sexta-feira, junho 12, 2015

A História da Vida: o autor seguiu as evidências

“Não seja um incrédulo (que decidiu não crer), mas um bom cético (que duvida para crer)” (p. 217).

A História da Vida era o último título do jornalista Michelson Borges (Por que CreioA Descoberta) pendente em minha lista (pelo menos dos livros apologéticos dele). Dez anos após seu lançamento, a obra passou por uma revisão, a fim de contemplar atualizações importantes. A impressão que adquiri é de 2011. Borges é criacionista. Mas já foi evolucionista, e dos fiéis. De fato, ao atentarmos para sua história de vida, brevemente contada na introdução “Começo de conversa” e em alguns comentários ao longo do livro, sua história não seria muito diferente da de qualquer profissional devidamente “doutrinado” pelo suposto sistema educacional “filosoficamente neutro” de nosso país, no qual em aulas de biologia, química, física e etc. confundem-se filosofia e ciência (apesar de serem áreas necessariamente complementares). Ambas propõem (ou deveriam apenas propor) respostas a perguntas que começam com pronomes relativos bem diferentes. A diferença, porém, é que Borges decidiu seguir as evidências.

A beleza de obras como essa é a contribuição quase que universal das várias áreas de conhecimento e, por consequência, das mais diversas profissões. A ciência criminalística exige que geologia, biologia, física, matemática, engenharia, arqueologia e tantas outras dialoguem para que a rede de evidências seja o mais perfeitamente costurada para responder a perguntas que o método científico por si só jamais poderia responder (“Como” algo acontece é diferente de “O que” fez algo acontecer). Por essa razão, e em função da formação acadêmica de Borges, o texto tem um caráter jornalístico-investigativo muito interessante, no qual o autor se vale de pesquisas de uma vida para apresentar (e defender) a cosmovisão criacionista. De fato, numa conta rápida, notei que são ao todo 464 notas de rodapé (numa média de 69 por capítulo), ao longo de dez curtos capítulos, em apenas 224 páginas. Aquele que tem coragem de dizer que “não há cientistas ou fontes científicas que apoiem a cosmovisão criacionista” é, no mínimo, desinformado.

Tal “desinformação” fica evidente quando Borges apresenta uma entrevista que fez com o Dr. Marcos Eberlin. O Dr. Eberlin faz esta afirmação categórica, na página 43:
“Mas a evolução foi contada com tanto entusiasmo por mais de 150 anos, foi pregada com tanto fervor, foi catequizada com tanta veemência, está estampada e detalhada em tantos livros científicos com tanta pompa, deu tantos prêmios a tantos, serviu de alívio a tantos que tentam escapar da iminência de um encontro face a face com Deus, foi apregoada por céus e mares como cientificamente provada em todos os seus aspectos, foi apresentada como a verdade mais cristalina frente à ignorância dos religiosos, foi adotada como o evangelho-mor dos naturalistas, está permeada em tantos conceitos e projetos científicos, que seria uma catástrofe sem precedência na história da ciência admitir sua falha, sua total inconsistência frente à química e à bioquímica modernas.”

O grande problema é que não são só a química e bioquímica modernas que vão contra a teoria neodarwiniana. A geologia, outra área muito bem explorada na obra, apresenta sérias evidências do contrário: projeto, evidências apenas de microevolução e contribuições significativas para a compreensão literal do texto bíblico como, por exemplo, sobre a catástrofe natural que mudou toda a estrutura geológica da Terra: o dilúvio.

Outro ponto alto que destaco são as pisadas de bola e contradições das quais muitas revistas e jornais científicos tiveram que se retratar após supostos “fatos” da evolução terem sido, definitivamente, refutados (pela própria ciência...). NatureScientific AmericanGalileu... nenhuma passou no crivo. O fato de ter um jornalista “chato” (no bom sentido) para catalogar e arquivar todo o proselitismo ufanismo evolucionista da mídia, como em descobertas de fósseis de “humanos-mas-que-não-são-de-humanos”, por exemplo, mostra que, no fim das contas, há algo além de ciência em jogo. Afinal de contas, aceitar uma causa para a vida é aceitar um Causador... e muito mais.

“As revistas de divulgação científica populares, via de regra, apenas estimulam a polaridade entre os dois modelos (criacionismo e evolucionismo). Passam a ideia de que o criacionismo se trata de um antievolucionismo religioso, e ignoram pesquisas feitas por institutos científicos respeitáveis, como o Geoscience Research Institute (www.grisda.org), por exemplo, e de pesquisadores e cientistas em muitas Universidades, tanto no Brasil quanto no exterior. [...] Com toda essa propaganda negativa, não é de se estranhar que muita gente alimente preconceito contra os criacionistas, muito embora nem sequer conheça o criacionismo.”

E não para por aí. Além dos capítulos que apresentam argumentos contra a teoria da evolução conforme as evidências da ciência, há um capítulo interessantíssimo sobre os métodos de datação (radiocarbono, radiohalos) e outro sobre a história de pais da ciência moderna (que acaba com essa ladainha de que não pode haver cientista criacionista). Aliás, isso é pura dissonância cognitiva (tópico excelente!).

Para concluir, faltava toda a contribuição da ciência, sobretudo da Arqueologia, para apoiar a veracidade e historicidade da Bíblia, a revelação especial. É de cair o queixo tamanha quantidade de evidências que a Arqueologia têm apresentado, apesar de ser uma disciplina recente. Citação interessante, que resume o apresentado no capítulo 9:

“Se Adão é realmente o ‘pai’ de todos os povos, deveríamos encontrar referência a isso em diversas culturas. O fato é que essa referência foi encontrada numa quantidade maior que o necessário para validar o texto bíblico.”

Como se pode ver no vídeo abaixo, o autor apresenta sua obra como introdutória e, de fato, dá ao leitor todas as referências necessárias para enriquecer seu estudo. Porém, algo deve ser dito: a leitura de livros como A História da Vida, ainda que o autor julgue como introdutória, deverá (ou deveria) ter implicações sérias ao leitor honesto. Tal como um tesouro que é descoberto, toda a discussão acerca das origens e suas implicações filosóficas deve ser vista em sua real perspectiva, fora da esfera apenas científica. Antes, trata-se de uma leitura investigativa e que, por consequência, levará o leitor a considerar qual modelo apresenta as conclusões mais razoáveis, ainda que parcelas de dúvida fiquem no ar.

Porém, ao que consta, o saldo do criacionismo é o único positivo.

(Jônatas Duarte Lima, Engenharia Filosófica)

Ficha Técnica:
A História da Vida
Michelson Borges
Editora: CPB