quarta-feira, março 04, 2015

Superjacaré brasileiro era mais forte que tiranossauro

Comia 15 vezes mais que um jacaré
Purussaurus brasiliensis está extinto há oito milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista], mas ainda pode causar um certo frisson na comunidade científica. O antepassado do jacaré, que viveu na região da Amazônia no período mioceno, foi descoberto em 1892, pelo cientista e aventureiro brasileiro Barbosa Rodrigues. Mas um estudo publicado na semana passada tirou o réptil de décadas de esquecimento: uma equipe de pesquisadores brasileiros pela primeira vez fez estimativas detalhadas de suas dimensões e de sua fisiologia. A principal revelação foi a de que a mordida do Purussaurus era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o mais notório dos dinossauros. Mas essa não foi a única curiosidade, como a lista abaixo mostra.

Segundo Aline Ghilardi, paleontóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Purussaurus precisava de uma imensa quantidade de comida para sustentar o corpanzil que podia passar dos 12 metros de comprimento. Ela e seus colegas calcularam que o jacaré pré-histórico precisava comer uma média de 40 kg de carne diariamente para sobreviver. Isso é pelo menos 15 vezes mais do que um jacaré contemporâneo come.

“O mioceno foi uma era marcada por grandes mamíferos na região da Amazônia. Havia preguiças de cinco metros, por exemplo. Isso era perfeito para o Purussarus”, conta Ghilardi.

O Purussaurus viveu há oito milhões de anos, mais de 50 milhões depois da extinção do tiranossauro [idem]. Mas Ghilardi não tem dúvidas sobre quem levaria a melhor caso os dois animais se encontrassem pelo caminho. “O tiranossauro não teria vez numa luta. Para começar, o Purussaurus vivia numa região de pântanos, o que lhe dava mais vantagem territorial. E sempre vale lembrar que um antepassado do jacaré era predador do tiranossauro”, conta Ghilardi.

Uma lista dos animais de mordida mais poderosa tem detalhes impressionantes. Segundo a equipe de pesquisadores, a força da mordida média do jacaré pré-histórico brasileiro era de sete toneladas, com força mínima de 41 mil e máxima de mais de 115 mil. O tiranossauro, por exemplo, não passava de 57 mil.

A pesquisa brasileira foi possível por causa da descoberta de um crânio no Acre pelos paleontologistas Edson Guilherme e Jonas Souza Filho.

Não é por mera coincidência que o “ranking da mordida” tem seis animais da família dos jacarés e crocodilos entre os dez mais fortes. “O Purussaurus tinha uma anatomia bem adequada para uma mordida violenta e sustentável”, diz Ghilardi. E essa eficiência se manteve ao longo de milhões de anos [idem]. “Basta vermos as semelhanças entre os antepassados e os jacarés e crocodilos de hoje”, observa. [Ou seja, o que basicamente mudou foi o tamanho do bicho, tendo-se mantido as demais características, exatamente como prevê o modelo criacionista. – MB]

Análises de outros pesquisadores em fósseis do Purussaurus revelaram que ele já era capaz de fazer os temidos “rolamentos” na água com que jacarés e crocodilos de hoje matam e desmembram suas presas.

Na Amazônia miocênica, o Purussaurus era o rei da selva – ou melhor, do pântano. Mas um fenômeno geológico seria fatal para o jacaré pré-histórico: o surgimento da Cordilheira dos Andes, que teve um impacto profundo no meio-ambiente do continente inteiro, e ainda mais dramático na região amazônica. As mudanças extinguiram diversas espécies e tornaram a vida do Purussaurus brasiliensis extremante complicada.

“A constante subida dos Andes e a mudança do sistema amazônico de pântanos para os sistemas de rios que temos hoje reduziu muito a área para esses animais gigantes viverem. Ao reduzir também o número de presas, causou rapidamente a extinção dos superjacarés amazônicos. É uma lição para nós de que nem sempre é necessário um meteoro para causar a extinção de um grupo bem-sucedido de espécies”, afirma Tito Aureliano, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos autores do estudo. [De fato, a teoria do meteoro não é a única explicação para a extinção de muitas espécies e espécimes, seguida de soterramento e fossilização em massa.]