terça-feira, janeiro 05, 2016

Vinte anos depois: de volta ao passado

Templo da primeira IASD do Brasil
Em 1995, minha esposa (então noiva) e eu passamos alguns dias na casa da família Calson, em Gaspar Alto, SC. Na época, eu estava fazendo pesquisas para concluir meu TCC sobre a chegada do adventismo ao Brasil, com o qual eu obteria o diploma de bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (em 1996). Foram dias muito agradáveis e de muito aprendizado. Tive a oportunidade de conhecer lugares históricos significativos e de entrevistar descendentes de pioneiros ainda vivos na época. Eu era relativamente novo na Igreja Adventista. Fazia apenas quatro anos que era batizado, e ter contato com a linda história da chegada da mensagem adventista ao nosso país reafirmou minha fé e minha convicção de que esse movimento é conduzido por Deus (veja este vídeo que conta parte dessa história).

Antes mesmo de um missionário ou pastor adventista pisar em nosso solo, as publicações produzidas pela Igreja estavam cumprindo sua missão (trabalho há 17 anos numa editora adventista, e isso me enche de alegria!). Pessoas sinceras passaram a ler livros e folhetos enviados de graça e que tratavam de assuntos como a volta de Jesus, a vigência do sétimo dia como repouso sagrado, o estilo de vida saudável para melhor servir a Deus, entre outros temas. A partir daquele pequeno vale entre montanhas, os primeiros missionários saíram para conquistar o Brasil e fazer dele um dos países com a maior população adventista. Foram dias de bênçãos, alegrias, lutas, suor e lágrimas. Dias que não podem ser esquecidos e histórias protagonizadas por pessoas cuja memória tem que ser preservada.

Fazia tempo que eu queria voltar a Gaspar Alto e reviver tudo isso. Fazia tempo que minha esposa e eu queríamos reencontrar o bondoso casal Calson que não apenas nos hospedou, mas me ajudou a obter as informações de que eu precisava para minha pesquisa (material que resultou, pouco tempo depois, na publicação pela CPB do livro A Chegada do Adventismo ao Brasil, hoje esgotado).

Ontem conseguimos matar a saudade. Fomos a Brusque e tiramos algumas fotos no casarão do século 19 dentro do qual foi aberto o pacote contendo as revistas Stimme Der Wahrheit, a primeira literatura adventista a chegar ao Brasil. Em seguida, subimos a Gaspar Alto e visitamos o pequeno museu ao lado da igreja, entramos no templo e depois fomos ao “Cemitério da Esperança”. Mais uma vez me senti inspirado com o que vi, e senti o “sabor” de voltar no tempo: vinte anos e cento e vinte anos atrás. O tempo ali parece ter parado...

No cemitério estão sepultados os pioneiros que pediram para ficar com os túmulos voltados para o Oriente, pois a primeira coisa que querem ver após ressuscitados é justamente a nuvem de anjos que rodeia o Salvador Jesus. Ou seja, mesmo depois de mortos, esses homens e mulheres valorosos ainda “falam” da fé e da esperança pela qual viveram e na qual morreram.

Quero muito conhecer essas pessoas quando Jesus voltar!

Michelson Borges

Casarão comercial do século 19 que pertenceu a Davi Hort

Homenagem ao pioneiro Guilherme Belz

O caminho do passado que motiva o presente

Bacia utilizada na primeira santa ceia ministrada pelo Pr. Frank Westphal

Templo da primeira igreja adventista do Brasil

Com o casal Eliseu e Iria Calson