segunda-feira, outubro 19, 2015

O dia em que meus filhos nasceram de novo

A destruição no templo do IACS
Quinta-feira, dia 15 de outubro de 2015 ficará na minha memória como o dia em que meus filhos nasceram de novo. O mais velho, Daniel, tem sete anos; o mais novo, Misael, dois anos. Um tornado com capacidade de arrancar árvores de grande porte, telhados completos, derrubar paredes e retorcer estruturas metálicas passou pela minha casa. Foi tudo muito rápido! A sala em que eles estavam ficou cheia de tijolos e eles tiveram arranhões e hematomas. A babá estava sentada no chão assistindo TV. Ela teve fratura nas duas pernas. A quantidade de tijolos caídos na sala não nos permitia imaginar que alguém sairia vivo dali. Todos os que viram a sala cheia de escombros se admiraram de modo especial pelas crianças, que não tiveram grandes problemas. Pela graça divina, todos sobreviveram.

Deus, quando permite que enfrentemos catástrofes, não é porque não tenha poder para nos livrar do mal. Mas para que o mal seja reconhecido como ele verdadeiramente é: mau. Se Deus nos preservasse de todos os males, não teríamos noção de quão mau é o mal. Hoje, mesmo conhecendo o mal, muitos ainda assim escolhem servir ao mal. Imagine se não tivéssemos nenhuma noção da malignidade do mal.

O “negócio” de Deus é salvação. Ele permite que aconteçam coisas ruins para que rejeitemos o mal como senhor de nossa vida e nos coloquemos ao lado do Senhor, ao lado do doador da salvação. Não desejaríamos um salvador se não soubéssemos que estamos perdidos. Se não passássemos por nenhuma tribulação, por nenhum sofrimento, por nenhuma tristeza, não acreditaríamos que há um salvador querendo nos livrar do mal. Nem ao menos acreditaríamos na necessidade de um salvador.

Para a nossa salvação Deus tem que permitir que passemos por situações difíceis, por tribulações, por catástrofes e sofrimentos. Mas Deus não permite que elas aconteçam se o fim delas não resultar em bênçãos, em salvação. Tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28). O que é fé? Será que fé é acreditar, de todo o meu coração, que Deus tenha que me servir em todas as minhas necessidades? Tipo um garçom? “Senhor, agora preciso de tal coisa...” Será que fé é isso? Fé deve ser entendida como a confiança que deposito em Deus, mesmo que aconteçam coisas ruins para mim.

Habacuque 3:17 e 18 e Daniel 3:17 e 18 retratam a essência da verdadeira fé. Não se trata de limitar o poder de Deus. Não, de forma alguma! Ele pode fazer o que desejar, mas, mesmo que Ele permita que eu sofra, eu confiarei nEle. Isso é fé verdadeira. Senhor, ajuda-me a desenvolver mais e mais essa fé.

(Vanderlei Ricken é bibliotecário do Instituto Adventista de Ensino Cruzeiro do Sul [IACS]; um homem de fé e um servo de Deus como vi poucos; graças a ele conheci o adventismo [MB])

Vanderlei com sua esposa e os filhos
Nota: O Vanderlei, cuja casa foi destruída pelo tornado que passou por Taquara, RS (a casa do pastor do colégio foi abalada e duas outras destruídas), me disse que o IACS parece ter sido especialmente atingido. “A igreja está muito envolvida no evangelismo. Na semana anterior à tragédia, tivemos uma série de pregações com o pastor Bill Santos, do Canadá. Foram muitos batismos e umas 200 pessoas pediram estudos bíblicos”, ele me disse. Para o Vanderlei, o ponto alto não foi a destruição, mas a proteção de Deus em meio à tragédia. “Era para ter sido tudo muito, mas muito pior. Tivemos um livramento divino!” O inimigo bem que tentou, mas o IACS permanece de pé! [MB]