta-feira o Le Point. Uma experiência frequentemente ocultada por seus discípulos atuais nos estudos “de gênero”, pois, se o fosse (tendo sido conduzida em dois gêmeos canadenses nascidos meninos, sendo que um que deles foi educado como menina) não seria bem vista.

O especialista em hermafroditismo na universidade norte-americana Johns Hopkins, John Money, definiu desde 1955 o “gênero” como uma conduta sexual que escolhemos adotar, a despeito de nosso sexo de nascença. Ele estudou notadamente os casos de crianças nascidas intersexuais para saber a qual sexo elas poderiam pertencer: aquele que a natureza lhes deu ou aquele no qual foram educadas. Em 1966, os pais iriam oferecer ao controvertido médico a possibilidade de testar sobre seus próprios filhos a teoria de gênero. O casal Reimer eram pais de gêmeos de oito meses. Eles desejavam circuncidá-los, porém a operação não foi bem sucedida em um dos dois bebês, Bruce, cujo pênis foi queimado após a uma cauterização elétrica. Seu irmão, Brian, por sua vez, saiu ileso da operação.

Para John Money, era a ocasião de mostrar com base em um modelo vivo que o sexo biológico não era mais que um erro. Ele propôs então aos pais desamparados que educassem o filho como uma menina, sem jamais revelarem a ele seu sexo de nascença. Bruce, que desde então passou a se chamar Brenda, recebeu a princípio um tratamento hormonal, pois se queria retirar seus testículos depois de quatorze meses. Doravante uma menina, “Bruce-Brenda” usava saias e brincava com bonecas. Durante sua infância, os gêmeos Brian e Brenda seguiram um desenvolvimento harmonioso, fazendo da experiência de sexologia uma vitória. Ao menos foi o que John Money - que mantinha guarda sobre sua evolução -, examinando-os uma vez por ano, acreditava. Ele publicou então numerosos artigos sobre o assunto, mais um livro, em 1972, Homem-mulher, garoto-garota, no qual afirmava que é a educação e não o sexo de nascença que determina se alguém é homem ou mulher.

Mas se Brenda viveu uma infância sem choques, as coisas se complicaram na adolescência. Sua voz se tornou mais grave e ela se sentiu atraída por garotas. Pouco a pouco, ela rejeitava seu tratamento, substituindo-o por outro, com testosterona. No fundo, ela se sentia mais um garoto que uma moça. Desamparado, o casal Reimer contou a verdade a seus filhos. Desde então, Brenda se tornou um homem, David, no qual foi criado cirurgicamente um pênis e foram retirados os seios. Ele se casou com uma mulher, com a idade de 24 anos.

Mas essa experiência identitária fora dos padrões deixou desgastes irreparáveis sobre os gêmeos. Brian se suicidou em 2002, David em maio de 2004.