sexta-feira, outubro 30, 2015

O desenvolvimento embrionário e o design inteligente

Complexidade pra lá de irredutível
A notícia chegou de uma forma meio inusitada. Minha esposa e eu, após cinco anos, decidimos que já estava na hora de termos outro bebê. Agora que nossa filha mais velha já tem mais autonomia e liberdade para fazer certos tipos de coisas, resolvemos dar a ela um(a) irmãozinho(a). Minha esposa parou de tomar o anticoncepcional e, mais ou menos 40 dias depois, fomos à médica para que ela passasse os exames necessários para sabermos se estava tudo bem. Mas, para nossa surpresa, minha esposa já estava grávida de seis semanas. Pelas contas, ela teria engravidado já na primeira semana após a última menstruação. No primeiro ultrassom, foi possível ver o “saco vitelino” e aquele pequeno ser nas suas primeiras fases de desenvolvimento embrionário. Aproveitando a oportunidade, tive a ideia de fazer algumas postagens analisando a complexidade de cada fase de gestação, a interação mamãe-bebê e os processos de desenvolvimento, semanalmente, demonstrando e extrema complexidade da gestação e a impossibilidade de uma explicação naturalista.

Após o ato sexual, milhões de espermatozoides “nadam” em direção ao útero. Essas células reprodutoras são produzidas nos testículos, que são verdadeiros mestres da produção em massa, cuspindo espermatozoides a uma taxa de 200 milhões por dia, numa prefeita linha de montagem. Assim que o espermatozoide entra em contato com o corpo da mulher, começa toda a “magia”. A vagina é revestida por epitélio estratificado pavimentoso, cujas células produzem glicogênio usado para fermentação pelos Lactobacillus acidophilus (bacilos de Döderlein), liberando ácido lático. Isso confere ao meio vaginal um pH ácido, que impede a proliferação da maioria dos micro-organismos patogênicos. Acontece que o pH do sêmen está entre 7,0 e 8,3, e ao entrar em contato com a vagina, ocorreria a morte instantânea dos gametas. Com o pH alcalino do sêmen, o pH da vagina passa, em 10 segundos, de 3,5 para 7,2, permitindo a sobrevivência dos espermatozoides. Essa mudança é indispensável para que os espermatozoides não morram ao entrar em contato com a mucosa vaginal. Isso ocorre porque os espermatozoides são depositados durante a ejaculação no meio vaginal, protegidos pelo líquido seminal e não isolados. O líquido seminal, inicialmente “coagulado”, é lentamente diluído pela acidez vaginal e seus componentes alcalinos funcionam como um tampão. Ao líquido seminal se associa a ação alcalinizante (básica, oposto de ácido) das secreções vaginais que surgem durante a excitação sexual, bloqueando a acidez vaginal em segundos e mantendo o pH adequado à sobrevida espermática por entre 6 e 16 horas. O interessante é que, se não ocorresse essa mudança de pH, a nova vida já seria eliminada logo no início.

[Continue lendo o ótimo artigo do professor Saulo Nogueira.]