domingo, janeiro 18, 2015

O brasileiro fuzilado e uma lição para a vida

Uma vida que acabou em cinzas
Ontem foi um dia triste para a família e os amigos de Marco Archer, o brasileiro condenado à morte pela justiça da Indonésia. Archer foi preso no país em 2004 tentando levar 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga foi descoberta pelo raio x, no Aeroporto Internacional de Jacarta. Archer conseguiu fugir do aeroporto, mas duas semanas depois acabou preso novamente. A Indonésia pune o tráfico de drogas com pena de morte, e certamente o brasileiro sabia disso. Teria ele contado com o velho “jeitinho brasileiro”? Achava que poderia burlar a vigilância, como fazem tantos traficantes e malfeitores aqui no Brasil? Por que, mesmo sabendo do risco que corria, ele decidiu levar consigo a carga mortal?

Não quero entrar na discussão a respeito da desproporcionalidade da pena ou se o sistema de justiça indonésio é justo ou não. Não concordo com a pena de morte, pois creio que um ser humano não tem o direito moral de tirar a vida de outro ser humano. Mas também abomino os traficantes que não pensam nas vidas destruídas pelo “negócio” que eles ajudam a alimentar. De certa forma, os traficantes sentenciam à morte milhares de pessoas todos os dias. Uma morte lenta e desgraçada, muito pior do que a morte instantânea causada por um tiro na cabeça.

Archer chegou ao fim da linha por desafiar as leis de um país (veja nesta entrevista como ele fez isso de modo bem consciente). Mas incontáveis pessoas arriscam a vida todos os dias, ao desafiar as leis de Deus, as leis da existência. Acreditam que passarão incólumes por aqui, desprezando os preceitos estabelecidos justamente para a proteção delas. O pecado é como um pacote de cocaína: põe em risco aquele que o transporta e destrói aquele que o recebe. No fim das contas, todos os que se envolvem com ele acabam prejudicados. E, finalmente, aqueles que se apegarem ao pecado serão destruídos com ele. O maior perigo está em justamente nos acostumar a ele e achar que o “jeitinho brasileiro” sempre resolve. Que podemos brincar com o pecado como quem brinca com fogo pensando que não vai se queimar.

Quatro horas após o fuzilamento, o corpo de Marco Archer foi cremado. Só restam cinzas dele agora. Nem o apelo da presidente Dilma fez com que a sentença fosse mudada. Cinzas... É nisso que se resume uma vida dominada pelo mal. E é exatamente esse o fim de uma vida desconectada da Fonte.

Ontem foi um dia triste para a humanidade. Mais um de nós acabou em cinzas.

Michelson Borges