quarta-feira, setembro 30, 2015

O ciclo semanal se perdeu ao longo da História?

É possível guardar o sábado hoje
A Bíblia é, por excelência, o livro mais influente do Ocidente. Por mais secularizada que seja uma pessoa, ela sempre se depara com elementos extraídos das páginas do livro sagrado de cristãos e judeus. Uma de suas influências mais marcantes diz respeito à contagem do tempo. A divisão do dia em doze horas, da semana em sete dias, e do ano em doze meses são medidas de tempo que estão registradas nas páginas da Bíblia. São praticamente universais, pois apenas poucas culturas sem muita expressão adotam medidas de tempo diferentes (e, entre os que adotaram contagens de tempo alternativas, como os revolucionários franceses do século 18 e os soviéticos no século 20, há os que fizeram isso para demonstrar claro inconformismo com a notória influência judaico-cristã da semana de sete dias nos calendários tradicionais).

No caso da semana, a duração de sete dias é atribuída na Bíblia ao período que Deus empregou para criar tudo o que há no mundo. Nos seis primeiros dias, o Criador executou Sua obra de criação. No sétimo dia, o sábado (do hebraico shabbath, “descanso”, “pausa”, “cessação”), Deus encerrou a semana da criação com uma ocasião de descanso e culto. Em geral, os seguidores da Bíblia observaram o sábado como dia de especial para descanso religioso durante o período de sua composição (que se encerrou no fim do primeiro século d.C.). Após isso, os judeus piedosos, que rejeitaram a segunda parte da Bíblia, o Novo Testamento, continuaram a ter o sábado como dia de descanso, enquanto boa parte dos cristãos foi gradualmente adotando o dia seguinte ao sábado, que passou a ser chamado de domingo (do latim Dominus die, “dia do Senhor”), como o novo “sábado” cristão.[1] Ao longo da história cristã, apenas grupos periféricos continuaram observando o dia correspondente ao shabbath judaico. Para os cristãos sabatistas, o sábado corresponde ao dia definido por Deus ao final da semana da criação, e seu preceito transcende as disposições da lei mosaica referentes ao templo e às cerimônias da economia hebraica. Para os cristãos que observam o domingo, a justificativa para a mudança de dia de culto pela maior parte da cristandade varia, mas em geral está associada à ressurreição de Cristo ou à tradição da igreja cristã.

Alguns cristãos observadores do domingo, no entanto, apresentam outro motivo para não cumprirem o descanso semanal aos sábados, conforme a Bíblia indica. Segundo eles, durante os milênios desde a semana da criação e a proclamação dos Dez Mandamentos no Monte Sinai, a contagem dos dias da semana muito provavelmente teria se perdido. Portanto, a conclusão a que chegaram é que o dia por nós conhecido como sábado pode não ser o dia correspondente ao sétimo dia da semana da criação. Sendo assim, a celebração cristã no domingo se justificaria pela tradição, já que seria impossível recuperar o verdadeiro sétimo dia do ciclo original. Mas será que o argumento procede? Há evidências para uma interrupção história da contagem da semana? É possível garantir que o ciclo semanal foi registrado ininterruptamente desde a criação do mundo?

 Para entender esse argumento, primeiro é preciso saber como o ciclo semanal poderia ter-se perdido, se é que isso aconteceu. Eventualmente, uma pessoa isolada pode, distraída, não saber qual é o dia da semana. Porém, se forçar um pouco a memória, poderá recuperar um evento que definitivamente ocorreu em um dia específico da semana e contar os dias seguintes até chegar ao dia presente. E isso com certeza será mais fácil se determinados eventos ocorrerem em dias específicos do ciclo semanal. Apesar de ser ficção, a história de Robinson Crusoé ilustra a improbabilidade dessa suposição. Após 25 anos perdido numa ilha deserta, o marinheiro do romance sabia exatamente o dia da semana em que resgatou um selvagem da gula dos canibais, a ponto de nomeá-lo “Sexta-feira”. Seria possível para uma pessoa em isolamento social completo manter a perfeita contagem do ciclo semanal ao longo de décadas? Não é irrazoável supor que sim, desde que a pessoa se proponha a não perder a contagem do tempo e não seja tão inculta a ponto de não ter noções básicas de calendário. No romance, o herói Crusoé conseguiu. Mas não estamos tratando de um único sujeito perder a contagem de tempo, o que já é difícil, mas de uma cultura completa perder a referência de semana.

Consideremos que é bastante improvável para um povo alfabetizado perder a contagem do ciclo semanal. E, se pelo menos um dia específico da semana possui um significado cultural e impõe quebra da rotina, pode-se arriscar dizer que é impossível uma nação inteira perder a contagem dos dias da semana.

Para afirmar que a semana original se perdeu em algum momento da história, é preciso comprovar que o povo hebreu, de quem herdamos a semana, durante algum tempo deixou, coletivamente, de registrar as datas em um calendário. Para que isso tenha acontecido, é preciso concluir que a história israelita combinou, durante algum tempo considerável, retrocesso cultural, em que a esmagadora maioria da população era analfabeta, com apostasia religiosa generalizada, a ponto de a guarda do sábado ser completamente abandonada. Essa apostasia teria que ter, inclusive, interrompido durante algum tempo o funcionamento do santuário israelita. Afinal, havia rituais específicos para sábados, luas novas e outras datas comemorativas. Portanto, somente se houvesse uma interrupção completa das atividades do santuário, pode-se considerar verossímil a perda da contagem do ciclo semanal por parte do povo hebreu (isso, considerando que nenhuma outra civilização da época utilizasse a semana de sete dias, o que é bastante difícil de comprovar, já que vários povos não relacionados aos hebreus utilizaram uma semana de sete dias e seu sétimo dia era o sábado).[2]

Não há registros suficientes na Bíblia nem na História para verificar uma perfeita continuidade da contagem semanal desde a criação do mundo até a proclamação do Decálogo. Mas, se não podemos saber quanto a semana, sabemos pela Bíblia que, nas eras mais antigas da humanidade, a contagem do tempo era bastante importante. O Gênesis traz minuciosos relatos do tempo de vida de todos os seus personagens principais. As cronologias bíblicas desse período somam as idades de cada geração e tentam harmonizá-las com eventos contemporâneos marcados pela história secular. Se anos eram contados e registrados com tanto cuidado, a ponto de Moisés, o autor do Gênesis, ter conhecido as idades precisas de cada um de seus antepassados, não há por que imaginar que houvesse uma perda da referência de períodos de tempo menores, como a semana, antes de Moisés.

