segunda-feira, maio 16, 2016

O impacto da esperança

Pastor André presenteia um ciclista
O sábado 14 de maio foi um desses dias que deixam evidente o poder de um povo que sabe de onde veio, por que está aqui e para onde vai. Um povo que descobriu a fonte e o poder da esperança, mas que não se contenta em guardá-la para si. Um povo tão feliz que não consegue (nem deve) reprimir o desejo de compartilhar essa alegria, essa esperança. Nesse sábado memorável, mais uma vez milhares de adventistas do sétimo dia sul-americanos foram para as ruas, desta vez para presentear as pessoas com o livro Esperança Viva, do pastor Ivan Saraiva. O Impacto Esperança é um projeto da Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista (DSA) e que já dura uma década. A cada ano promove a distribuição de milhões de livros no continente. Ao todo, já foram espalhados gratuitamente centenas de milhões de exemplares, praticamente um para cada família.

Com um grupo de editores da Casa Publicadora Brasileira e da Asociación Casa Editora Sudamericana (da Argentina), as editoras que publicaram o livro, tive o privilégio de entregar alguns exemplares no Hospital Geral de Guarulhos. Encontramos ali, como era de se esperar, pessoas sofrendo, preocupadas, tristes. Além de entregar os livros, pudemos conversar com algumas delas, abraçá-las e orar por elas. Os seguranças do hospital, inicialmente relutantes e desconfiados, abriram o sorriso quando mencionamos a TV Novo Tempo. Um deles disse: “Não perco um programa do Leandro Quadros.” Ganharam livros e até posaram para uma foto com a gente.

Pastor André e eu entregamos livros para os seguranças do hospital

 Foram momentos muito especiais. Não tem preço ver o sorriso no rosto de alguém que sofre. E mais gratificante ainda é saber que a leitura do livro poderá mostrar à pessoa quem é a verdadeira esperança viva.

Entre tantos eventos e iniciativas criativas (como a do uso de cachorros para entregar livros, por exemplo!), uma cerimônia se destacou. Foi em Indaiatuba, interior do Estado de São Paulo, e teve sabor de história. Para lá se dirigiu uma caravana de ônibus e carros, levando um verdadeiro exército responsável pela distribuição de 21 mil livros na cidade. Mas o que houve de diferente ali? Para entender isso, é preciso saber quem está sepultado naquela cidade.

O Cemitério da Candelária abriga o túmulo do primeiro adventista batizado no Brasil, no ano de 1895: Guilherme Stein Jr. Guilherme foi também o primeiro editor e o primeiro professor adventista em nosso país, além de ter sido, igualmente, o primeiro tradutor brasileiro de um livro de Ellen White, O Grande Conflito. Depois de se apaixonar pela mensagem bíblica dos adventistas, Guilherme passou a fazer parte da igreja e abraçou a missão dela. Então, nada mais justo do que, além de prestar uma homenagem póstuma ao pioneiro, dar início ali, diante de seu túmulo, ao Impacto Esperança em Indaiatuba. (Na foto abaixo, o presidente sul-americano da Igreja Adventista, pastor Erton Köhler, descerra a placa em homenagem a Guilherme e de registro dos cem anos da DSA.)

Prs. Aurelino Ferreira, José Carlos de Lima e Erton Köhler descerram a placa

Mas há uma história por trás dessa história, e quem conta os detalhes é o pastor Jael Enéas, um apaixonado pelo legado histórico da Igreja Adventista e diretor de Desenvolvimento Espiritual do Instituto Adventista São Paulo (Iasp):

“No dia 17 de abril, a equipe de mapeamento do Iasp procurava o túmulo de Guilherme Stein Jr. (1871-1957), o primeiro adventista batizado no Brasil. Sabia-se que o pioneiro fora sepultado em Indaiatuba, a cidade que receberia de presente 21 mil livros missionários. A cidade tem quatro cemitérios. Enfim, no Cemitério da Candelária, encontramos o Sr. Francisley, administrador do cemitério, que nos disse: ‘Sem informações concretas, nada posso fazer.’ Nessa hora, lembramos de ligar para o editor da revista Vida e Saúde, pastor Michelson Borges, autor do livro A Chegada do Adventismo ao Brasil (2005). O visor digital do celular marcava 13h50 quando ligamos para ele na Casa Publicadora Brasileira: ‘Alô, mestre, tudo em paz? Ajude-nos, por favor. O amigo sabe de cabeça o ano da morte de Guilherme Stein Jr.?’ ‘Incrível!’, falou Michelson. ‘Por sorte, estou com o livro do Dr. Ruy Vieira em mãos (A Época e a Obra Pioneira de Guilherme Stein Jr. [SCB, 2015]). Acho que nas páginas finais tem uma foto do túmulo’, nos tranquilizou Michelson, ao pedir um momento para encontrar a imagem. ‘Achei. Com esta foto vocês devem encontrar o túmulo’, nos encorajou o editor. A foto foi enviada via celular.”

Jael prossegue a narrativa: “No dia 14, a Caravana da Esperança chegou a Indaiatuba às 11h15. No Cemitério da Candelária, prestigiava o vice-prefeito, Antonio Carlos Pinheiro, acompanhado de assessores. Na abertura, o pastor Köhler desafiou: ‘Que nós não tenhamos só uma renovação do compromisso desse movimento. Mas que usemos todas as nossas forças para cumprir a missão, no exemplo de Guilherme Stein Jr. e de sua esposa, Maria Krähenbühl Stein.’”

Que a obra iniciada pelos pioneiros adventistas possa ser concluída por esta geração que se levanta! E que o espírito missionário contagie a todos os que desejam ver Jesus voltar em breve! Maranata!

Michelson Borges