Candidata linha-dura |
As
eleições presidenciais nos Estados Unidos no próximo ano deverão ser marcadas
pelo embate de ideias de perfis diferentes. Os pré-candidatos do Partido
Republicano que se apresentaram até agora sustentam um perfil conservador. Já o
principal nome do Partido Democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton,
resolveu abraçar o discurso liberal por completo. Durante uma conferência sobre
feminismo, realizada em Nova York, Hillary (esposa do ex-presidente Bill
Clinton) disse que os governos devem usar tudo que tem à disposição para
combater a religião. “Os códigos culturais profundamente enraizados, as crenças
religiosas e as fobias estruturais precisam mudar. Os governos devem empregar
seus recursos coercitivos para redefinir os dogmas religiosos tradicionais”,
declarou. O tom ditatorial usado pela pré-candidata recebeu destaque
internacional, com repercussões em países latinos, Europa e aqui no Brasil.
De
acordo com o jornal espanhol La Gaceta,
Hillary defendeu o aborto como “um direito da mulher”, e disse que as opiniões
contrárias a isso formadas a partir de crenças religiosas são um gesto de
discriminação às mulheres e homossexuais. “Os direitos devem existir na
prática, não só no papel. As leis têm que ser sustentadas com recursos reais”,
disse Hillary, justificando o uso da força (recursos coercitivos) para que
essas ideias sejam postas em práticas.
Usando
um eufemismo, Hillary referiu-se ao aborto como uma defesa da “saúde sexual e
reprodutiva”, e disse que os contrários à interrupção de gestações “se erigem
como líderes”, e, portanto, precisam ser confrontados.
A
repercussão das declarações de Hillary foram negativas no meio cristão
norte-americano. Bill Donohue, representante da Liga Católica dos Estados
Unidos, destacou que nunca um pré-candidato à presidência do país havia se
posicionado contra a religião de forma tão clara. Já Ed Morrissey, colunista do
HotAir, ironizou: “Candidatar-se à
presidência dos Estados Unidos prometendo usar recursos públicos para acabar
com as crenças religiosas é, provavelmente, o slogan progressista mais sincero da história. Insinuar que uma
nação construída sobre o pilar da liberdade religiosa vai empregar a força do
Estado para mudar as práticas religiosas é uma declaração sem precedentes.”
Antes
de sua bem-sucedida carreira política – foi primeira-dama e a partir daí
elegeu-se senadora, e depois de derrotada por Obama em 2008, foi nomeada
secretária de Estado pelo presidente –, Hillary apresentava um discurso
diferente. Criada em uma família evangélica, Hillary frequentava a
Primeira Igreja Metodista Unida de Park Ridge, no estado de Illinois. Dessa
época, carregou por décadas a amizade e os conselhos de seu então pastor de
jovens Don Jones, morto em 2009.
Hillary
ficou conhecida por levar sempre um exemplar da Bíblia Sagrada em sua bolsa. Em
2007, disse à CNN que sua prática de fé é um exercício diário, pois o despertar
espiritual “não vem naturalmente”, mas surge em seu coração toda vez que se
depara com adversidades: “A existência de sofrimento nos chama para a ação”,
disse à época.
Voltando
um pouco mais no tempo, em 1993 ela proferiu um de seus mais famosos discursos,
na Universidade do Texas, quando dizia que é preciso dar um novo significado à
política: “Temos de reunir o que nós acreditamos ser mais correto moral, ética
e espiritualmente, e fazer o melhor que podemos com a orientação de Deus.”
Nota:
Parece que o cenário político nos Estados Unidos vai ficar complicado a partir
do ano que vem... Se vencer, a ultraliberal Hillary poderá criar um cenário
coercitivo para as religiões (imagino que especialmente para aquelas tidas como
“exóticas” e/ou “fundamentalistas”, defensoras do casamento bíblico e
opositoras do aborto indiscriminado); por outro lado, se vencer o radical
Donald Trump, já sabemos que ele tem certo preconceito contra os adventistas,
haja vista sua declaração num comício com relação ao adventista Dr. Ben Carson,
então também pré-candidato. Parece que a disputa presidencial acabará ficando entre dois líderes linha-dura. Num cenário assim, poderá se destacar ainda mais um
líder “equilibrado” e mundialmente respeitado como o papa Francisco. É
acompanhar para ver no que isso vai dar. [MB]