Ao se empenhar na libertação dos hebreus da escravidão, Moisés desperta o respeito pelo sábado entre o povo (Êxodo 5:4). Após o êxodo do Egito, a data do sábado é confirmada de modo sobrenatural pela dupla porção de maná no dia de preparação para o sábado e na ausência do milagre aos sábados (Êxodo 16). O fenômeno se repetiu durante quarenta anos, confirmando a vontade de Deus com respeito ao sétimo dia.

O texto dos Dez Mandamentos relaciona o sábado ao sétimo dia da semana da criação (Êxodo 20:8-11). Deus restabelece a observância do sábado indicando o dia correspondente ao sétimo dia da semana da criação. Portanto, durante a magistratura mosaica, o dia correspondente ao sétimo dia da semana da criação foi honrado de forma especial.

Mas o período entre a conquista de Canaã e o advento da monarquia unida é o menos definido da cronologia bíblica. A era semianárquica dos juízes é uma pedra no sapato de quem quer datar os eventos bíblicos pré-davídicos. Foram anos em que o ciclo de apostasia nacional, opressão e restauração se repetiu. Como o calendário hebreu era regulado por festivais religiosos, entre eles o sábado, é de se imaginar que, durante os tempos de apostasia, as datas, talvez, não fossem marcadas com tanta precisão. Aparentemente, na ausência de um governo central e de um templo fixo, as celebrações religiosas talvez não tivessem muita adesão nos períodos de apostasia generalizada e, assim, a contagem do tempo se perdeu. Fato?

É bastante difícil que a contagem do tempo tenha se perdido durante os eventos relatados em Juízes. Primeiro porque os israelitas eram, em geral, alfabetizados. Uma evidência bíblica disso está em Juízes 8:14. Na passagem, um rapaz (ou escravo) escreve vários nomes para o juiz Gideão. Ou seja, se mesmo um inculto serviçal era capaz de escrever, muito provavelmente boa parte do restante do povo e principalmente as classes sacerdotais responsáveis pela transmissão da Torá fossem letradas. Achados arqueológicos indicam que a alfabetização não era incomum no levante ao final da Idade de Bronze. O melhor exemplo é o Calendário de Gézer, que, ao que tudo indica, foi escrito por uma criança como exercício escolar no século 10 a.C. As evidências de alfabetização difundida durante o período dos juízes diminuem as possibilidades de a contagem do tempo ter-se perdido.

Deve-se entender também que, mesmo não havendo templo, o tabernáculo armado em Siló permaneceu ativo durante todo o período dos juízes. Em Juízes 21:19, lemos que a peregrinação anual ao santuário acontecia mesmo durante um período turbulento de guerra civil. A menção faz parte do relato de uma ocasião em que o povo praticava idolatria. Aliás, o livro de Juízes registra que o culto aos deuses pagãos coexistiu com a adoração a Yahweh (ver Juízes 6, 18:14-31, e.g.). Portanto, fica difícil afirmar que, mesmo com a apostasia, a guarda do sábado possa ter permanecido completamente suspensa a ponto de o ciclo semanal se perder.

O problema que persiste é a afirmação de que, durante os períodos de dominação estrangeira na terra de Canaã, o ritual do santuário teria sido desativado. Para provar que isso tenha acontecido, seria preciso encontrar, nas cronologias dos juízes registradas na Bíblia, lacunas de tempo. No entanto, não é isso o que acontece. A dificuldade de calcular o período dos juízes existe principalmente por causa de superposição de datas entre os diferentes juízes, afinal, alguns agiram como juízes locais simultaneamente com outros juízes. Por exemplo, é bem possível que os anos iniciais dos quarenta anos do sacerdócio de Eli tenham sido simultâneos aos vinte anos do juizado de Sansão.[3]

Mesmo que a contagem do tempo houvesse se perdido na era dos juízes, o próprio fato de profetas, inspirados por Deus, apelarem posteriormente para uma reforma do dia especial de culto a Deus levaria a crer que o dia perdido estaria recuperado por intervenção divina. Porém, mesmo fatores humanos podem perfeitamente ter mantido inalterado o ciclo semanal entre a milagrosa queda de maná no deserto e as manifestações proféticas posteriores.

Qualquer leitor da Bíblia percebe que a cronologia dos eventos bíblicos é bastante complexa. Os antigos hebreus eram aficionados por genealogias e registravam os anos de cada geração. Os anos eram contados pelos reinados dos reis ou pela data do Êxodo. Em 1943, o teólogo Edwin Thiele defendeu uma tese doutoral em Arqueologia pela Universidade de Chicago. Ele elaborou a melhor solução existente para as cronologias dos reis de Israel e Judá. O estudo encontra-se no livro The Mysterious Numbers of Hebrew Kings, publicado pela Zondervan. A partir desse estudo, os intérpretes da Bíblia têm como datar com bastante precisão os eventos registrados a partir do reinado de Davi.

Dificilmente essa possível perda coletiva da contagem semanal teria ocorrido durante ou após o reinado de Davi. A organização minuciosa do serviço sacerdotal estabelecida por Davi e registrada nos últimos capítulos de 1 Crônicas e o funcionamento contínuo do templo construído por Salomão são fatos que diminuem as possibilidades de uma falta de registro de tempo. Tampouco se pode afirmar que houve períodos sem registro de tempo até o exílio. Mesmo durante o reinado da ímpia Atalia, o sábado era conhecido e marcado como dia de encerramento do ciclo semanal (2 Reis 11:5-9). Houve uma tentativa de desprestigiar as celebrações sabáticas durante o reinado do apóstata Acaz (2 Reis 16:18). Mas devemos lembrar que o profeta Isaías foi atuante durante todo o reinado desse rei (Isaías 1:1; 7:1, 2; 14:28); e Isaías foi um ardente defensor da guarda correta do sábado (Isaías 1:13; 56:2, 4, 6; 58:13; 66:23). Afinal, uma observância hipócrita do sábado foi considerada uma das causas da ruína espiritual de Judá (Isaías 1:13, 2 Crônicas 36:21). E, para profetas como Jeremias reconhecerem o desrespeito popular ao sábado (Jeremias 17), é necessário que o sábado fosse conhecido

Durante o exílio, o profeta e sacerdote Ezequiel se destacou como um reformador do sábado, tendo registrado quinze menções ao sábado em seu livro (Ezequiel 20:12, 13, 16, 20, 21, 24; 22:8, 26; 23:38; 44:24; 45:17; 46:1, 3, 4, 12). É atribuída a Ezequiel a criação das sinagogas, instituições que promovem a guarda do sábado entre o povo judeu até hoje. A prática do descanso sabático é levada muito mais a sério após o exílio (ver Neemias 9, 10 e 13; 1 Macabeus 2:32-41; 2 Macabeus 5:25; 6:11, etc.). Nos dias de Cristo, os evangelhos e o livro de Atos registram que o sábado era bem definido entre os judeus e cristãos primitivos.

