segunda-feira, fevereiro 01, 2016

O conselho de Hawking para sair da depressão

Que consolo é esse?
Recentemente, como é de costume, uma declaração do famoso físico britânico Stephen Hawking ganhou a mídia e repercutiu mundo afora. Mas, desta vez, o assunto não foi buracos negros nem teorias mirabolantes sobre multiversos. O tema foi bem mais corriqueiro e comezinho: depressão. Na verdade, Hawking, que vive confinado a uma cadeira de rodas há décadas por conta de uma doença neurológica degenerativa, deu conselhos para pessoas que sofrem com depressão. Depois de falar sobre buracos negros, o cientista comparou a depressão a esses corpos, destacando que, não importa o quanto eles sejam escuros, não é impossível escapar deles. Hawking disse o seguinte: “A mensagem desta palestra é que os buracos negros não são tão negros quanto parecem. Eles não são as prisões eternas que pensávamos. As coisas conseguem escapar para fora de buracos negros e possivelmente para outro universo. Então, se você se sentir dentro de um buraco negro, não desista – há uma saída.”

Sinceramente, não vejo muita esperança nem consolo em pensar que, se existe saída de buracos negros, haverá também saída para os buracos negros da minha vida.

Há duas semanas, participei em Orlando, na Flórida, de um evento de saúde promovido pela Igreja Adventista mundial. O tema de estudo neste ano foi saúde emocional. Vários especialistas renomados nessa área apresentaram suas pesquisas. Entre esses pesquisadores, estava Harold Koenig, estudioso da relação entre espiritualidade e saúde. Koenig trabalha na Universidade Duke e apresentou várias evidências científicas atuais dos efeitos positivos de uma vida espiritual relevante sobre a saúde, e destacou os últimos avanços dos estudos neurofuncionais nessa área. Ele mostrou que religiosos têm telômeros mais longos, e depois me explicou que isso se deve ao fato de o envolvimento religioso reduzir o estresse que, por sua vez, é o fator que promove o encurtamento dos telômeros, reduzindo a longevidade. Resumindo: pessoas religiosas, que têm uma religiosidade sadia, vivem mais e melhor.

Koenig também me disse que as crenças religiosas ajudam a reduzir o estresse psicológico que provoca dor, por isso são mais esperançosas e otimistas. E apresentou números interessantes como evidência de suas afirmações: pessoas religiosas vivem uma média de 7 a 14 anos a mais.

Outro palestrante que desenvolve pesquisas sérias na área da saúde emocional é o Dr. Francisco Ramirez, médico especialista em estilo de vida com vários artigos científicos publicados. Ele me disse em entrevista que o estilo de vida insalubre tem levado muitas pessoas à depressão. Falta de exercício físico, descanso insuficiente, privação da luz solar, alimentação inadequada foram itens apontados por ela para a causa de muitos casos de depressão.

O médico Marcello Niek Leal, líder da área de Saúde da Igreja Adventista na América do Sul arrematou o assunto ao meu dizer que, “para ter uma boa saúde emocional, devemos experimentar uma visão integrada da saúde, equilibrando as dimensões física, mental e espiritual, criando uma cadeia retroalimentável de hábitos saudáveis que fortalecem o corpo, desenvolvem a mente e trazem paz ao espírito”.

Como já disse em outra postagem, a verdadeira religião tem que ver com a “religação” com Deus e uma vida harmoniosa em quatro áreas básicas: espiritual, mental, física e social. A base da religião de Cristo é o amor a Deus e ao próximo, o que sintetiza os Dez Mandamentos. Quando vivemos a verdadeira religião bíblica, com seu foco na graça, no perdão e na obediência nascida do amor, a saúde mental e física é uma consequência natural. Os cientistas ainda não sabem exatamente por que a religião traz saúde. Simples: porque fomos criados para crer. Negar essa dimensão humana é convidar a doença.

Pena que Hawking não reconheça isso.         

Michelson Borges