quarta-feira, setembro 17, 2014

Surto de Ebola está fora de controle

OMS pede pede ajuda
O número de novos casos de ebola na África Ocidental está crescendo mais rápido do que as autoridades podem gerenciar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade renovou seu apelo para os profissionais de saúde de todo o mundo irem para a região ajudar. À medida que o número de mortos subiu para mais de 2.400 pessoas entre 4.784 casos, a diretora geral da OMS, Margaret Chan, disse em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, que a vasta natureza do surto – principalmente nos três países mais atingidos, Guiné, Libéria e Serra Leoa – exige uma resposta de emergência maciça. Sarah Crowe, porta-voz da UNICEF, afirma que a agência estava usando formas inovadoras para combater a epidemia, incluindo dizer às pessoas para “usar qualquer coisa que eles tenham, como sacos plásticos, para cobrir-se se eles têm de lidar com pessoas doentes de sua família”.

“Os centros de tratamento de ebola estão cheios, há apenas três no país. Famílias precisam ajudar a encontrar novas formas de lidar com isso e com seus entes queridos e dar-lhes cuidados, sem se expor a essa infecção”, disse ela a partir de Monrovia, capital da Libéria. “É muito surreal e em todos os lugares há um sentimento desse vírus afetando todo o país. Não temos parceiros suficientes. Muitos liberianos dizem que se sentem abandonados.”

Os sobreviventes da doença, que são imunes à reinfecção, estavam sendo usados ​​para cuidar de milhares de filhos de pessoas com suspeita de ebola. Cerca de 2.000 crianças perderam um ou ambos os pais somente na Libéria, segundo Crowe.

A chave para vencer a doença, de acordo com Margaret Chan, é o poder popular. Promessas de equipamentos e dinheiro estão chegando, mas de 500 a 600 especialistas estrangeiros e pelo menos 1.000 trabalhadores de saúde locais são necessários.

“O número de novos pacientes está crescendo mais rápido do que a capacidade de gerenciá-los. Temos que aumentar nosso pessoal pelo menos três a quatro vezes para lidar com isso”, alerta ela. [...]

Chan disse que o número real de mortos é provavelmente muito maior do que a última estimativa, de 2.400 pessoas. “Estamos muito conscientes do fato de que qualquer número de casos e óbitos que estamos relatando é subestimado”, admite.

A taxa de infecção por ebola e as mortes têm sido particularmente elevadas entre os trabalhadores de saúde, que estão expostos a centenas de pacientes altamente infecciosos que podem transmitir o vírus através de fluidos corporais como sangue e excremento. Quase a metade dos 301 profissionais de saúde que desenvolveram a doença morreu.

O apelo por mais profissionais faz coro com os pedidos dos principais especialistas em ebola, incluindo Peter Piot, um dos cientistas que primeiro identificou o vírus em 1976. Em artigo na revista científica online Eurosurveillance com seu colega Adam Kucharski, Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, disse que era difícil de controlar um surto de crescimento exponencial no número de casos.

“Atualmente, centenas de novos casos da doença são relatados a cada semana. Com o número de infecções aumentando exponencialmente, elas poderão em breve ser milhares”, disseram os autores, acrescentando que o número de casos pode dobrar a cada quinzena. “O medo e a desconfiança das autoridades de saúde têm contribuído para este problema, mas cada vez mais também é porque os centros de isolamento estão atingindo suas capacidades. Bem como a criação potencial de transmissão, um grande número de casos não tratados – e, portanto, não documentados – tornam difícil medir a verdadeira propagação da infecção e, portanto, o planejamento e a alocação de recursos”, elucida o artigo.

A agência de saúde da ONU já havia alertado que poderia haver cerca de 20.000 casos na região antes de o surto estar sob controle. [...] O Fundo Monetário Internacional afirmou que o crescimento econômico na Libéria e em Serra Leoa pode cair em até 3,5 pontos percentuais devido ao surto, pois a mineração, a agricultura e os serviços paralisaram.