Portanto, não se pode admitir que o povo judeu tenha perdido a referência ao sábado durante os mil anos entre o reinado de Davi e a composição do Novo Testamento. Após a destruição do segundo templo, a prática e o uso de calendários diferentes entre os judeus dispersos por vários países do mundo indicaria facilmente se um grupo entre eles houvesse, de alguma forma, perdido a contagem da semana. Portanto, pode-se ter bastante certeza de que o sábado definido no calendário gregoriano em 2015 corresponde ao mesmo sétimo dia de um ciclo semanal ininterrupto desde os tempos bíblicos; o mesmo dia que os profetas Neemias, Jeremias, Ezequiel e Isaías apelaram, por inspiração divina, para que o povo santificasse e que interrompessem o trabalho; o mesmo dia no ciclo semanal que regulava os turnos sacerdotais nos dias de Davi; e por sua vez o mesmo dia que os hebreus guardavam no deserto abstendo-se da colheita do maná; e inegavelmente o mesmo dia da semana que o Deus criador separou para descanso após os seis dias em que esteve ocupado com a criação do mundo.

(Fernando Dias é teólogo e editor associado na Casa Publicadora Brasileira)

1. Para mais detalhes a respeito dessa mudança de dia de culto, ver: Bacchiocchi, S., From Sabbath to Sunday – A historical investigation of the rise of Sunday observance in Early Christianity, Roma: The Pontifical Gregorian University Press, 1977; Carson, D. A. Do Shabbath para o Dia do Senhor, São Paulo: Cultura Cristã, 2006; Dourado, A. R. Pausa Semanal, Domingo? ou Sábado? – Na Bíblia e na História, Niterói: Ados, 2010. Andrews, J. N.; Conradi, L. History of the Sabbath and First Day of the Week, Washington, DC. Review and Herald, 1912.
2. Uma boa documentação sobre o sábado como o sétimo dia da semana em diferentes povos encontra-se em: Stein Júnior, Guilherme, Sábado ou o Repouso do Sétimo Dia, Brasília: Sociedade Criacionista Brasileira, 1995.
3. Exemplos de datas historicamente definidas na cronologia bíblica. Note que, na era dos juízes, ocorre uma sobreposição de datas, tornando-se difícil definir as datas precisas, muito provavelmente porque a magistratura de alguns juízes foi simultânea (fontes: Nichol, Francis, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2011-2014, v. 1-7; Thiele, Edwin, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, Grand Rapids: Zondervan, 1983.


Cronologia dos principais eventos do Antigo Testamento:

Chamado de Abraão (1875 a.C.); nascimento de Ismael (1864 a.C.); circuncisão de Abraão (1851 a.C.); nascimento de Isaque (1850 a.C.); perseguição dos descendentes de Abraão (1845 a.C.); nascimento de Jacó (1790 a.C.); entrada no Egito (1660 a.C.); Êxodo (1445 a.C.); viagem para espiar Canaã (1444 a.C.); travessia do rio Jordão (1405 a.C.); conquista de Canaã (Josué 14:10) (1400 a.C.); morte de Josué (1375 a.C.); servidão sob Cusã-Risataim (8 anos); magistratura de Otoniel (40 anos); opressão sob Eglom (18 anos); magistratura de Eúde e período de paz (80 anos); opressão dos filisteus e juizado de Angar (?); opressão por Jabim (20 anos); magistratura de Débora e Baraque (40 anos); opressão sob os midianitas (7 anos); magistratura de Gideão (40 anos); reinado de Abimeleque (3 anos); magistratura de Tola (23 anos); magistratura de Jair (22 anos); opressão sob os filisteus e amonitas (18 anos); magistratura de Jefté (1107-1101 a.C.); magistratura de Ibsã (7 anos); magistratura de Elom (10 anos); magistratura de Abdom (8 anos); opressão sob os filisteus (40 anos); magistratura de Sansão (20 anos); magistratura de Eli (40 anos); magistratura de Samuel (?); reinado de Saul (1050 a.C.); reinado de Davi (1010 a.C.); conquista de Jerusalém (1003 a.C.); coroação de Salomão (971 a.C.); morte de Davi (970 a.C.); construção do templo (965 a.C.); morte de Salomão (931 a.C.); cisma entre os reinos de Israel e Judá (931 a.C.); reinado de Roboão em Judá (931-913 a.C.); reinado de Asa em Judá (911[910]-870[869] a.C.); reinado de Josafá em Judá (972-848 a.C.); reinado de Acabe em Israel (874-853 a.C.); reinado de Joás em Judá (835-796 a.C.); reinado de Uzias em Judá (792-740[739] a.C.); queda de Samaria e deportação para a Assíria (722 a.C.); reinado de Ezequias em Judá (716[715]-687[686] a.C.); reinado de Manassés (687[686]-643[642] a.C.); reinado de Josias (641[640]-609 a.C.); primeira de deportação para Babilônia (605 a.C.); segunda deportação para Babilônia (597 a.C.); terceira deportação para Babilônia e destruição de Jerusalém (586 a.C.); queda de Babilônia (539 a.C.); decreto de Ciro (537 a.C.); inauguração do segundo templo (515 a.C.); decreto de Artarxerxes (457 a.C.).

terça-feira, setembro 29, 2015

Obama diz que não há espaço para cultos apocalípticos

Precedente preocupante
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta segunda-feira (28), durante seu discurso na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que o Congresso levante o embargo de seu país contra Cuba. Washington e Havana retomaram relações diplomáticas este ano, após uma aproximação mediada pelo Vaticano. [...] Obama concentrou grande parte de seu discurso nos problemas causados por guerras e conflitos no mundo, falando principalmente da Síria. O presidente americano citou nominalmente Bashar al-Assad, ditador da Síria, chamando-o de “tirano”, que “joga barris de bombas contra crianças inocentes”. “Catástrofes como a vista na Síria não acontecem em países com democracia genuína”, disse sob aplausos. Segundo ele, a história mostra que os regimes que incitam sua população ao medo acabam caindo, mas que os regimes que investem em instituições democráticas duram. [...]

