segunda-feira, agosto 10, 2015

A balela, digo, história evolutiva dos seios

História da carochinha pré-histórica
A revista Veja da semana passada publicou a reportagem “Adeus aos grandes, é a vez dos pequenos!”, sobre um novo padrão estético que predomina nas clínicas de cirurgia plástica: o uso de próteses de silicone em tamanho menor. A matéria segue por aí, mencionando, inclusive, atrizes que retiraram próteses grandes e as substituíram por pequenas. Mas o que chamou minha atenção não foi o assunto da reportagem, em si. Foi seu último parágrafo: “A maioria dos mamíferos só desenvolvem seios durante o aleitamento dos filhotes. Os humanos são a exceção, com peitos salientes desde a adolescência. Uma das explicações mais aceitas para essa fascinante particularidade é o fato de os seios servirem de atrativo sexual. Na pré-história, antes da descoberta do fogo, o homem muitas vezes dependia do tato para escolher uma parceira dentro das cavernas escuras. Os seios, portanto, seriam primordiais. Eles ainda o são e sempre serão – com ou sem silicone. E independentemente do tamanho.

Tem horas, quando leio certas coisas, que tenho vontade de me beliscar para ver se estou acordado. Em primeiro lugar, esse parágrafo final é totalmente dispensável e serve apenas para reforçar a doutrinação evolucionista. Está fora de contexto. Imagine se o repórter terminasse assim sua matéria: “A maioria dos mamíferos só desenvolvem seios durante o aleitamento dos filhotes. Os humanos são a exceção, com peitos salientes desde a adolescência. Uma das explicações mais aceitas para essa fascinante particularidade é o fato de os seios servirem de atrativo sexual. Deus não criou o homem e a mulher apenas para procriar. Ele os criou para se unir numa relação de amor. E criou o sexo também para dar prazer aos cônjuges. Criou o homem para considerar a mulher esteticamente atraente e a mulher para considerar o homem esteticamente atraente. E é exatamente isso o que ocorre.”

Outra peculiaridade humana é a inexistência do cio, o que evidencia uma vez mais que o sexo, nos humanos, não foi feito simplesmente para procriação, sendo uma resposta a instintos previamente programados. Em nós, o sexo é algo muito mais complexo. Mais belo.

O autor do artigo da semanal afirma que,“na pré-história, antes da descoberta do fogo, o homem muitas vezes dependia do tato para escolher uma parceira dentro das cavernas escuras. Os seios, portanto, seriam primordiais.” Não sabemos muita coisa sobre como os seres humanos funcionam hoje em dia, mas alguns se atrevem, com base apenas em especulação, a afirmar coisas sobre comportamentos ancestrais. E a ficção é aceita sem questionamento.

Não seria mais fácil esse “homem das cavernas” apalpar entre as pernas do candidato ao acasalamento? Caso não fosse mulher, bastaria grunhir um “ops!”, e partir para o outro (ou outra).

Histórias da carochinha pré-histórica sempre terão espaço nas revistas seculares. A versão criacionista jamais, porque é “mito”.

Michelson Borges

Leia também: “A origem do sexo”, e aproveite para ler também sobre a maravilha de design inteligente que é o leite materno (clique aqui, aqui, aqui, aqui e aqui)