Ataque em duas frentes |
Há algum tempo vem sendo ouvida entre
os defensores do ecumenismo a frase “o protesto acabou”. O bispo anglicano Tony Palmer (lembra dele?),
grande amigo do papa Francisco, antes de falecer em um acidente trágico, foi um
dos maiores defensores dessa ideia. As igrejas Católica e Luterana
resolveram alguns detalhes teológicos e passaram a encabeçar esse movimento
pela união de todos os cristãos, jogando para debaixo do tapete as 95 teses que o ex-padre Martinho Lutero
afixou em 1517 na porta da igreja de Wittenberg como ato de protesto contra os
desmandos teológico-eclesiásticos do Vaticano. Certamente, Lutero ficaria
espantado ao ver que, quase 500 anos depois do ato pelo qual foi excomungado e
perseguido, o papa em pessoa está tomando parte nas comemorações da Reforma
Protestante, que culminarão em outubro do ano que vem.
Diante de milhares de evangélicos em
um culto nos Estados Unidos poucos anos atrás, Tony Palmer perguntou: “Se não
há mais protesto, como pode haver uma igreja protestante?” Roma e seus dogmas
antibíblicos foram aceitos. O caminho para isso foi preparando lentamente, e os
primeiros passos foram dados justamente pelos protestantes, como havia previsto
Ellen White, em seu best-seller do
século 19 O Grande Conflito – aliás, um livro que descreve claramente as lutas dos reformadores e a morte
do protestantismo, exatamente como está acontecendo.
Neste ano, os Estados Unidos sediaram
dois megaeventos ecumênicos intitulados Together
e Gathering. Por meio de um vídeo, o
papa enviou uma saudação aos milhares de evangélicos reunidos em Washington. A
união, independentemente de crença ou credo, é a palavra de ordem. Não importa
o que você crê, desde que se una. Mas, se não se unir, aí, sim, importa o que
você crê...
No dia 24 deste mês, Francisco disse,
durante um sermão no Vaticano, que são hipócritas aqueles que “têm
uma atitude de rigidez em cumprir a lei”. Ele se valeu da passagem bíblica em
que Jesus cura uma mulher no sábado, sendo criticado pelo chefe da Sinagoga. E disse mais: “Por trás da rigidez há algo escondido na
vida de uma pessoa. A rigidez não é um dom de Deus. A mansidão, sim; a bondade,
sim; a benevolência, sim; o perdão, sim. Mas a rigidez não! Por trás da rigidez
há sempre algo escondido, em tantos casos uma vida dupla; mas há também algo de
doentio. [...] Parecem bons, porque seguem a lei; mas por trás tem alguma coisa
que não os torna bons: ou são maus, hipócritas ou são doentes. Sofrem!”
É claro que sempre existiram os
fariseus “rígidos”, para usar a palavra do papa, que colocaram a observância da
lei acima de tudo, como se pudessem ser salvos pelas obras, coisa que,
ironicamente, o próprio Vaticano vem estimulando há séculos. É claro que o legalismo
é um câncer na vida dos que o vivem. Mas não podemos minimizar a importância da
lei de Deus nem deixar de notar que as palavras do papa poderão ser usadas, inclusive,
contra aqueles que procuram obedecer aos dez mandamentos pelo motivo certo
(João 14:15).
O fato é que Satanás conseguiu
ofuscar a importante data de 31 de outubro, substituindo-a por uma comemoração
amena para a qual Lutero não foi convidado. Mas tem mais: o inimigo trabalhou
também em outra frente, envolvendo religiosos, cristãos e mesmo não cristãos.
Ele vem usando para isso a festividade pagã do Halloween. Em que dia? Isso mesmo: 31 de outubro. Assim, mesmo sem
o saber (ou sabendo), católicos, protestantes, pagãos, os sem religião, uma
nação inteira e boa parte do mundo estão se esquecendo ou ignorando um evento
de importância tremenda – a Reforma Protestante – para celebrar a bruxaria e o
culto aos mortos, em tom de brincadeira, do jeito que o diabo gosta.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia
nasceu no século 19 com o objetivo de trazer à luz verdades bíblicas que haviam
sido sepultadas pela poeira do tempo, pelos dogmas religiosos, das tradições e
negligenciadas até pelos reformadores. No espírito da Reforma, o adventismo
despontou para restaurar a guarda do sábado do sétimo dia; a crença na
imortalidade condicional do ser humano, no sono da morte e na ressurreição por
ocasião da volta de Jesus; o estilo de vida saudável que abre a mente ao
Criador; a verdade do santuário celestial e do juízo; o criacionismo; enfim,
exaltar a Bíblia como única regra de fé e prática. Isso colocará essa igreja na
contramão do mundo? Infelizmente, sim. Assim como Lutero, os reformadores do
século 21 serão mal vistos, criticados, chamados de “fundamentalistas”, “rígidos”,
e, por fim, perseguidos. Que tenham a força de dizer, como o ex-padre alemão,
que jamais violarão sua consciência por ceder à pressão popular e das
autoridades. Que fiquem firmes ao lado de Cristo e de Sua Palavra, custe o que
custar!
Michelson Borges