[Depois Obama disse também:] “Não há espaço para acomodar um culto apocalíptico como o Estado Islâmico e os Estados Unidos não dão desculpas para usar nosso Exército como parte de uma ampla aliança para ir atrás deles”, disse.

Obama disse que o mundo está vendo uma “erosão” dos princípios democráticos, e citou a crescente polarização e a criação de movimentos à extrema-direita e esquerda, sectarismo, racismo e antissemitismo. Ele criticou essa polarização, que chamou de política do “nós contra eles”. [...]


Nota: Reveladoras as palavras do presidente norte-americano. Embora o Estado Islâmico deva mesmo ser combatido por causa das atrocidades que vem cometendo, não podemos nos esquecer de que existem outros grupos religiosos “apocalípticos” e que vêm sendo considerados “fundamentalistas” justamente porque levam a Bíblia a sério, permitindo que ela se interprete a si mesma. Ao criticar o “sectarismo” por considerá-lo antidemocrático, estaria Obama pregando algum tipo de uniformidade religiosa ecumêmica e liberal, tão defendida também pelo papa Francisco? É bom lembrar que o Vaticano aprovou recentemente (pela primeira vez na história) que seja usada força militar contra os terroristas islâmicos, considerando isso uma espécie de guerra justa (confira). É um cenário que abre precedentes preocupantes. No futuro, que outros tipos de cultos” poderão ser considerados um estorvo para a paz? Que tipo de perseguição poderá ser considerada justa? Quem viver verá... [MB]

Marcos Eberlin fala sobre a origem do Universo e da Vida



Lua vermelha é sinal da volta de Jesus?

Coloração causada pelos raios do Sol
No último domingo, em várias partes do mundo, foi possível ver um eclipse lunar, ou a “Lua de sangue”, quando a Lua fica na sombra da Terra em relação ao Sol e ganha um tom avermelhado. Os eclipses totais da Lua, quando o satélite cruza o cone de sombra da Terra, são pouco frequentes. O último ocorreu no dia 10 de dezembro de 2011. A última vez que aconteceu uma série de quatro eclipses lunares totais foi entre 2003 e 2004, segundo a agência espanhola EFE. Este eclipse chamou atenção pelo fato de ter ocorrido durante a fase conhecida como superlua”, quando nosso satélite está mais próximo da Terra e, portanto, um pouco maior no céuA agência espacial americana (Nasa) explicou que a Lua de sangue ocorre quando a região periférica da Lua ingressa no centro da sombra da Terra, que é de cor âmbar. É durante esse período que o satélite é visto da Terra com uma cor avermelhada, causada pela luz do Sol e matizada por sua passagem pela atmosfera terrestre - algo similar à coloração que a luz solar adquire nos crepúsculos. Ao longo da história, os eclipses solares e lunares estiveram rodeados de muitas superstições e referências a profecias sobre desastres naturais de grande magnitude. E não faltaram pessoas que especulassem sobre a possível relação dessa Lua de sangue com as profecias de Mateus 24 e Joel 2, que diz: “O Sol se converterá em trevas, e a Lua em sangue, antes que venha o grande e temível dia do Senhor.” Afinal, será que há alguma relação? O texto a seguir, escrito pelo teólogo Dr. Alberto Timm, é bastante esclarecedor a esse respeito. [Continue lendo.]

segunda-feira, setembro 28, 2015

Vida nas salmouras de Marte?

Muito barulho por pouco
A Agência Espacial Americana (Nasa) fez barulho na manhã da segunda-feira, dia 28 de setembro, prometendo revelar uma informação bombástica relacionada com o planeta Marte. Ficamos na expectativa. Pouco antes do meio-dia, seria convocada uma coletiva de imprensa. Teriam finalmente descoberto formas de vida no planeta vermelho – o grande objetivo das pesquisas feitas lá pelos robozinhos motorizados? Teriam finalmente tropeçado na prova de que existiriam marcianos? Seria água em forma líquida? Minutos depois da coletiva, a informação já ganhava o mundo por meio dos portais de informação: a Nasa havia descoberto salmouras em Marte. Mas nem disso podia ter certeza. São indícios. Só isso. Mas por que, então, tanto alarde? Já falo sobre isso. Primeiro vamos comentar a descoberta em si.

Nas fotos divulgadas pela agência, aparecem “linhas de encosta recorrentes” – faixas estreitas, com menos de cinco metros de largura, que aparecem durante as estações quentes em certas regiões marcianas. Conforme informação do site G1, as linhas se alongam durante algum tempo e depois encolhem nas estações frias. “Cientistas não conseguiam confirmar a natureza do fenômeno, porque a resolução das imagens das melhores sondas no planeta não permitia fazer imagens nítidas de estruturas tão estreitas. A hipótese de que as linhas observadas eram salmoura líquida saiu das temperaturas registradas no local no verão marciano, acima de -23 °C. Água com alta concentração de sal, com ponto de derretimento mais baixo, pode existir na forma líquida nessa faixa de temperatura”, explica a matéria no site. [Continue lendo.]

Leia também: "Banquete de migalhas"

O papa que conquistou o mundo

"Consciência moral da humanidade" 
Quando se fazem experiências no Grande Colisor de Hádrons, o acelerador de partículas ou LHC, a informação gerada e capturada pelos computadores é tanta que os cientistas levam meses e até anos para analisar a montanha de dados. De certa forma, a passagem do papa Francisco pelos Estados Unidos foi como uma tremenda colisão de partículas. Em uma semana, foi gerada tanta informação que chegou a deixar o mundo aturdido. Vai levar um bom tempo para digerir tudo o que aconteceu, tudo o que foi dito.

