sexta-feira, outubro 28, 2016

31 de outubro: Halloween ou Reforma Protestante?

Ataque em duas frentes
Há algum tempo vem sendo ouvida entre os defensores do ecumenismo a frase “o protesto acabou”. O bispo anglicano Tony Palmer (lembra dele?), grande amigo do papa Francisco, antes de falecer em um acidente trágico, foi um dos maiores defensores dessa ideia. As igrejas Católica e Luterana resolveram alguns detalhes teológicos e passaram a encabeçar esse movimento pela união de todos os cristãos, jogando para debaixo do tapete as 95 teses que o ex-padre Martinho Lutero afixou em 1517 na porta da igreja de Wittenberg como ato de protesto contra os desmandos teológico-eclesiásticos do Vaticano. Certamente, Lutero ficaria espantado ao ver que, quase 500 anos depois do ato pelo qual foi excomungado e perseguido, o papa em pessoa está tomando parte nas comemorações da Reforma Protestante, que culminarão em outubro do ano que vem.  

Diante de milhares de evangélicos em um culto nos Estados Unidos poucos anos atrás, Tony Palmer perguntou: “Se não há mais protesto, como pode haver uma igreja protestante?” Roma e seus dogmas antibíblicos foram aceitos. O caminho para isso foi preparando lentamente, e os primeiros passos foram dados justamente pelos protestantes, como havia previsto Ellen White, em seu best-seller do século 19 O Grande Conflito – aliás, um livro que descreve claramente as lutas dos reformadores e a morte do protestantismo, exatamente como está acontecendo.

Neste ano, os Estados Unidos sediaram dois megaeventos ecumênicos intitulados Together e Gathering. Por meio de um vídeo, o papa enviou uma saudação aos milhares de evangélicos reunidos em Washington. A união, independentemente de crença ou credo, é a palavra de ordem. Não importa o que você crê, desde que se una. Mas, se não se unir, aí, sim, importa o que você crê...

No dia 24 deste mês, Francisco disse, durante um sermão no Vaticano, que são hipócritas aqueles que “têm uma atitude de rigidez em cumprir a lei”. Ele se valeu da passagem bíblica em que Jesus cura uma mulher no sábado, sendo criticado pelo chefe da Sinagoga. E disse mais: “Por trás da rigidez há algo escondido na vida de uma pessoa. A rigidez não é um dom de Deus. A mansidão, sim; a bondade, sim; a benevolência, sim; o perdão, sim. Mas a rigidez não! Por trás da rigidez há sempre algo escondido, em tantos casos uma vida dupla; mas há também algo de doentio. [...] Parecem bons, porque seguem a lei; mas por trás tem alguma coisa que não os torna bons: ou são maus, hipócritas ou são doentes. Sofrem!”

É claro que sempre existiram os fariseus “rígidos”, para usar a palavra do papa, que colocaram a observância da lei acima de tudo, como se pudessem ser salvos pelas obras, coisa que, ironicamente, o próprio Vaticano vem estimulando há séculos. É claro que o legalismo é um câncer na vida dos que o vivem. Mas não podemos minimizar a importância da lei de Deus nem deixar de notar que as palavras do papa poderão ser usadas, inclusive, contra aqueles que procuram obedecer aos dez mandamentos pelo motivo certo (João 14:15).

O fato é que Satanás conseguiu ofuscar a importante data de 31 de outubro, substituindo-a por uma comemoração amena para a qual Lutero não foi convidado. Mas tem mais: o inimigo trabalhou também em outra frente, envolvendo religiosos, cristãos e mesmo não cristãos. Ele vem usando para isso a festividade pagã do Halloween. Em que dia? Isso mesmo: 31 de outubro. Assim, mesmo sem o saber (ou sabendo), católicos, protestantes, pagãos, os sem religião, uma nação inteira e boa parte do mundo estão se esquecendo ou ignorando um evento de importância tremenda – a Reforma Protestante – para celebrar a bruxaria e o culto aos mortos, em tom de brincadeira, do jeito que o diabo gosta.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu no século 19 com o objetivo de trazer à luz verdades bíblicas que haviam sido sepultadas pela poeira do tempo, pelos dogmas religiosos, das tradições e negligenciadas até pelos reformadores. No espírito da Reforma, o adventismo despontou para restaurar a guarda do sábado do sétimo dia; a crença na imortalidade condicional do ser humano, no sono da morte e na ressurreição por ocasião da volta de Jesus; o estilo de vida saudável que abre a mente ao Criador; a verdade do santuário celestial e do juízo; o criacionismo; enfim, exaltar a Bíblia como única regra de fé e prática. Isso colocará essa igreja na contramão do mundo? Infelizmente, sim. Assim como Lutero, os reformadores do século 21 serão mal vistos, criticados, chamados de “fundamentalistas”, “rígidos”, e, por fim, perseguidos. Que tenham a força de dizer, como o ex-padre alemão, que jamais violarão sua consciência por ceder à pressão popular e das autoridades. Que fiquem firmes ao lado de Cristo e de Sua Palavra, custe o que custar!

Michelson Borges