segunda-feira, fevereiro 09, 2015

O dedo mutilado de Deus

Fidelidade x rebeldia
Repassei seus comentários sobre a lição dominical dos assembleianos (confira aqui) para várias pessoas, com o título acima. Vou tentar explicar por que, afirmando que o pecado é separador e opositor por excelência. As coisas, quando envolvidas pelo mal, tornam-se antitéticas e se dividem. Apenas o bem une, integra; portanto, quando vemos categorias contrapostas, podemos perceber um princípio separador subjacente atuando. Que podemos dizer, então, de uma teologia que opõe graça à lei, corpo à alma, Antigo Testamento a Novo Testamento, nova aliança à velha aliança, sábado institucional a sábado legal, etc.? Sempre foi papel de Satanás desintegrar o que Deus integrou, a fim de obstruir nossa compreensão de Deus e de Sua verdade. Essa obstrução é ainda mais sutil quando reconhecemos que existem, de fato, opostos verdadeiros (como mal x bem, por exemplo). Eis aí a questão.

Se existem opostos verdadeiros e opostos falsos, em qual deles poderíamos colocar a oposição sábado x domingo? É um oposto verdadeiro, visto que sabemos existir um falso dia de culto que se contrapõe ao verdadeiro dia; mas a má teologia, além de criar um oposto verdadeiro, também criou vários opostos falsos. Como enfrentar o desafio provocado por essas dicotomias? Desenvolvendo uma mente crítica e, acima de tudo, submissa ao controle do Espírito Santo.

É de se notar, por conseguinte, que na controvérsia entre criacionistas e evolucionistas (outro par de opostos verdadeiros), percebemos a mesma falta de boa vontade em se render às evidências. O problema, talvez, não seja tanto uma questão de se render às evidências, mas de se render Àquele que tem a soberania absoluta sobre todas as coisas. E, assim, chegamos ao último par de opostos deste texto que deslinda toda a questão: autoridade divina x autonomia humana.

Se não há uma justificativa ética para se observar o sábado, há a maior de todas as justificativas: o soberano Deus foi quem criou todas as coisas e possui jurisdição sobre todas elas. O mundo deliberadamente deu as costas a Deus e tratou de construir uma teologia que lhe justifique. A rejeição do sábado implica diretamente a rejeição da autoridade absoluta de Deus sobre todas as coisas. É por isso que há uma grande distinção entre fé e crença. A primeira é relacional, enquanto que a segunda envolve apenas assentimento intelectual.

Aqueles que creem que Deus existe podem até também crer em Sua Palavra, mas, na verdade, não têm fé nEle, pois a fé envolve um relacionamento de obediência fundamentada no amor. Enquanto a fé é dinâmica, a crença é passiva e passividade não vai levar ninguém para o Céu.

Existem, evidentemente, muitos outros opostos e poderíamos falar deles indefinidamente. Finalizo dizendo que faríamos bem em atentar para o fato de que a boa teologia é essencialmente integrativa e é a ela que devemos nos volver para nos ajudar na nossa jornada por este mundo escuro.

(Cláudia Rezende Morales é servidora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região no Rio de Janeiro)