quinta-feira, julho 14, 2016

Igrejas e novela ajudam a destruir conceito de casamento

Quebrado o último tabu
No último sábado, um pastor evangélico de 33 anos se “casou” com um cabeleireiro e diácono de 31 anos, com quem já vivia fazia cinco anos. A cerimônia religiosa foi realizada na Igreja Cristã Contemporânea, localizada no Barro Preto, região Centro-Sul de Belo Horizonte, a única da cidade. “Quando me descobri gay na adolescência, acabei me afastando da igreja por muito tempo, mas sempre ficou aquele vazio. Sou de uma família tradicional evangélica. Nessa época, nem a igreja nos aceitava nem a legislação. Ao encontrar a Igreja Cristã Contemporânea, no Rio, me encontrei como pessoa e como cristão. Casar na igreja sempre foi um sonho meu, mas eu sempre me senti privado disso”, conta o pastor. A novidade atraiu novos e antigos fiéis que haviam desistido de suas crenças por não se sentirem aceitos. Atualmente, a Igreja Cristã Contemporânea em Belo Horizonte conta com a primeira diaconisa transexual da cidade.

Para o pastor, que é de origem presbiteriana, a Igreja Cristã Contemporânea é tão evangélica quanto qualquer outra. “A igreja tem todo o formato da igreja evangélica, com exceção de não fazer distinção dos fiéis por orientação sexual”, explica.

A Contemporânea já conta com 14 templos espalhados pelo Brasil. O “casal” que criou a igreja no Rio tem três filhos adotados, um de 13 anos, um de dez e a caçula, de oito meses. Antes de ser pastor na Contemporânea, o fundador dela foi pastor da Igreja Universal por dez anos. 

O pastor fundador diz que Jesus nunca condenou a homossexualidade, e diz ter certeza de que, se Ele estivesse em seu lugar, faria a mesma coisa, ou seja, “celebraria o amor”. E apela (para a ignorância): “A Bíblia não condena isso; em Eclesiastes, por exemplo, ela diz que é melhor serem dois do que um. Mas não diz que é melhor que seja um homem e uma mulher.”

Fora do Brasil, uma notícia relacionada a isso também chamou atenção. Uma denominação protestante britânica com cerca de 60 mil seguidores decidiu no sábado passado permitir a celebração de “casamentos gays” em suas igrejas. Integrantes da United Reform Church (URC), que surgiu da união de duas outras congregações em 1972 e tem raízes no Presbiterianismo, tomaram a decisão em uma assembleia-geral realizada em Southport, nos arredores de Liverpool (noroeste da Inglaterra).

De volta ao Brasil, quem colaborou, mais uma vez, para que o público aos poucos se acostume definitivamente com as relações homoafetivas mostradas na tela foi a maior emissora de TV do país, com cenas exibidas na novela “Liberdade, liberdade”. Na terça-feira, dia 12, dois personagens do folhetim (um deles coronel) protagonizaram cenas de sexo, tornando o assunto um dos mais comentados nas redes sociais (onde fiquei sabendo do caso) e, como era esperado e desejado, elevando às alturas o ibope da novela. Assim, o último tabu acabou de ser quebrado, contando com a total dessensibilização dos telespectadores. Foi um processo gradual, desde a primeira exibição de beijo lésbico no SBT (confira), anos atrás, passando por outra cena dessa natureza, na novela “Babilônia” (confira), e culminando com a cena levada ao ar nesta semana.

Detalhe: há alguns sábados, a mesma emissora que trata a relação homoafetiva com tanto respeito e tenta candura ironizou a volta de Jesus em um programa humorístico.

A que ponto chegamos? O conceito bíblico de casamento (a união heteromonogâmica criada e celebrada por Deus) está sendo totalmente destruído, e com o consentimento de pessoas que se dizem cristãs; que chegam ao ponto de supor que Jesus celebraria um “casamento” gay! É óbvio que Jesus nunca condenou homossexuais. A Bíblia não faz isso. Deus não faz isso, e ninguém tem o direito de fazer. Mas Jesus condenou – como toda a Bíblia faz – as relações sexuais ilícitas, como a fornicação (sexo antes do casamento), o adultério (sexo fora do casamento), o incesto e outras distorções sexuais pecaminosas, como as relações íntimas entre pessoas do mesmo sexo. Aqueles que persistem nesse tipo de pecado, acabam condenados com seu pecado. É preciso diferenciar as pessoas dos atos, mas não se pode passar por alto a pecaminosidade dos atos. Todos são livres para escolher o caminho que querem trilhar e a vida que querem viver, só não podem violentar o texto bíblico nem a pessoa de Jesus, fazendo com digam o que nunca disseram.

O abandono da cosmovisão criacionista e a relativização pós-moderna estão, finalmente, dando seus frutos já maduros. A minoria que insistir em defender os valores e os princípios bíblicos será cada vez mais considerada deslocada desta “Babilônia” em que se transformou o mundo que só pensa em “Liberdade, liberdade”. E isso é mais um sinal de que este planeta está com seus dias contados. [MB]