sexta-feira, agosto 19, 2016

Os contrastes e os extremos da Olimpíada no Brasil

Phelps se encontrou com Deus
Os jogos olímpicos no Brasil, como é comum nesse tipo de evento, estão gerando uma série de histórias e imagens em vídeos e fotos que ficarão gravadas na memória das pessoas e nos arquivos das grandes empresas de comunicação. Mas algumas delas chamaram especial atenção por revelar os extremos de dois mundos, de duas culturas, de duas realidades. O norte-americano Michael Phelps testemunhou ter saído do “fundo do poço” graças ao poder de Deus. O campeão mundial de natação, atleta olímpico mais condecorado de todos os tempos, com 22 medalhas conquistadas, sendo 18 de ouro, em quatro Olimpíadas, revelou ao canal ESPN: “Eu era um trem desgovernado. Eu era como uma bomba-relógio, esperando para explodir. Eu não tinha autoestima. Houve momentos em que eu não queria estar aqui. Aquilo não era bom. Eu me sentia perdido.” Phelps consumiu drogas, foi preso duas vezes por dirigir alcoolizado e chegou a pensar em suicídio.

Tudo começou a mudar quando seu amigo cristão, o astro da Liga de Futebol Americano Ray Lewis, o ajudou a sair daquela situação depressiva. Lewis chamou Phelps e lhe disse: “Esse é o momento em que lutamos. É o momento em que nosso verdadeiro caráter se mostra. Não desista. Se você desistir, todos nós perdemos.” E convenceu Phelps a procurar ajuda em uma clínica de reabilitação comportamental. Phelps atendeu o conselho do amigo e deu entrada na clínica. Lá ele leu um livro cristão que ganhou de Lewis.

Depois de ler o livro por alguns dias, Phelps chamou o amigo para conversar. “Cara, este livro é muito louco!”, exclamou o nadador. “A coisa que está acontecendo... oh, meu Deus... meu cérebro, eu não posso agradecer-lhe o suficiente. Estou ‘pirando’, cara. Você salvou a minha vida.”

Phelps disse à ESPN que o livro o ajudou a acreditar que há um poder maior que ele e que há um propósito para ele neste planeta. O livro também convenceu o atleta a se reconciliar com seu pai distante, Fred, que se divorciou da esposa quando Phelps tinha apenas nove anos de idade.

Depois de deixar a clínica, em novembro de 2014, Phelps voltou a treinar para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Três meses depois, ele pediu sua namorada de longa data, Nicole Johnson, em casamento. Em 5 de maio do ano passado, Nicole deu à luz Boomer Robert, seu primogênito com Phelps. E na olimpíada deste ano, no Rio de Janeiro, o nadador conquistou cinco medalhas de ouro e uma de prata, tornando-se o maior vencedor da história dos Jogos Olímpicos. Foi realmente uma volta por cima, com Deus. (Assista a este vídeo para saber mais sobre a experiência de Phelps.)

Para Uchimura, Deus não existe
Mas há os que insistem em não reconhecer a presença e a existência de Deus. Um desses é o também atleta Kohei Uchimura, ginasta artístico japonês, medalha de ouro na modalidade. Ele virou notícia mesmo antes das provas, pois teve que desembolsar meio milhão de ienes (mais de 16 mil reais) de roaming de dados, por ter passado horas jogando Pokémon Go em seu smartphone, nos dias que antecederam o início oficial das Olimpíadas no Rio.

O japonês, campeão olímpico e hexacampeão mundial na competição all around (um feito inédito), viciado em Pokémon Go, tem um lema: “Não acredito em Deus nem em lances de sorte, acredito na prática.” O que é uma pena, pois assim ele deixa de reconhecer Aquele que lhe deu a vida, lhe formou um corpo e o mantém respirando – aliás, mantém girando a Terra que lhe serve de lar. Uchimura me faz lembrar o conto do jumentinho que levou Jesus pelas ruas de Jerusalém e que chegou a pensar que os louvores eram para ele. Somos tão pequenos; nossos feitos são tão efêmeros; e nos gloriamos tanto disso... Phelps foi ao fundo do poço para encontrar Deus; Uchimura está no auge da fama, vive de distrações e só enxerga o próprio brilho. Dois extremos que representam dois tipos de pessoas neste planeta.

Dois mundos, duas atitudes
Outro contraste interessante foi visto numa partida de vôlei de areia, no domingo, dia 7. A foto que chamou a atenção das pessoas mostra as jogadoras do Egito e da Alemanha disputando a bola, vestidas em trajes totalmente diferentes. Uma toda coberta por tecido e a outra usando apenas biquíni. Doaa Elgobashy, a egípcia de 19 anos, é muçulmana e disse usar aquele tipo de roupa por decisão pessoal, não por obrigação. O hijab é símbolo de modéstia e de moralidade (embora também seja visto como uma forma de imposição da cultura islâmica, conforme esta matéria). Pode-se dizer o que quiser da atitude da jovem e daquele tipo de roupa, mas uma coisa fica clara: ela tem coragem de ir na contramão das tendências, sem se preocupar com o que os outros pensam. Enquanto em muitas modalidades olímpicas as mulheres preferem exibir o corpo (o que contrasta, também, com a moda comum entre atletas homens, que usam roupas geralmente mais soltas e menos reveladoras), Doaa prefere preservar o corpo e não esconder sua fé. Infelizmente, muita gente faz exatamente o contrário disso: esconde a fé e mostra o corpo.

Phelps e Uchimura; a egípcia e a alemã. Faces de um mundo multifacetado. Qual deles revela a nossa experiência?

Michelson Borges