quarta-feira, agosto 24, 2016

Templo Satânico quer dar aulas nas escolas dos EUA

Bobos úteis, crianças vulneráveis
Um grupo ateu chamado The Satanic Temple (Templo Satânico) está causando polêmica nos Estados Unidos ao propor que as escolas adotem uma atividade extracurricular chamada “Clubes de Satã” - descrita como uma aula de formação distinta da proporcionada por grupos religiosos. A discussão ganha força por ocorrer no momento em que o ano letivo está prestes a começar nos EUA. É quando pais e filhos falam sobre atividades extracurriculares que as crianças poderão frequentar durante o ano. Há petições do grupo para que as aulas comecem a valer já neste semestre em diversas escolas de cidades como Nova York, Boston e Detroit, segundo o jornal The Washington Post. Mas o jornal explica que o plano do grupo não é promover a adoração ao diabo: o templo rejeita a noção de sobrenatural e defende a racionalidade científica. Satã seria, segundo o grupo, uma “metáfora” para rejeitar todas as formas de tirania sobre a mente.

Ainda de acordo com o grupo, o programa do curso seria formado por aulas de ciências, pensamento crítico, artes e história indígena para crianças do ensino primário. Também haveria exercícios para elevar a autoestima e desenvolver a empatia. Mas o que se sabe sobre o Templo Satânico? O fato de o nome da organização remeter a reuniões clandestinas, nas quais se sacrificam animais e se adora a figura de Lúcifer, provocou receio entre muitos pais de alunos. Porém, o Templo Satânico se apresenta como um grupo ateu cujos objetivos seriam proporcionar igualdade, justiça social e defender a separação entre a Igreja e o Estado. A organização tem sede em Nova York e 20 escritórios espalhados pelos Estados Unidos. [...]

Ali explicou que o grupo usa Satã como mascote por interpretar que, segundo a Bíblia, ele desafiou a autoridade de Deus e foi expulso do Céu. O grupo, na opinião de Ali, enfrentaria situação similar à do personagem bíblico. “De forma similar, nós desafiamos a autoridade intolerante na política, na sociedade e na cultura e somos marginalizados por isso. Além disso, recebemos ameaças de morte pela simples associação com o nome”, disse ele.

O grupo, que diz ter mais de 200 mil membros, afirma não acreditar em seres sobrenaturais e se distancia de conceitos como o medo do inferno e da ira de Deus.
Seus dogmas são [e segue a lista das sete crenças deles].

O Templo Satânico foi criticado por suas atividades, especialmente por organizações cristãs. Alguns dizem que o Templo não é uma organização, mas sim uma espécie de brincadeira, sátira ou simples provocação. Assim, a proposta do grupo de levar sua mensagem para as escolas tem despertado suspeitas, não apenas pela referência ao diabólico, como pelas dúvidas sobre a seriedade da iniciativa. [...]

O grupo diz que baseia seu pedido para dar essas aulas na existência dos Good News Clubs, programas extracurriculares de estudos bíblicos organizados pelo grupo Children Evangelism Fellowship (Sociedade de Evangelismo Infantil). Em 2001, a Justiça dos Estados Unidos determinou que nenhum discurso religioso específico pode ser discriminado nas escolas. “Os evangélicos cristãos, em particular a Sociedade de Evangelismo Infantil, vêm se beneficiando dessa regra desde então”, diz a organização. “Por ser ilegal discriminar religiões concretas ou que se dê preferência a alguma delas, os clubes extraescolares de Satã não podem ser negados onde operem clubes cristãos ou de outras religiões.” [...]


Nota: Ainda que os membros do Templo Satânico se digam ateus, o que estão fazendo, como “bobos úteis”, é criar simpatia por Satanás, e fazendo isso justamente com os mais vulneráveis a essa abordagem: as crianças – estratégia já bem conhecida da figura que, para esses “educadores”, é mítica. No texto acima, chama atenção, também, a postura parcial de setores da mídia secular. Curiosamente, quando divulgam filmes como Hacksaw Ridge, que traz como personagem principal um herói adventista, nunca dão espaço para citar as crenças desse tipo de cristão. Aliás, muito raramente mencionam sua filiação religiosa. Após a vitória da seleção brasileira de futebol, nos Jogos Olímpicos do Rio, um repórter da mesma empresa de comunicação do portal acima, disse ao goleiro do time: “O destino abençoou vocês.” E o jogador rebateu no mesmo instante: “Deus nos abençoou.” Parece que há um esforço consciente ou inconsciente para deixar Deus de lado. Mas, quando o assunto é misticismo, bruxaria, espiritualismo e até satanismo, a coisa é diferente. Semana passada, a revista Veja publicou o artigo de um ateu militante na seção “Página Aberta”. Eu e outras pessoas escrevemos reações ao texto. Acha que foram publicadas na Veja desta semana? Cadê a imparcialidade jornalística? [MB]