segunda-feira, março 14, 2016

Governos e estudos questionam homeopatia

Efeito placebo
Com boa aceitação por pessoas que buscam tratamentos alternativos de saúde, a homeopatia é questionada por parte da comunidade científica desde o seu surgimento, em 1796, pelas mãos do médico alemão Samuel Hahnemann. Mas esse cerco vem se fechando. Órgãos de saúde de diferentes governos, como dos EUA, Reino Unido e Austrália, estão se posicionando contrários e até levantando restrições à prática. Já na Espanha, universidades de prestígio desativam seus programas de pós-graduação em homeopatia. O movimento, porém, é confrontado por especialistas com formação na área e adeptos, que reafirmam seus benefícios terapêuticos. Por “falta de base científica”, a Universidade de Barcelona, na Espanha, encerrou no início deste mês o curso de pós-graduação em homeopatia, seguindo decisões similares tomadas pela Universidade de Zaragoza, em 2014; Córdoba, em 2013; e Sevilha, em 2009. A extinção da cadeira veio como resposta a um abaixo-assinado que questionava o ensino da terapia, “que não está apoiada na evidência e carece de metodologia científica”.

O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido classifica a homeopatia “cientificamente implausível” com performance não superior à dos placebos – embora exista mais de um hospital de homeopatia no país. Nos EUA, a Administração para Drogas e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) estuda aumentar a regulação sobre o setor. Na Austrália, o Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (NHMRC, na sigla em inglês) concluiu, após extensa revisão científica feita ano passado, não existir “evidências confiáveis” da eficácia no tratamento com humanos.

Paul Glasziou, professor da Universidade Bond, na Austrália, e líder dessa revisão científica, afirma que foram conduzidas “57 revisões sistemáticas com 175 estudos individuais, que não encontraram efeito convincente superior ao do placebo”. De acordo com o pesquisador, foi surpresa encontrar estudos sobre os efeitos da homeopatia em diversas condições clínicas, incluindo infecções na boca provocadas por quimioterapia e aids.

“Dada a atual eficácia dos tratamentos, isso parece uma atividade dúbia”, afirmou Glasziou em artigo publicado recentemente no conceituado British Medical Journal. “Isso justifica o comunicado do NHMRC de que pessoas que escolhem a homeopatia podem colocar sua saúde em risco se rejeitarem ou atrasarem tratamentos com boas evidências para segurança e efetividade.” [...]

A homeopatia se baseia no princípio da “cura pelo semelhante”. Seus adeptos creem que uma substância na natureza, quando diluída e dinamizada em água, pode curar os mesmos sintomas que produz num indivíduo saudável. No Brasil, a homeopatia é especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cobertura para a terapia desde 2006, dentro da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, que também contempla tratamentos com plantas medicinais e fitoterapia, medicina tradicional chinesa, acupuntura, medicina antroposófica e termalismo social. De acordo com o Ministério da Saúde, cabe aos municípios decidirem ou não pela oferta dessas práticas.

Dados do DataSUS apontam que a adoção da homeopatia vem aumentando. Em janeiro de 2009 existiam no país 97 estabelecimentos no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde habilitados para o serviço, concentrados na Região Sudeste, com 79. Em janeiro deste ano, eram 205 estabelecimentos cadastrados, sendo 158 no Sudeste, mas número maior espalhado pelo país.

O médico Francisco José de Freitas, professor do Departamento de Homeopatia e Terapêutica Complementar da UniRio, defende que existem, sim, estudos científicos que comprovam a eficácia da homeopatia. Ele entende que a especialidade seja contestada por não se ajustar aos padrões metodológicos da medicina alopática, mas pesquisas qualitativas demonstram os efeitos da terapia. [...]

Crítico da homeopatia, o professor da Uerj e da UFRJ Miguel de Lemos [diz que] a diluição dos compostos químicos nos remédios homeopáticos faz com que o princípio ativo não exista mais, mas existe o efeito placebo. “O efeito placebo se dá ao aplicar uma substância que não tem efeito nenhum, mas pelo simples fato de o indivíduo acreditar no efeito benéfico, ele melhora. A homeopatia pode ser enquadrada como uma terapia alternativa, como o Floral de Bach. Mas o indivíduo melhora pelo efeito placebo. Fica difícil acreditar que seja pela diluição infinitesimal dos medicamentos.” [...]


Nota: Há milênios, a Bíblia Sagrada apresenta “remédios” naturais cuja eficácia vem sendo comprovada ano após ano, pois têm fundamento científico e não estão baseados em conceitos místicos e/ou metafísicos. O uso da água, tanto por dentro quanto por fora do corpo tem efeitos comprovados e cientificamente explicáveis. A exposição adequada aos raios solares igualmente traz resultados benéficos. O ar puro, a alimentação o mais natural possível, o exercício físico e o repouso suficiente, o equilíbrio e a confiança em Deus - todas essas oito dicas do Fabricante realmente funcionam e, quando devidamente utilizadas, não têm contraindicação. No século 19, a escritora inspirada Ellen White já recomendava essa terapia natural, essa medicina preventiva. Terapias ditas alternativas, como a homeopatia e outras, já estavam disponíveis no tempo de Ellen (o criador da homeopatia faleceu em 1843), no entanto, ela nunca as recomendou. Preferiu ficar do lado da ciência. A saúde e o corpo são seus. Você escolhe. [MB]