Na Casa Branca, a convite do presidente Barack Obama que o recebeu no aeroporto, honra concedida a pouquíssimos, o papa Francisco disse que “a mudança climática é um problema que não podemos deixar para as gerações futuras. [...] Estamos em um momento crítico. Estamos a tempo de fazer a mudança de que necessitamos, de criar um mundo sustentável.” Para o papa, somente um governo global poderá dar conta desse desafio.

No dia seguinte, falando no lotadíssimo Congresso norte-americano, aplaudido de pé várias vezes, o primeiro papa a discursar ali disse que é preciso combater o fundamentalismo em todas as suas formas, as polarizações e promover a união pelo bem comum. Com isso todos concordam, embora a maioria ignore as nuances delicadas desse discurso. O presidente da Câmara, o republicano John Bohener, é católico, assim como a líder da minoria democrata, Nancy Pelosi. Bohener derramou lágrimas ao ouvir as palavras do papa. Ao todo, Francisco foi aplaudido 36 vezes.

Na sexta-feira, dia 25, diante dos líderes de 193 nações, enquanto a bandeira do Vaticano tremulava pela primeira vez entre as bandeiras dos países membros da ONU, no gigantesco “templo laico” da democracia globalizada, nunca antes tão repleto de gente, Francisco apresentou outro discurso fortemente aplaudido. O papa falou sobre a necessidade de se deixar de lado ideologias e procurar o bem comum. Ele disse que “nenhum indivíduo ou grupo humano pode se considerar onipotente, autorizado a passar por cima dos outros”.

Mas foi durante a missa em frente ao Independence Mall, na Filadélfia, no último dia de sua visita aos Estados Unidos, que o papa disse aquela que talvez seja a sua frase mais contundente: segundo o líder católico, é preciso que sejam estabelecidas leis para criar “condições mínimas e necessárias para que as famílias, especialmente as que estão começando, possam se desenvolver”. Quem conhece um pouco as ideias e propostas de Francisco sabe que ele já propôs que o domingo seja um dia para preservar a família, além de ajudar a salvar o meio ambiente. É bastante significativo que ele tenha tocado nesse assunto justamente em frente ao prédio em que foi assinada a Constituição Americana, em 1787.

Seria difícil os Estados Unidos aprovarem uma lei que garantisse o descanso dominical? Bem, o recado já foi dado por Francisco. E se levarmos em conta que
31% dos congressistas norte-americanos são católicos, em comparação com os 22% da população do país, e que na Corte Suprema seis dos nove juízes são católicos, parece não ser muito difícil a aprovação de uma lei dessa natureza.

O fato é que a passagem do papa Francisco pela maior nação protestante mostra que ele conquistou o planeta. O jornal El Mundo de hoje traz a manchete: “América proclama Francisco líder moral planetário”, e diz que os Estados Unidos se renderam aos seus pés ao se proclamar líder global.

E na Folha de S. Paulo desta segunda-feira, o ex-embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Ricupero, escreveu: “Que outro líder mundial seria capaz, em uma semana, de conquistar o homem da rua e os poderosos de dois países opostos em tudo, como Cuba e Estados Unidos? Qual é o segredo de Francisco, única pessoa que consegue ser aplaudida por 193 países da ONU e escutado com respeito pelo mais polarizado e rancoroso congresso da história americana? [...] Em meio a um deserto de líderes, de políticos medíocres, sem grandeza, que erguem muros contra gente desesperada, ele brilha como a consciência moral da humanidade.”

Assim como a superlua foi eclipsada pela sombra da Terra ontem à noite, Francisco vem eclipsando todos os líderes do planeta, submetendo-os à sua influência e conquistando respeito e espaço para contar com todos na aprovação de suas propostas.

Michelson Borges

DNA de outras pessoas pode estar preso em você

A vida ainda é um mistério
É um fato bem estudado que não estamos sozinhos dentro de nossos corpos. Abrigamos, por exemplo, milhões de bactérias em nosso organismo que influenciam em diversas coisas, por exemplo, no nosso apetite. O que é mais macabro, no entanto, é o que os cientistas estão começando a entender que podemos ter também, dentro de nós, DNA de outros humanos. Não é ficção científica, nem filme de terror. De acordo com Peter Kramer, da Universidade de Pádua, na Itália, “diferentes indivíduos dentro de nós lutam por controle”. Isso significa que esse DNA estranho dentro de nós pode mudar nosso comportamento. Kramer e sua colega Paola Bressan publicaram recentemente um artigo na revista Perspectives in Psychological Science sobre esse estranho fenômeno, chamado de microquimerismo (lembra da quimera, uma criatura mista que possui DNA de dois animais diferentes?). A ideia do texto é pedir que psicólogos e psiquiatras prestem mais atenção nas formas com que isso pode influenciar nossa conduta.

Mas, questiona você, de onde vem esse DNA que “absorvemos”? Talvez de um gêmeo com quem você tenha compartilhado o útero, de um irmão mais velho que veio antes de você nesse útero, de sua mãe, ou, se você for mulher, de um filho. Por exemplo, um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, descobriu que 63% das mulheres que tinham tido filhos abrigavam células masculinas em seus cérebros. Foi descoberto também que esse DNA estranho pode potencialmente influenciar qual mão é sua dominante, ou a propensão a desenvolver a doença de Alzheimer, por exemplo.

Em uma pesquisa com mulheres dinamarquesas que tinham estado grávidas, epidemiologistas determinaram que os cromossomos Y “sobrados” no seu organismo melhoraram a saúde geral das participantes.

O que é mais estranho, no entanto, é que o microquimerismo de células masculinas em mulheres ocorreu mesmo quando elas nunca tinham dado à luz a um filho do sexo masculino – o DNA foi possivelmente transferido por um irmão mais velho ou até mesmo através do sexo com um homem.

Tudo isso nos mostra que o corpo humano está longe de ser fixado ao nascimento, e que se transforma com o tempo. Por enquanto, só estamos começando a compreender a extensão com que “incorporamos” DNA estranho, e como isso nos afeta.


