terça-feira, agosto 25, 2015

É possível prolongar a vida com qualidade?

Dicas milenares que funcionam
A ciência já comprovou: adventistas que adotam um estilo de vida saudável – incluindo o vegetarianismo, o descanso sabático, a abstenção de drogas lícitas e ilícitas e a prática de atividades físicas – vivem até dez anos a mais do que as pessoas não vegetarianas.[1-5] Mas como isso é possível? Esses dados me fizeram pensar se há a possibilidade de decidirmos se vamos viver mais ou se morreremos mais cedo. A escolha realmente estaria em nossas mãos? Ou haveria uma predestinação quanto ao dia em que iremos morrer? É certo que Deus é onisciente e conhece tanto o dia de nosso nascimento quanto o dia de nossa morte, e até mesmo “os fios de cabelo [da nossa cabeça] estão contados” (Lc 12:7). Devido a isso, parece haver certo consenso entre muitos cristãos de que exista um [suposto] dia já traçado para a nossa morte. Mas o que a Bíblia diz a respeito disso? Existem indícios da possibilidade de vivermos mais, caso queiramos? Numa breve investigação, encontrei algumas respostas.

Podemos encontrar no capítulo 5 do livro de Gênesis que, antes do dilúvio, o ser humano vivia centenas de anos (Adão, por exemplo, viveu 930 anos). Após o dilúvio, possivelmente devido a um conjunto de fatores, tais como o pecado e a passagem da alimentação natural para o consumo temporário (emergencial) de carne, devido à escassez de vegetação pós-diluviana (Gn 9:3), a duração da vida humana encolheu drasticamente (compare Gênesis 5 com Gênesis 11:24, 25) e, eventualmente, chegou até cerca de 70 anos de idade, como no caso do rei Davi (2Sm 5:4, 5; Sl 90:10).

É preciso deixar claro que essas passagens não são limites ordenados por Deus à idade máxima da humanidade (pois vemos alguns personagens bíblicos vivendo além dessas idades). Atualmente, avanços na ciência, nos tratamentos de saúde e em outros campos que se utilizam de técnicas modernas, têm auxiliado o ser humano a viver mais. Mesmo assim, pouquíssimas pessoas vivem mais de 120 anos.

Um olhar atento de volta ao passado, mais especificamente para os seres humanos que viveram antes do dilúvio, evidencia o enorme potencial que os homens e as mulheres tinham para a longevidade. O propósito de Cristo para o ser humano é o de que ele tenha “vida e vida com abundância” (Jo 10:10), e esse propósito nunca mudou. Em Êxodo 20:12, é possível ver uma dica valiosa para que vivamos por mais tempo, ainda nesta vida terrena: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.”

Além disso, há outras dicas relatadas na Bíblia relacionadas a um estilo de vida saudável (dieta vegetariana) para o ser humano – assim como estabelecido por Deus na semana da criação – relatadas em Gênesis 1:29. Outro exemplo é encontrado no antigo Egito. A expectativa de vida dos hebreus no antigo Egito era de cerca de 40 anos.[6-8] No entanto, quando Moisés libertou os hebreus e os conduziu para Canaã, o líder (instruído por Deus) orientou o povo a seguir as recomendações divinas relacionadas à saúde. Com isso, a média de vida deles foi aumentada para mais de 70 anos.


Fato é que a ciência já conseguiu comprovar que a adoção de uma dieta estritamente vegetariana (conforme as orientações bíblicas) pode realmente fazer com que o ser humano se torne mais longevo. É sabido que, à medida que uma pessoa envelhece, o organismo usa um mecanismo de compensação para que a multiplicação celular continue a acontecer, ao passo que os telômeros (ponta dos cromossomos) vão se desgastando e encurtando.

Em 2013, um estudo descobriu que é possível reverter esse processo e fazer com que os telômeros voltem a crescer.[9] Ou seja, tornando o ser humano literalmente mais jovem. Dez idosos (a amostra do estudo) foram submetidos a uma dieta controlada, com apenas 10% de gordura e rica em alimentos saudáveis (verduras, legumes e grãos integrais). Também tinham de fazer exercícios diários. Cinco anos depois, seus telômeros haviam crescido 10% − quando o normal seria encolherem 3%.

Assim, é possível perceber que podemos, sim, decidir viver mais – longe da doutrina da predestinação de um dia marcado para a morte –, a partir do momento que seguimos as orientações de saúde contidas em um livro milenar chamado Bíblia. Decida você também adotar a dieta vegetariana e o estilo de vida saudável, e descubra por si mesmo os benefícios da longevidade (com qualidade) de que desfrutam de igual modo os amigos adventistas do sétimo dia praticantes daquilo que sabem.

(Everton Alves)

Referências:
[1] Fraser GE. Associations between diet and cancer, ischemic heart disease, and all-cause mortality in non-Hispanic white California Seventh-day Adventists. Am J Clin Nutr 1999; 70(Suppl):532S–8S.
[2] Fraser GE, Shavlik DJ. Ten years of life: is it a matter of choice? Arch Intern Med 2001; 161:1645–52.
[3] Buettner D. The secrets of long life. (Cover story). Nat Geogr. 2005; 208:2-27.
[4] Buettner D. The Blue Zones: Lessons for Living Longer from the People Who've Lived the Longest. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2009.
[5] Lee JW, Morton kr Walters J, Bellinger DL, Butler TL, Wilson C, Walsh E, Ellison CG, McKenzie MM, Fraser GE. Cohort Profile: The biopsychosocial religion and health study (BRHS). Int J Epidemiol. 2009; 38(6): 1470–1478.
[6] Entrevista concedida por John Taylor. “Múmias, uma arte em busca da eternidade.” Entrevistadora: Carin Petti Homonnay. Arqueologia, Revista Galileu, 2007. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT510867-1942,00.html
[7] Filer JM. “Health Hazards and Cures in Ancient Egypt.” Ancient History. BBC, 2011. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/history/ancient/egyptians/health_01.shtml
[8] Borges M. A História da Vida: de onde viemos, para onde vamos. 4ª Ed. Tatuí, SP: CPB, 2011.
[9] Ornish D, Lin J, Chan JM, Epel E, Kemp C, Weidner G, Marlin R, Frenda SJ, Magbanua MJ, Daubenmier J, Estay I, Hills NK, Chainani-Wu N, Carroll PR, Blackburn EH. Effect of comprehensive lifestyle changes on telomerase activity and telomere length in men with biopsy-proven low-risk prostate cancer: 5-year follow-up of a descriptive pilot study. Lancet Oncol. 2013 Oct;14(11):1112-20.