quarta-feira, março 30, 2016

O cérebro dá preferência à ciência ou à religião?

Compatibilização possível
O mundo parece estar dividido entre pessoas religiosas e pessoas que acreditam na ciência. De acordo com um novo estudo, essa divisão não é acidental: nosso cérebro se comporta de forma diferente quando vê o mundo através dos dois posicionamentos. Os pesquisadores da Universidade Case Western Reserve e da Faculdade Babson (EUA) chegaram à essa conclusão através de oito estudos independentes que envolviam questionários e experimentos. Cada um tinha entre 159 e 527 adultos e comparava os resultados daqueles com crenças em um deus ou em um espírito universal e aqueles sem religião. A pesquisa indica que aqueles com crenças espirituais ou religiosas aparentam suprimir uma rede cerebral usada para o pensamento analítico. Assim, podem se engajar no pensamento empático. Igualmente, os não religiosos suprimem o pensamento empático para usar o analítico.

Tony Jack, o principal pesquisador desse trabalho, explica que deixar de lado o pensamento crítico para acreditar no sobrenatural faz sentido para nos ajudar a atingir a compreensão social e emocional. Essas duas redes do cérebro se revezam para encarar as diferentes situações do nosso dia a dia. Apesar disso, os pesquisadores afirmam que nenhum dos dois tem o monopólio para trazer as grandes respostas da vida. A natureza humana permite que exploremos nossas experiências usando os dois padrões de pensamento.

“A religião não deve nos falar sobre a estrutura física do mundo; esse é o trabalho da ciência. A ciência deve informar nossa razão ética, mas não pode determinar o que é ético ou como devemos construir sentido e objetivo para nossas vidas”, acrescenta Jack.

Os pesquisadores também argumentam que a ciência e a religião não devem ser sempre vistas como forças opostas. O estudo aponta que vários grandes cientistas tiveram crenças religiosas, incluindo 90% dos ganhadores do Prêmio Nobel. Entender a interação entre esses dois tipos de pensamento, porém, pode enriquecer os dois lados.

“Longe de estar sempre em conflito com a ciência, dentro das circunstâncias corretas as crenças religiosas podem promover a criatividade científica”, conclui o pesquisador.


Nota: E dentro das “circunstâncias corretas”, a ciência pode ser perfeitamente aceita pela religião. É o que ocorre com o método científico, por exemplo, uma ferramenta muito útil para investigar o mundo que nos rodeia. É o que ocorre, também, com as conclusões a que chegamos com base em evidências concretas, derivadas de observação direta da natureza. Assim, a verdadeira ciência e a boa teologia dão-se as mãos para nos ajudar a entender a vida e o Universo em que vivemos, em seus domínios material e espiritual, que, na verdade, são uma coisa só. Agora, quando se trata de filosofias que posam de ciência, como a hipótese da macroevolução ou mesmo o naturalismo metafísico, a coisa muda de figura. A boa teologia jamais poderá concordar com essas visões de mundo ateias que, obviamente, negam a religião e a existência do Criador. Entre os grandes cientistas que não dicotomizaram ciência e religião – na verdade as compatibilizaram e, por isso, enxergaram mais longe – estão Galileu Galilei, Isaac Newton, Johannes Kepler, Nicolau Copérnico, Blaise Pascal e muitos outros. Assim, o mundo não precisa estar dividido entre pessoas religiosas e pessoas que acreditam na ciência. Podemos ser pessoas que se valem das duas e que promovem um “culto racional” (Romanos 12:1). [MB]