Nota: A vida e suas interações ainda são um grande mistério para a ciência. Além das pesquisas em epigenética, outra área desafiadora é essa do microquimerismo. De qualquer forma, fica a sugestão de que filhos afetam literalmente o corpo da mãe, assim como as relações sexuais (conforme sugerido também nesta postagem). [MB]

Bíblia é usada para desenvolver tecnologias de idiomas

O livro mais traduzido
Aplicativos de tradução, reconhecimento e sintetização de voz já são muito bons em idiomas falados por milhões de pessoas, como inglês, francês, alemão ou português. Mas eles ainda são de pouca valia para falantes de idiomas menos difundidos justamente porque falta “massa de dados” para que os sistemas de inteligência artificial nos quais essas ferramentas são baseadas obtenham o treinamento necessário. “Quando desenvolvemos sistemas de tradução automática e motores de busca, normalmente inserimos no computador enormes quantidades de textos anotados manualmente que contêm informações sobre a função e o significado das palavras individuais. Por razões históricas, esses textos têm sido principalmente artigos de jornal em inglês e outras grandes línguas. Nós não temos acesso a textos anotados em línguas menores, como feroesa [Ilhas Faroé], galês, galego e irlandês, ou mesmo uma grande língua africana como o iorubá, que é falada por 28 milhões de pessoas”, explica o professor Anders Sogaard, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.

Mas artigos de jornal não são a única fonte possível de informação sobre palavras e expressões em um determinado idioma. Há um livro grande, o mais traduzido em todo o mundo e, provavelmente, também o mais comentado: a Bíblia. “A Bíblia foi traduzida em mais de 1.500 idiomas, mesmo os menores e mais ‘exóticos’, e as traduções são extremamente conservadoras: os versículos têm uma estrutura completamente uniforme ao longo de muitas línguas diferentes, o que significa que nós podemos construir modelos de computador adequados mesmo dos menores idiomas, dos quais nós temos apenas algumas centenas de páginas de texto bíblico”, disse Sogaard.

Agora a equipe apresentou os primeiros resultados de seu “esforço bíblico”. “O esforço está valendo a pena, já tendo servido para construir modelos de mais de 100 idiomas ‘exóticos’, como suaíli, uólofe e xhosa, que são falados na Nigéria [e em outros países africanos]. Isso significa que poderemos desenvolver tecnologias de linguagem para esses idiomas similares às disponíveis para os falantes de inglês ou francês”, disse o pesquisador.

O trabalho da equipe não tem data para terminar, e o esforço de criação de novas ferramentas - do tipo de aplicativos como Siri e Google Translate - para idiomas menos falados continuará.

domingo, setembro 27, 2015

Papa diz que não há futuro sem leis a favor das famílias

Preparando o terreno
O papa Francisco pediu neste sábado (26) que haja leis que criem “as condições mínimas e necessárias para que as famílias, especialmente as que estão começando, possam se desenvolver”. O pontífice encerrou a viagem feita aos Estados Unidos com uma missa neste domingo (27). “Sem essas condições não podemos pensar em uma sociedade com futuro”, declarou o pontífice em discurso na Festa das Famílias para dezenas de milhares de pessoas reunidas no Independence National Historical Park da Filadélfia. O papa optou por não ler o discurso que tinha preparado, embora o texto tenha sido publicado pelo Vaticano, e decidiu improvisar para o auditório que o escutava, de acordo com a EFE. “Não podemos pensar em uma sociedade saudável que não dê espaço concreto à vida familiar”, acrescentou no texto Francisco, que discursou no final de um evento musical apresentado pelo ator Mark Wahlberg e que contou, entre outros, com o show dos cantores Aretha Franklin e Andrea Bocelli.

“Quantos problemas se reverteriam se nossas sociedades protegessem e assegurassem que o espaço familiar, sobretudo o dos jovens esposos, encontrasse a possibilidade de ter um trabalho digno, um teto seguro, um serviço de saúde que acompanhe a gestação familiar em todos os períodos da vida”, acrescentou. [...]

O papa, em suas palavras improvisadas, fez um elogio à família: “Uma sociedade cresce forte, cresce boa, cresce formosa, cresce verdadeira se se edifica sobre a base da família”, disse. Acrescentou que é preciso ter atenção especial às crianças e aos avós: “As crianças e os jovens são o futuro, são a força, os que seguem em frente, aqueles nos quais pomos esperança, os avós são a memória da família, são os que nos deram a fé, nos transmitiram a fé. Um povo que não sabe cuidar de suas crianças e um povo que não sabe cuidar dos avós, é um povo sem futuro porque não tem a força nem a memória para seguir em frente”, disse Francisco. [...]


Nota: Francisco tem toda razão em seu discurso pró-família, e justamente por isso suas palavras são tão bem recebidas pelas pessoas em geral. Mas quando ele fala em leis para preservar a família, é impossível deixar de lembrar as várias vezes em que ele falou sobre o domingo como fator de preservação da família (veja aqui e aqui). Quando uma proposta de lei dominical for discutida, tanto a preservação do meio ambiente quanto a proteção da família serão argumentos fortes nesse sentido. A passagem do papa pelos Estados Unidos e os discursos históricos dele na Casa Branca, no Congresso e na ONU serviram para dar força à pessoa e às palavras do líder católico. Na última semana, o papa se engrandeceu diante do mundo e dos líderes que o aplaudiram de pé em vários momentos. Francisco hoje é unanimidade. Ele será cada vez mais ouvido e seguido. Nada mais profético. [MB]


“Raça humana terá que sair da Terra para sobreviver”

Para ele, Deus não é necessário
O físico britânico Stephen Hawking afirmou em entrevista ao jornal espanhol El País que a sobrevivência da raça humana “vai depender da capacidade de encontrarmos novos lugares do Universo”. A entrevista foi publicada na sexta-feira (25). “O risco de que um desastre destrua a Terra é cada vez maior. Então, eu gostaria de despertar o interesse do público pelos voos espaciais. Eu aprendi a não olhar para o futuro distante e a me concentrar no presente. Ainda há muito mais coisas que eu quero fazer”, concluiu o cientista ao ser perguntado sobre o destino da raça humana. Ao ser questionado o que seriam as coisas que gostaria de fazer, disse: “Viajar ao espaço com a Virgin Galactic (empresa de turismo espacial).” O cientista está em Tenerife, nas Ilhas Canárias, para o festival científico Starmus.

Ao ser questionado se era possível ser um bom cientista e acreditar em Deus, afirmou: “Uso a palavra Deus para um sentido impessoal, assim como fazia Einstein, para me referir às leis da natureza”, disse. O jornalista então pergunta se ele acredita que algum dia as pessoas irão abandonar a religião e Deus para explicar o Universo. “As leis da ciência bastam para explicar a origem do Universo. Não é necessário invocar a Deus”, concluiu. 


