![]() |
Questão de estereótipos? |
Não
é normal sentir repugnância de um ser humano só porque ele vive no pecado.
Muito menos expressar essa repugnância com orgulho. A
repugnância física pelas práticas
sexuais que nos desagradam é inteiramente natural. A censura moral a comportamentos pecaminosos
também. O que não tem sentido é mesclar as duas coisas, expressando a segunda,
que é racional, na linguagem da primeira, que é animal. Nisso consiste a
verdadeira “homofobia”, que, nesse sentido, é tão pecaminosa quanto aquilo que
condena.
Lembro-me
dos homossexuais machões que, uns anos atrás, protestavam contra a invasão de
travecos na sua querida sauna gay. Um dos indignados dizia: “A gente vem aqui
procurar homem e aparecem essas bonecas com esses peitões. Me dá nojo.” Dava a uma repugnância animal o valor de um protesto
moral.
O
inventor da “política de gênero” não quis destruir a família ou a moral cristã.
Quis destruir o senso imediato das formas, que é a capacidade intuitiva mais
básica e mais necessária à sobrevivência da espécie humana. O cristianismo tem
muitos inimigos, mas a humanidade como um todo tem um só: o diabo.
As
identidades de “macho” e “fêmea” dependem apenas da forma do corpo, que é
constante e, no essencial, imutável. “Identidade gay”, “identidade trans” e
similares baseiam-se na orientação do desejo, que é intermitente e mutável, e
portanto não são identidades de maneira alguma. Daí a necessidade de
reiterá-las obsessivamente: precisamente porque não existem e têm de ser a todo
momento reconvocadas à existência por meio da autopersuasão.
Se
entre os corpos do macho e da fêmea não houvesse diferenças objetivas, visíveis
com os olhos da cara e fisicamente irredutíveis, a simples ideia de “gênero”
não poderia existir. O gênero baseia-se no sexo, e não ao inverso. Tanto os
estereótipos de gênero quanto a possibilidade mesma da sua negação ocasional
nascem daí. Se os meninos não fossem educados como meninos e as meninas como
meninas, como haveria o infeliz intersexuado de “escolher” entre dois modelos
inexistentes? A “política de gênero” baseia-se na negação da sua própria
possibilidade, e deve ser considerada, por isso, uma forma extrema de estupidez
criminosa.
Mais
claramente ainda: a possibilidade de uma “política de gênero” depende da
existência dos estereótipos e desaparece junto com eles.
(Olavo de Carvalho;
colaboração: Marco Dourado)