sexta-feira, abril 29, 2016

National Geographic fala de experiências com a morte

Recheada de testemunhos e relatos de pessoas que passaram pela tal experiência de quase morte (EQM), a matéria de capa da edição de abril da revista National Geographic tem como título “A ciência explica a morte”. Só que, depois da leitura, a gente percebe que não explica coisa nenhuma, e o texto é apenas um apanhado requentado de várias pesquisas e muitas especulações. A verdade é que ninguém sabe o que é a morte nem por que morremos. Não existe explicação naturalista nem científica para esse evento dramático. Prova disso é que a matéria da National Geographic, como eu disse, está rechegada de experiências de pessoas que juram ter se “desprendido” do corpo ou caminhado pelo famoso túnel de luz. Fala em ciência, mas menciona espíritos e coisas do tipo, e deixa no ar uma sensação de mistério em lugar de explicações científicas. Só que há dois tipos de explicação para as EQMs: uma científica e outra teológica. Vamos lá.     

Uma pesquisa da Universidade do Kentucky, em Lexington (EUA), fez uma experiência de monitoramento cerebral. Eles descobriram que as situações de proximidade com a morte, durante um sono induzido por anestesia, ativam os mesmos mecanismos neurológicos que entram em ação quando uma pessoa tem sonhos lúcidos, com plena consciência do que está sonhando. Ambos seriam estimulados pelo córtex dorsolateral pré-frontal, uma área que normalmente só funciona quando estamos acordados.

O coordenador do estudo, Kevin Nelson, disse que os resultados da pesquisa indicam que uma “intrusão” do estado de sono REM contribui para as sensações de “quase morte”. “Vejo (o fenômeno) como uma ativação de certas regiões do cérebro que também estão ativas durante o estado de sonho”, disse Nelson ao jornal britânico Daily Telegraph.

Na Califórnia, existe o Centro de Pesquisas de Experiências Fora-do-corpo (OOBE Research Center, na sigla em inglês), especializado no assunto. Com base no estudo de Kentucky, os pesquisadores da Califórnia conduziram um estudo com quatro grupos de voluntários, cada grupo tendo entre 10 e 20 integrantes. Os participantes foram colocados para dormir, com a condição de imaginarem ao máximo a ideia de estarem entrando por um túnel com fim luminoso e tentarem sonhar com isso. Dezoito voluntários afirmaram terem sido capazes de sonhar com isso. Outros, embora não tenham conseguido, tiveram a experiência de “sair do corpo”, vendo a si mesmos flutuando e, às vezes, tendo a visão de um ente querido já falecido.

Entre os que “saíram do corpo”, o momento da ocorrência foi mensurável: em geral, acontecia durante a tênue linha entre estar acordado e adormecido. Isso se observou como ponto em comum entre todos os participantes, o que indica, segundo os pesquisadores, que se trata de um mecanismo cerebral pré-programado – tudo pode ser apenas um reflexo condicionado do cérebro, que gera um sonho com extremo realismo.

Um grupo de médicos da Universidade George Washington percebeu que a atividade cerebral de pessoas que estavam morrendo ia ficando cada vez menor. Mas, nos últimos momentos antes da morte, o córtex cerebral (área responsável pela consciência) simplesmente disparava, e permanecia 30 a 180 segundos num nível muito mais alto, antes de cessar de vez. Isso acontece porque, quando os neurônios ficam sem oxigênio, perdem a capacidade de reter energia e começam a disparar em sequência – num efeito dominó que poderia provocar alucinações. “Isso pode explicar as experiências extracorpóreas relatadas por pacientes que quase morreram”, afirma o estudo assinado pelos médicos.

Mas por que é tão comum o relato do tal túnel de luz? Vou tentar explicar com outro caso de uma pessoa que esteve à beira da morte e voltou para contar a história.

Orlando Mário Ritter é adventista do sétimo dia de nascimento e pastor há vários anos. Em 2014, devido a um sério problema de saúde, ele teve que passar por várias cirurgias, uma particularmente delicada que quase o levou à morte (leia o relato aqui). Sobre essa experiência, ele conta o seguinte: “Um médico espiritualista me perguntou, depois de uma breve explicação sobre minha ‘quase morte’: ‘Você passou pelo túnel de luz? Você viu os espíritos?’ E eu respondi: ‘Sim, passei pelo túnel de vidro, mas não vi nenhum espírito.’ Ele tornou a perguntar: ‘O que você viu, então?’ O que eu ‘vi’ de forma surpreendentemente clara – e não foi por pouco tempo – foi a história da humanidade, conforme o relato bíblico. Vi desde o fim do dilúvio até momentos antes da volta de Cristo, quando o mar começava a engolir as ilhas e cidades costeiras, até que subitamente tudo ficou escuro e não vi mais nada.”

O médico então perguntou novamente para o pastor Orlando: “Você não viu a luz no fim do túnel?” E ele respondeu que havia “visto” cenas incríveis da História, mas não luz alguma no fim do túnel. Então o médico explicou o que ocorre nesse estado de “quase morte”: conforme vai diminuindo a oxigenação do cérebro, começam a surgir imagens vindas do subconsciente na forma de “túnel”, e provavelmente ele não tenha visto o fim do túnel porque sua condição de oxigenação melhorou e o “sonho vívido” foi forte o suficiente para ficar gravado, mas sem ser finalizado.

Para o pastor Orlando, que também é formado em Química e Pedagogia, os sonhos podem revelar imagens que estão latentes no subconsciente e que, no caso dele, não incluíam “espíritos” de forma alguma, já que sua formação está alicerçada na Bíblia Sagrada.

A maioria das pessoas tem algum tipo de visão espiritualista da vida, ainda que sejam católicas ou evangélicas, já que essas correntes religiosas acreditam na imortalidade da alma e na existência de “espíritos”. Acreditam também em conceitos equivocados a respeito de céu e inferno, e são frequentes relatos de crentes que dizem ter sonhado com esses lugares mitológicos.

Também não podemos descartar a atuação do inimigo de Deus na mente das pessoas, no sentido de ajudar a reforçar e dar publicidade à sua mentira de que o ser humano possuiria imortalidade incondicional.

Uma pessoa cuja mente foi alimentada com as verdades da Palavra de Deus, segundo a qual os mortos estão como que dormindo aguardando a ressurreição por ocasião da volta de Jesus (veja o vídeo abaixo), dificilmente verá túneis de luz e espíritos.

Michelson Borges