Nota: Hawking está certo num ponto, mas totalmente equivocado nos outros. A salvação da humanidade vem de fora da Terra e, de fato, sairemos daqui por mil anos (confira aqui). Este planeta desgastado pelo pecado e seus efeitos não terá mais condições de nos manter por muito tempo. É uma pena que o sonho de futuro de Hawking se resuma a dar uma passeio no espaço (o meu sonho de futuro é bem mais amplo) e que ele insista em negar a existência de Deus, afirmando que as leis da natureza sejam capazes de criar o Universo. De onde vieram essas leis finamente ajustadas para criar e manter a realidade? Leis não dependem da matéria e da energia para existir? Leis não dependem de um legislador? Como essas leis poderiam existir antes do Universo? [MB]

quinta-feira, setembro 24, 2015

O incrível design inteligente do leite materno

Tudo planejado
[Meus comentários seguem entre colchetes. – MB] Você provavelmente já ouviu falar que o leite materno é incrível. Médicos, nutricionistas, revistas, blogs e até mesmo estranhos adoram informar uma mulher grávida de todos os milhões de benefícios da amamentação que, aliás, diversas pesquisas científicas já confirmaram. O engraçado é que, apesar de tudo isso, os estudiosos ainda estão tentando entender exatamente como esse líquido mágico funciona. Ninguém discute o valor nutricional do leite materno. É um fato dado que ele possui tudo que seu bebê precisa nos primeiros anos de vida. Nem água é necessário dar a um recém-nascido, visto que o leite materno hidrata. No entanto, a amamentação é mais do que um alimento: pode ser um medicamento potente e um poderoso meio de comunicação entre as mães e seus bebês. Como? Ao que tudo indica, o sistema imunológico do bebê de fato conversa com o da mãe por meio dos mamilos.
Nada disso é de espantar, visto que as mulheres têm desenvolvido esse sistema por [supostos] 300 milhões de anos [e o milagre mais uma vez é atribuído à evolução cega!].

Sabia que seu leite lentamente se personaliza às necessidades do seu bebê, “recalibrando” sua composição para levar em conta sua idade e até mesmo a temperatura exterior (em um clima mais quente, adiciona mais água para hidratar o bebê de forma mais eficaz, por exemplo)? É, o leite materno é algo muito complexo. A matéria de Angela Garbes no site The Stranger ajuda a entendermos um pouco melhor como ele age. Garbes entrevistou Katie Hinde, bióloga evolucionista que possui um blog sobre amamentação. [E mesmo com toda essa complexidade que depende de informação complexa e específica, há quem consiga acreditar contra todas as evidências que processos evolutivos cegos seriam capazes de dar origem a esse mecanismo.]

De acordo com Hinde, quando um bebê mama no peito da sua mãe, um “vácuo” é criado. Dentro desse vácuo, a saliva do bebê é sugada pelo mamilo da mãe, onde os receptores em sua glândula mamária leem seus sinais [sensores químicos surgem do nada?]. A saliva contém informações sobre o estado imunológico do bebê. Tudo o que os cientistas sabem sobre a fisiologia indica que essa troca de saliva é uma das coisas que o leite materno usa para ajustar sua composição imunológica. Se os receptores da glândula mamária detectam a presença de patógenos, eles obrigam o corpo da mãe a produzir anticorpos para combatê-lo, e esses anticorpos viajam através do leite materno de volta para o corpo do bebê, protegendo-o, por exemplo, de infecções.

Como você pode imaginar, por esta e muitas outras razões, o leite materno é de grande interesse para os cientistas em áreas como microbiologia e química dos alimentos.

Quando entendemos a forma como a amamentação funciona, todos os seus benefícios ficam ainda mais evidentes. Já que seus componentes nutricionais e imunológicos mudam todos os dias de acordo com as necessidades específicas individuais da criança, não é de admirar que seja atribuído ao leite materno todo o tipo de vantagens, incluindo um QI mais alto e menor taxa de obesidade.


Nota: Se um mecanismo de tamanha complexidade como esse fosse desenvolvido pelo ser humano, seus criadores seriam aclamados como tremendamente inteligentes. [MB]

Leia mais sobre o leite materno aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Brasileiro faz descoberta incrível em osso de dinossauro


Clique aqui para assistir à reportagem.

A grande pergunta que os evolucionistas evitam é: Como explicar o fato de que cada vez mais amostras fósseis revelam a presença de colágeno e outras estruturas frágeis, incapazes de se manter intactas por tantos milhões de anos? 

O papa nos Estados Unidos

quarta-feira, setembro 23, 2015

Papa é aclamado e Ben Carson começa a ser execrado

Cenário mais do que interessante este: enquanto o papa sul-americano com ares de esquerdista, defensor de uma teologia liberal, descrente na historicidade de Adão e Eva e defensor do domingo como dia de descanso conquista o coração da maior nação protestante do mundo, que deveria estar na vanguarda da defesa dos princípios bíblicos sobre os quais foi fundada, Ben Carson, o presidenciável candidato republicano adventista guardador do sábado vem sendo debochado por justamente defender a Bíblia e o criacionismo. O site The Week traz a provocativa chamada: “Como Ben Carson pode ser ao mesmo tempo inteligente e tão espetacularmente estúpido?” (confira aqui). E o site da MSNBC não deixou por menos: publicou uma matéria com o título “Ben Carson argumentou que a evolução foi ‘incentivada por’ Satanás” (confira aqui).

A matéria do The Week mostra estranheza com o fato de Carson ter estudado medicina numa das melhores universidades do mundo e, ainda assim, defender a visão criacionista. E depois comenta: “Há milhões de pessoas no mundo que acreditam fervorosamente em um poder divino, mas que também reconhecem a verdade da evolução [sic]. A Igreja Católica, por exemplo, é bastante clara em que não há nada de incompatível entre sua teologia e a evolução.” Depois dizem que o “estranho sobre Carson” é o fato de ele ter sido treinado em ciência, mas suas crenças religiosas terem-no tornado incapaz de “olhar objetivamente para qualquer área científica”. O texto da MSNBC chega a chamar as crenças de Carson de “bizarras” e afirma que ele está denegrindo a ciência e os cientistas.

