quarta-feira, março 26, 2014

Uma droga de causa

Quebram tudo pelo direito de se drogar
Enquanto algumas pessoas, desiludidas com estes governantes que estão aí (e quem não está?) ficam se manifestando nas redes sociais em favor dos governos militares, querendo trocar o monstro “democrático” pelo monstro da ditadura, estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina quebram carros e invadem a reitoria (leia mais aqui). Por quê? Para lutar por melhorias na educação? Para protestar contra o preço das refeições no restaurante do campus? Para reivindicar mais bolsas para pesquisa? Nada disso. Protestaram porque a Polícia Federal “invadiu” o campus e prendeu alunos por porte de drogas. Pelo visto, em vinte anos, nada mudou por lá (e em outras federais). Sei disso porque estudei na UFSC e no meu tempo a “maresia” também era forte. Muitos Centros Acadêmicos eram verdadeiros “fumódromos”. Colegas consumiam drogas na maior cara de pau e se jactavam de que a polícia local nada podia fazer, porque a universidade é uma área federal. O tempo que deveriam devotar aos estudos para se tornarem profissionais úteis à sociedade era desperdiçado na ilegalidade do consumo de entorpecentes. E pior: incentivando o tráfico e toda a sua cadeia destruidora de vidas. Depois de formados, esses jornalistas “noias” vão escrever sobre a prisão do traficante que eles ajudaram a financiar. Médicos maconheiros vão tratar de pessoas degradadas pelo vício ou de inocentes atingidos por balas perdidas disparadas em alguma guerra de traficantes. Advogados “cheiradores” terão que lidar com a triste e desesperadora situação de um sistema prisional que não sabe o que fazer com tanta gente envolvida no “negócio” das drogas. E por aí vai.

A polícia cometeu excessos, é verdade. Foi desnecessariamente truculenta, tendo usado balas de borracha, gás lacrimogênio e spray de pimenta - e parece que foi ela quem começou com as agressões; sem contar que provavelmente houve motivações políticas por trás de todo o incidente. Mas e os excessos desses estudantes baderneiros que lutam por uma droga de causa; por liberdade para se drogar sem que alguém os importune? Que destroem patrimônio público financiado com dinheiro de quem não tem nada a ver com seus vícios. Estudantes que deveriam ser mais inteligentes e responsáveis por saber que seu “prazer” financia a morte de um monte de gente.

Enquanto o mercado de trabalho for inundado com pessoas com esse tipo de mentalidade inconsequente, o que podemos esperar deste país? Do outro lado, infelizmente, vai ter gente pensando: “Melhor era no tempo dos militares, em que os maconheiros ‘tomavam pau’ e iam direto pra cadeia.” Não nos esqueçamos de que a liberdade irresponsável pode levar à perda dela.

Michelson Borges