segunda-feira, outubro 13, 2014

A arte mais antiga do mundo é bem "moderna"

Nada de primitivo
Pinturas à mão encontradas em uma caverna da Indonésia remontam pelo menos 39.900 anos atrás [segundo a cronologia evolucionista]. Os desenhos são algumas das mais antigas imagens do tipo encontradas na história e sua localização pode mudar a forma como enxergamos a origem desse tipo de arte. Por muito tempo, considerou-se que os primeiro artistas rupestres haviam surgido na Europa pré-histórica em torno desse mesmo período de tempo, mas essa nova descoberta, feita na ilha de Sulawesi, amplia geograficamente essa visão. As descobertas de sítios rupestres em Sulawesi levantam a possibilidade de essa arte ser anterior ao êxodo dos humanos modernos da África há 60 mil anos ou mais [idem]. “Eu prevejo que exemplos ainda mais antigos de arte rupestre serão descobertos em Sulawesi, na Ásia continental e, finalmente, em nossa terra natal africana”, diz o especialista em origens humanas Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, que não fez parte do estudo.

Desde os anos 1950, os estudiosos têm relatado centenas de estêncis de mãos e imagens de animais em cavernas em Sulawesi, que foram assumidas como pré-históricas, mas consideradas “jovens”, com não mais do que 12 mil anos de idade [idem].

Um disco vermelho pintado na caverna El Castillo, na Espanha, tem, pelo menos, 40.800 anos de idade [idem], segundo o mesmo método de datação, sendo a mais antiga arte rupestre conhecida. Lá há também um estêncil de uma mão com 37.300 anos de idade [idem]. As pinturas rupestres em Sulawesi rivalizam com esses achados. Os 39.900 anos de idade estipulados são apenas a idade mínima dos minerais que revestem a imagem, ou seja, a arte pode ser milhares de anos mais velha.

 “Nós mostramos aqui que nossos pontos de vista têm sido muito eurocêntricos sobre as origens da pintura rupestre”, diz o arqueólogo Alistair Pike, da Universidade de Southampton, no Reino Unido. “Isso muda nossos pontos de vista, e nos faz questionar as causas e não as origens da arte das cavernas.”

Como os primeiros locais das pinturas foram encontrados na Europa, a partir do século 19, a visão era de que as pessoas modernas deviam ter chegado lá da África e protagonizaram uma mudança cultural, pois competiam com os neandertais pela comida e pelas cavernas. Em vez disso, a pintura rupestre recém-descoberta sugere que a arte pode ter sido universal entre os primeiros homens modernos, incluindo aqueles que deixaram a África e viajaram por todo o sul da Arábia para a Indonésia e Austrália nos últimos 50 mil anos [idem].

A arte rupestre pode ter deixado a África com os humanos modernos ou possivelmente brotou independentemente entre os diferentes grupos. Os primeiros exemplos de outros tipos de arte são ainda mais antigos, como conchas perfuradas decorativas e pigmentos que datam de mais de 75.000 anos atrás [idem].

A arte pode ter servido como uma espécie de “cola social”. Os seres humanos modernos migraram para fora da África e enfrentaram novos habitats, predadores, e a competição pode ter tornado necessário viajar em grupos maiores, estimulando a necessidade da arte como parte do tecido cultural. A pintura rupestre seria uma maneira de exibir rituais e símbolos.


Nota: O que chama a atenção e é pouco destacado nesse tipo de estudo é o fato de que a arte “primitiva” é mais elaborada do que muita coisa que veio depois dela. Certas pinturas rupestres são, por exemplo, bem mais complexas que as pinturas dos celebrados egípcios antigos – e bem mais elaborada do que muita coisa que se faz hoje também! Além disso, pense na sofisticação dos pigmentos usados por esses humanos supostamente primitivos. As pinturas estão lá até hoje! Finalmente, o fato de a arte ter sido um elemento universal desde os “primórdios da civilização” mostra que todos os seres humanos eram dotados de gosto estético e apreciação pela arte. Ah, sim, o último parágrafo da matéria acima é pura especulação. A verdade é que o ser humano foi criado com senso artístico (um verdadeiro “desperdício”, do ponto de vista evolutivo), o que reflete, também, uma característica do seu Criador. [MB]