No dia 20, foi a revista Newsweek que destacou a fé do neurocirurgião (confira). A reportagem dedica bom espaço à história do adventismo, explica um pouco das doutrinas da igreja e depois pergunta: “Isso importa?” É o adventismo de Ben Carson se tornando evidente e incomodando (veja também este artigo)...

Enquanto Carson é debochado, o papa Francisco é aclamado. Na capa que vai estampar a revista Time do dia 28 de setembro, o título diz: “O novo Império Romano”, e o subtítulo completa: “O alcance global do papa Francisco”. Hoje o chefe da Igreja Católica discursou na Casa Branca e disse: “A mudança climática é um problema que não podemos deixar para as gerações futuras. [...] Estamos em um momento crítico. Estamos a tempo de fazer a mudança de que necessitamos, de criar um mundo sustentável.” Francisco tem pressa...

Antes da fala do papa, o presidente Barack Obama chegou a compará-lo a Jesus Cristo: “Creio que a emoção que sua visita gera é não apenas por seu papel como papa, mas por suas qualidades únicas como pessoa. Em sua humidade, sua aceitação da humildade, na amabilidade de suas palavras e na generosidade de seu espírito vemos um exemplo vivo dos ensinamentos de Jesus, um líder cuja autoridade moral não apenas chega por meio de suas palavras, mas também por meio de seus atos.”

Dias antes de sua ida aos Estados Unidos, Francisco havia dito que “a mudança climática é real e perigosa. É necessário um novo sistema de governo global para lidar com essa ameaça sem precedentes. Essa nova autoridade política seria responsável pela redução da poluição e o desenvolvimento dos países e regiões pobres”.

O adventismo de Carson começa a incomodar
Como já disse em outra postagem, esta é uma situação bastante interessante: de um lado, o papa atrai todos os holofotes para sua causa ambientalista simpática, com a possibilidade de dar ainda mais ênfase a algo que já publicou em sua encíclica Laudato Si (o domingo como proposta para amenizar o aquecimento global) e, de outro, Carson atrai a atenção da mídia para um aspecto curioso de sua vida – o fato de ser um adventista guardador do sábado e criacionista.

No capítulo 5 do livro O Grande Conflito (recomendo a leitura), escrito há mais de cem anos por Ellen White, ela afirma que as igrejas protestantes estão envolvidas por grandes trevas, do contrário, discerniriam os sinais dos tempos e perceberiam que a Igreja de Roma está ganhando terreno em todas as direções, exatamente como mostra a capa da revista Time acima.

No mesmo livro, na página 615, ela também escreveu: “Como o sábado se tornou o ponto especial de controvérsia por toda a cristandade, e as autoridades religiosas e seculares se combinaram para impor a observância do domingo, a recusa persistente de uma pequena minoria em ceder à exigência popular fará com que essa minoria seja objeto de execração universal.”

Esse evento (o decreto dominical) está num futuro talvez bem próximo. Mas Ben Carson parece já estar experimentando essa execração, assim como a experimentarão seus irmãos de fé.

Michelson Borges



Nota adicional: Alguns têm indagado sobre uma possível inconsistência quanto à capa da Time (imagem acima) na data de 28/9/15. A matéria da Time, “Pope Francis and the New Roman Empire”, pode ser lida aqui. Ela foi inicialmente publicada em 17/9/15, no site da Time, e saiu na versão impressa da Time U.S. em 28/9/15. Contudo, a capa da Time U.S. de 28/9/15 foi outra, conforme este link. A capa do papa na Time U.S. foi a de 5/10/15, que abordou todo o episódio de sua ida aos EUA, o que justifica uma aparente mudança para a capa da Time U.S. de 28/9/15. A capa a que a postagem acima faz menção foi publicada, sim, em 28/9/15, na Time South Pacific (Asia, Europa, Oriente Médio e Africa), conforme este link.

“Se souber a resposta, me liga”

 “Parafraseando Berlinski e desafiando os ateus mimimi, e os evoteístas ‘pelejos da fé’, se você sabe como a evolução conseguiu ligar aminoácidos na sopa primordial, formando um simples peptídeo funcional, me liga. Eu te atenderei, de dia, de noite ou de madrugada. Se sabe como um RNA funcional se formou no mundo do RNA, o que catalisou a reação e de onde vieram os ingredientes; e se sabe como o cromossomo Y dos chimpanzés ficou 100% diferente do dos humanos; e como o dilema de Haldane pode ser respondido; ou como ocorreu a troca de uracila por timina no par RNA/DNA... É só ligar. Liga!” Dr. Marcos Eberlin, professor de química na Unicamp

Artigo científico cita o Gênesis e mestrando fala de Deus


Um artigo científico da Royal Society of Chemistry cita Deus, o livro bíblico do Gênesis e, indiretamente, a célebre frase: “E disse Deus: haja Luz, e houve luz”, como o primeiro ato criativo de Deus. Chineses de coragem! Já que os “cristãos ocidentais” não se manifestam, as “pedras” tem coragem de falar...

Aqui no Brasil, o jovem novacruzense Francisco de Assis Mariano também manifestou coragem. Ele conseguiu ser aceito no mestrado em Filosofia na Universidade Federal da Paraíba defendendo a existência de Deus. “Argumento moral a favor da existência de Deus” foi o tema escolhido pelo rapaz para sua tese de mestrado.

Assis disse o seguinte: “Vou defender a existência de Deus usando a moralidade humana objetiva como evidência, através das ferramentas da filosofia analítica (Lógica, Informação e Linguística).”

Assis diz ser cristão e que sua tese foi baseada em sua fé, e que na verdade há uma rica interação entre o conhecimento filosófico e teológico. O jovem destaca que sua tese foi baseada em três pontos: (1) se Deus não existe, valores e deveres morais objetivos não existem; (2) valores e deveres morais objetivos existem; (3) Deus existe.

Francisco de Assis Mariano
Para Assis, a defesa da existência de Deus no meio filosófico não é novidade em países como os Estados Unidos, mas no Brasil essa separação entre filosofia e teologia é algo que ocorre principalmente nas universidades públicas.

Que esses dois exemplos sirvam de exemplo e motivação para outros estudantes e profissionais, para que não se permitam ser levados a um “gueto” para teístas. Que tenham coragem de manifestar inteligentemente sua fé com bons argumentos e uma vida exemplar.