terça-feira, setembro 27, 2016

Testosterona favorece também a generosidade

Hormônio da masculinidade
A testosterona promove comportamentos orientados a conseguir um status social mais elevado, o que significa que está relacionada com atitudes agressivas, mas também com outras generosas, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista Proceedings of The National Academy of Sciences (PNAS). Tradicionalmente, os altos níveis desse hormônio crucial para o desenvolvimento sexual masculino eram associados com a agressividade e a falta de generosidade nos humanos, mas, até agora, os estudos que tinham tentado confirmar essa hipótese eram considerados pouco críveis por supostos problemas metodológicos. O novo estudo, liderado pelo Instituto de Neurociência do Instituto Trinity College em Dublin, na Irlanda, conclui que a testosterona “pode causar nos homens um comportamento pró-social”, ou seja, que beneficie outros indivíduos, por isso tem um “papel mais complexo” na conduta humana do que se acreditava.

Os participantes do estudo, um grupo de 47 homens jovens sadios, tiveram injetados em seu organismo enantato de testosterona ou um placebo, e foram submetidos a uma variação de um teste econômico experimental conhecido como “o jogo do ultimato”. Nesse teste, um jogador propõe a outro uma forma de dividirem uma grande soma de dinheiro e, se o segundo aceitar a oferta, ambos recebem a mesma quantidade de dinheiro, mas se ele a rejeita, nenhum dos dois obtém nada.

Para o estudo, o jogo foi modificado de tal forma que, uma vez que os participantes tivessem aceitado ou rejeitado uma oferta, tinham a possibilidade de recompensar ou “castigar” quem tivesse feito a mesma ao ficar com mais ou menos dinheiro do que o oferecido originalmente.

“Concluímos que os participantes que foram injetados com testosterona estavam mais predispostos a castigar aqueles que lhes propuseram (o trato), e que os níveis altos de testosterona estavam especificamente associados com uma punição maior para os que faziam ofertas injustas”, diz o estudo. No entanto, “quando os participantes que foram injetados com testosterona recebiam ofertas de valores altos, estavam mais predispostos a recompensar quem propusesse essa oferta e também escolhiam recompensas maiores”, acrescentam os pesquisadores. “Esse aumento de generosidade em um entorno onde não há provocação indica que a testosterona também pode causar comportamentos pró-sociais apropriados para melhorar o status.

“Este descobrimento não encaixa com (a ideia tradicional de) uma simples relação entre a testosterona e a agressividade, e proporciona uma prova causal de que a testosterona tem um papel mais complexo na hora de motivar comportamentos de melhora do status nos homens”, conclui a pesquisa.

Também participaram do estudo pesquisadores do Instituto de Ciências Cognitivas Marc Jeannerod em Bron (França), do Departamento de Biologia Humana da Universidade de Lyon (França), da Universidade de Magdeburgo (Alemanha) e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena (EUA), entre outros.


Nota: Existem muitas pesquisas “tradicionais” por aí, mas que carecem de evidências científicas. No ótimo livro Nossa Cultura ou o Que Restou Dela, o autor Theodore Dalrymple menciona, no capítulo sobre sexualidade, pesquisas como o famoso Relatório Kinsey, totalmente enviesadas e carentes de evidências reais, mas que, no entanto, vêm influenciando gerações (quem sabe eu poste eu sobre isso aqui, no futuro). No caso da pesquisa acima, parece ficar claro que a testosterona, além de promover a agressividade, estimula também o altruísmo e a generosidade, curiosamente (mas não supreendentemente) as qualidades com as quais Deus dotou o homem: força e instinto de proteção, entre outras. Portanto, negar ou abafar essas características é ir contra a natureza humana. [MB]