segunda-feira, junho 23, 2014

Descoberta relacionada ao Big Bang é revista

Menos, pessoal, menos!
Lembra de quando uma equipe de Harvard encontrou a primeira evidência direta de inflação cósmica logo após o Big Bang? Bem, agora o estudo foi publicado – e a equipe está recuando em suas alegações originais. Em março, a equipe anunciou que havia usado dados do telescópio BICEP2 e observou a polarização primordial modo-B na radiação cósmica de fundo pela primeira vez. Eles diziam que essa era a primeira evidência direta da inflação cósmica logo após o Big Bang – em outras palavras, de que o Big Bang de fato foi o início de tudo. Agora, a pesquisa deles foi revisada e publicada no jornal Physical Review Letters. Nele, os cientistas são um pouco mais tímidos em relação à descoberta. Isso talvez não seja tão surpreendente. Assim que as descobertas foram anunciadas, outros físicos questionaram os resultados. Eles diziam que o método de calibração usado pela equipe no BICEP 2 – que conta com uma imagem instantânea da radiação cósmica de fundo adquirida pelo satélite Planck – subestima os efeitos da poeira cósmica como um fator que contribui para as medições de polarização.

No novo artigo publicado, a parte da calibração é omitida, o que faz com que os resultados sejam menos convincentes. “Não temos um bom controle sobre qual é o tamanho desse sinal de poeira”, explicou o pesquisador Colin Bischoff da Universidade de Harvard à New Scientist. “Ainda defendemos que nossos dados favorecem uma origem cosmológica do sinal através de uma origem de poeira, mas não é mais tão forte.”

De fato, artigos recentemente publicados sugerem que os dados do Planck que estão sendo usados subestimam a contribuição da poeira ainda mais do que cientistas céticos temiam. Os pesquisadores de Harvard escreveram em uma nota de rodapé que “enquanto esses artigos não oferecem informação definitiva no nível da contaminação da poeira no nosso campo, eles sugerem que ela deve ser maior do que todos os modelos considerados”.

O que isso tudo significa? Bem, a descoberta não é tão importante como imaginávamos; mesmo que as observações possam indicar que a inflação cósmica ocorreu logo após o Big Bang, nossa confiança nos dados é muito menor. Por fim, se outras equipes conseguirem reproduzir os resultados será ótimo – mas, até lá, não temos uma prova definitiva de que o Big Bang realmente foi o começo de tudo. Mas não vamos nos desesperar; afinal, é assim que a ciência avança.

(Gizmodo)

Nota: O interessante é que a teoria da macroevolução também é colocada em cheque por evidências contraditórias, mas quem tem coragem (ou honestidade intelectual) para admitir isso? Na astronomia (ciência menos relacionada e comprometida com a religião naturalista), parece que é mais fácil admitir falhas e ser menos ufanista. [MB]

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