terça-feira, outubro 06, 2015

Dinossauro que viveu no Alasca pode mudar paleontologia

O Alasca já foi um jardim
A descoberta de uma nova espécie de dinossauro capaz de sobreviver e prosperar em temperaturas extremamente baixas pode trazer novos paradigmas sobre a história desses seres. Encontrado numa remota região do Alasca, o animal tinha cerca de dez metros de comprimento, andava em bando e era da família dos hadrossauros, cujos exemplares eram herbívoros. Nomeado cientificamente de Ugrunaaluk kuukpikensis, o animal pode mudar a história da Paleontologia no que diz respeito à maneira como os dinossauros se relacionavam com o clima. Até então, era comum a ideia de que eles eram capazes de sobreviver apenas em regiões com temperaturas mais quentes. O achado foi possível graças às análises de fósseis com cerca de 70 milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista] e foi publicado em artigo na revista Acta Palaeontologica Polonica. O estudo foi conduzido pelo professor de Paleobiologia da Universidade do Estado da Flórida, Greg Erikson, e seu colega Patrick Druckenmiller, docente de Geologia na Universidade do Alasca, em Fairbanks.

Os ossos foram encontrados na região da formação Price Creek, no Norte do Alasca. Desde a década de 1980, escavações vinham sendo feitas no local, de onde foram removidos mais de nove mil ossos de diferentes animais, sendo seis mil do referido dinossauro. Como havia um alto número de material da espécie atribuído a exemplares de idades diferentes, foi possível inferir que ele não só sobreviveu às temperaturas geladas, como prosperou nessas condições. “A descoberta de dinossauros tão ao Norte desafia tudo que pensamos sobre a fisiologia de um desses seres”, disse Erickson. “Ela cria esta pergunta natural: Como eles sobreviviam aqui?”

O local da escavação configura uma unidade de rocha depositada na planície de inundação da região costeira do ártico há cerca de 69 milhões de anos [sic]. No tempo em que esses dinossauros viveram por lá, o Alasca era todo coberto por árvores, porque o clima da Terra era muito mais quente como um todo. Mas, como os dinossauros estavam tão longe, provavelmente enfrentavam meses de escuridão durante o inverno. E mesmo que não fosse tão frio quanto um inverno moderno, eles viviam em um ambiente onde a temperatura média era de 6 °C, e provavelmente tiveram contato com neve.

Segundo os cientistas, não há sinais de que eles tenham migrado em busca da luz do Sol ou de calor, sugerindo que toleravam as condições climáticas e conviviam de modo que a área em questão fosse tida como lar. “O que estamos descobrindo é basicamente um mundo perdido dos dinossauros, com muitos dados completamente novos para a ciência”, destacou Erickson.

A professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Taissa Rodrigues, que é doutora em Paleontologia, comenta que a descoberta é, de fato, interessante e ainda pode trazer novos dados relevantes. É o caso de entender como eles enfrentavam as baixas temperaturas: “É possível fazer análises dos ossos para saber se eles tinham metabolismo mais alto, o que significa manter o calor do corpo”, observou. “Uma das formas de fazer essa verificação exige que os ossos sejam cortados. Como a variedade de material é grande, acho que isso não seria problema para os cientistas.


Nota: O que garante que as temperaturas e as condições ambientais antes da extinção dos dinossauros eram como as de hoje? O próprio fato de haver vegetação fossilizada mostra que a região do Alasca foi, no passado, um grande jardim (como, aliás, foi toda a Terra). O problema do pensamento uniformitarista (o presente é a chave do passado) é justamente este: interpretar o passado com base nas condições do mundo atual. Outra coisa: se aqueles animais fossilizaram na região em que estão, isso significa que foram surpreendidos por uma catástrofe hídrica que os sepultou com grande quantidade de água e lama. Vamos aguardar as pesquisas nos ossos, quando (e se) eles forem cortados. A investigação do interior de ossos fossilizados tem revelado coisas surpreendentes (confira aqui). Realmente essa descoberta poderia mudar a paleontologia, mas acho que evolucionistas não permitirão grandes mudanças. [MB]