terça-feira, março 08, 2016

Se for eleita, Hillary Clinton quer combater a religião

Candidata linha-dura
As eleições presidenciais nos Estados Unidos no próximo ano deverão ser marcadas pelo embate de ideias de perfis diferentes. Os pré-candidatos do Partido Republicano que se apresentaram até agora sustentam um perfil conservador. Já o principal nome do Partido Democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, resolveu abraçar o discurso liberal por completo. Durante uma conferência sobre feminismo, realizada em Nova York, Hillary (esposa do ex-presidente Bill Clinton) disse que os governos devem usar tudo que tem à disposição para combater a religião. “Os códigos culturais profundamente enraizados, as crenças religiosas e as fobias estruturais precisam mudar. Os governos devem empregar seus recursos coercitivos para redefinir os dogmas religiosos tradicionais”, declarou. O tom ditatorial usado pela pré-candidata recebeu destaque internacional, com repercussões em países latinos, Europa e aqui no Brasil.

De acordo com o jornal espanhol La Gaceta, Hillary defendeu o aborto como “um direito da mulher”, e disse que as opiniões contrárias a isso formadas a partir de crenças religiosas são um gesto de discriminação às mulheres e homossexuais. “Os direitos devem existir na prática, não só no papel. As leis têm que ser sustentadas com recursos reais”, disse Hillary, justificando o uso da força (recursos coercitivos) para que essas ideias sejam postas em práticas.

Usando um eufemismo, Hillary referiu-se ao aborto como uma defesa da “saúde sexual e reprodutiva”, e disse que os contrários à interrupção de gestações “se erigem como líderes”, e, portanto, precisam ser confrontados.

A repercussão das declarações de Hillary foram negativas no meio cristão norte-americano. Bill Donohue, representante da Liga Católica dos Estados Unidos, destacou que nunca um pré-candidato à presidência do país havia se posicionado contra a religião de forma tão clara. Já Ed Morrissey, colunista do HotAir, ironizou: “Candidatar-se à presidência dos Estados Unidos prometendo usar recursos públicos para acabar com as crenças religiosas é, provavelmente, o slogan progressista mais sincero da história. Insinuar que uma nação construída sobre o pilar da liberdade religiosa vai empregar a força do Estado para mudar as práticas religiosas é uma declaração sem precedentes.”

Antes de sua bem-sucedida carreira política – foi primeira-dama e a partir daí elegeu-se senadora, e depois de derrotada por Obama em 2008, foi nomeada secretária de Estado pelo presidente –, Hillary apresentava um discurso diferente. Criada em uma família evangélica, Hillary frequentava a Primeira Igreja Metodista Unida de Park Ridge, no estado de Illinois. Dessa época, carregou por décadas a amizade e os conselhos de seu então pastor de jovens Don Jones, morto em 2009.

Hillary ficou conhecida por levar sempre um exemplar da Bíblia Sagrada em sua bolsa. Em 2007, disse à CNN que sua prática de fé é um exercício diário, pois o despertar espiritual “não vem naturalmente”, mas surge em seu coração toda vez que se depara com adversidades: “A existência de sofrimento nos chama para a ação”, disse à época.

Voltando um pouco mais no tempo, em 1993 ela proferiu um de seus mais famosos discursos, na Universidade do Texas, quando dizia que é preciso dar um novo significado à política: “Temos de reunir o que nós acreditamos ser mais correto moral, ética e espiritualmente, e fazer o melhor que podemos com a orientação de Deus.”


Nota: Parece que o cenário político nos Estados Unidos vai ficar complicado a partir do ano que vem... Se vencer, a ultraliberal Hillary poderá criar um cenário coercitivo para as religiões (imagino que especialmente para aquelas tidas como “exóticas” e/ou “fundamentalistas”, defensoras do casamento bíblico e opositoras do aborto indiscriminado); por outro lado, se vencer o radical Donald Trump, já sabemos que ele tem certo preconceito contra os adventistas, haja vista sua declaração num comício com relação ao adventista Dr. Ben Carson, então também pré-candidato. Parece que a disputa presidencial acabará ficando entre dois líderes linha-dura. Num cenário assim, poderá se destacar ainda mais um líder “equilibrado” e mundialmente respeitado como o papa Francisco. É acompanhar para ver no que isso vai dar. [MB]