Michael G. Hasel |
Líderes
adventistas de várias partes do mundo estão reunidos na sede mundial da igreja,
em Maryland, nos Estados Unidos, participando de comissões e reuniões
administrativas. Ontem, o presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo
Dia, pastor Ted Wilson, apresentou um importante e inspirador sermão sobre o
modelo educacional aprovado por Deus. Durante sua mensagem, ele destacou a
importância do criacionismo, da Bíblia e dos livros do Espírito de Profecia. A
certa altura, Wilson convidou o conceituado arqueólogo adventista Dr. Michael
Hasel para proferir algumas palavras aos líderes. Leia abaixo alguns trechos da
fala de Hasel. O sermão do pastor Wilson pode ser lido na íntegra aqui, neste link (em inglês).
“A
autoridade da Bíblia tem enfrentado um ataque sem precedentes com a ascensão do
modernismo e do pós-modernismo no mundo ocidental. Desde a Revolução Cultural
Francesa uma nova filosofia tem procurado abolir a instituição da igreja e, com
ela, a Bíblia, a Palavra viva de Deus. Em seu lugar, os filósofos estabeleceram
a razão autônoma com seu espírito de crítica e dúvida, a experiência humana com
sua ênfase no presente como o intérprete do passado, e o naturalismo filosófico
afirmando que a humanidade deve operar sem qualquer referência ao trabalho de
Deus.
“Em
1844, justamente quando nossos fundadores tinham experimentado o grande
desapontamento, partes de livros populares de história natural da criação foram
publicadas anonimamente por Richard Chambers e promoviam abertamente o conceito
de evolução. Naquele mesmo ano, Charles Darwin completou seu manuscrito inicial
do A Origem das Espécies. O resultado
é que o pensamento evolucionista tem encontrado seu caminho para a maioria das
disciplinas. Mas Chambers e Darwin não escreveram suas obras influentes em um
vácuo.
“Os
estudiosos da Bíblia tinham começado a desconstruir as Escrituras redatando seu
conteúdo e negando o próprio tecido da sua história. Foi removida a natureza
única da Bíblia como uma obra constituída na história. Hoje abordagens
literárias pós-modernas se divorciaram da história bíblica e a relegaram às
areias movediças da cultura. No início do Século das Luzes, Moisés foi
rejeitado como o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia. Na década de 1970,
Abraão e os patriarcas foram descritos como mito. Na década de 1980, estudiosos
deram as costas para o evento do Êxodo. Na década de 1990, estudiosos
pós-modernos se voltaram para os reinados de Davi e Salomão. Essa é a batalha
que ainda vem sendo travada hoje no mundo acadêmico.
“Como
a Bíblia foi reescrita, sua história desconstruída, a profecia preditiva foi
considerada impossível. Porque a Bíblia começou a ser estudada apenas como
literatura e porque esses estudiosos passaram a acreditar que Deus não inspirou
Seus escritores por meio da revelação direta, escritores bíblicos não podiam
prever o futuro. Ambos, história e profecias, foram removidos e reduzidos a
meras metáforas e interpretações idealistas. A palavra profética - que deu
origem à Reforma e conferiu identidade à nossa igreja remanescente - foi
reinterpretada, deixando os adventistas como quase a única igreja que ainda
ensina os livros de Daniel e Apocalipse de uma perspectiva historicista.
“Na
minha biblioteca tenho um livro de 600 páginas intitulado A Morte da Luz. Ele documenta como as grandes universidades como
Harvard, Yale e Princeton foram fundadas por reformadores protestantes e foram bastiões
da educação bíblica e da interpretação historicista da profecia. Seus primeiros
presidentes escreveram volumes sobre a profecia e a breve volta de Jesus. Mas
hoje todos os vestígios dessa história se foram.
“A
sociedade e nossa igreja foi atingidas e golpeadas pelo modernismo e seus
desafios para as verdades encontradas na Bíblia; mas hoje não estamos mais sob
a utopia prometida do pensamento modernista. Tivemos a maior das guerras da
história da humanidade, que deixou 60 a 80 milhões de mortos no campo de
batalha e nas casas e ruas das maiores cidades da Europa. Vemos a propagação de
doenças e epidemias que a ciência moderna não tem sido capaz de erradicar e
curar (aids, malária, ebola, câncer, doenças cardíacas). Nossa sociedade se
tornou apática para quaisquer alegações de verdade, desiludida com as promessas
do passado.
“Será
que vamos sobreviver à desconstrução moral, social, política e religiosa que
nos rodeia? Como podemos combater essa influência como igreja? Como podemos
realizar reavivamento e reforma em nossas escolas? Nossos alunos estão
procurando desesperadamente uma missão, um sentido em um mundo quebrado, mas
tem havido uma crescente desconexão entre a missão e a mensagem da Bíblia e sua
mensagem profética que nos deu esse significado e essa missão. Como estamos
incutindo essa identidade em uma geração que terá condições de terminar a obra?
[...]
“Como
arqueólogo, gasto muito do meu tempo em Jerusalém. Em duas semanas, estarei lá
novamente. Há na Cidade Velha o Monte do Templo, o local onde o templo esteve no
passado. É a maior estrutura de seu tipo construída no Império Romano, seis
vezes maior que o Coliseu, em Roma. No canto sudoeste do Monte do Templo está a
pedra angular, colocado ali mais de 2.000 anos atrás. É uma pedra enorme, que pesa entre 80 e 100 toneladas. Todo o projeto
de construção que Herodes começou e que se estendeu ao longo de um período de
quase um século repousa sobre o alinhamento de uma pedra angular.
“Pergunto
aos meus irmãos e irmãs que compõem as pedras vivas desta casa espiritual: Como
estamos nos alinhando com a Palavra viva de Deus hoje? São as nossas escolas - que
estão treinando esta geração de jovens para terminar a obra - alinhadas na
missão hoje? Estamos alinhados com Jesus, a pedra angular?
“Tenho
um sonho: que todo o nosso currículo educacional seja fundamentado em uma base
bíblica. Que nossos cursos de psicologia, história, biologia, negócios, literatura
sejam dados a partir de uma base de pensamento e visão de mundo bíblicos. Que
façamos mais do que simplesmente ter uma oração no início da classe e, em
seguida, repetir os pensamentos de Freud e Darwin. Que os nossos alunos sejam
apenas treinados para Harvard, mas para o Céu. [...]
“Nosso
nome descreve um povo que acredita e ensina a totalidade da Bíblia, do Gênesis
ao Apocalipse. O sétimo dia em nosso nome aponta para a volta de Jesus, que era
o Verbo, no início: ‘Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e sem Ele
nada do que foi feito se fez’ (João 1:3). Somos um movimento chamado para
defender Jesus e Sua criação em seis dias literais. Jesus disse: ‘Pois se
cressem em Moisés, vocês acreditariam em Mim; pois Ele escreveu sobre Mim’ (João
5:46).
“A
palavra ‘adventista’ em nosso nome aponta para uma voz profética chamada para
este tempo a proclamar as três mensagens angélicas. Somos um movimento que
proclama as palavras de Jesus: ‘Eis que venho sem demora! Bem-aventurado aquele
que guarda as palavras da profecia deste livro’ (Apocalipse 22:7).
“Tenho
um sonho: que as palavras de Ellen White em O
Grande Conflito, página 595, sejam cumpridas hoje: ‘Mas Deus terá um povo
sobre a terra que mantenha a Bíblia, e só a Bíblia, como o padrão de todas as
doutrinas e a base de todas as reformas. As opiniões dos homens instruídos, as
deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão
numerosos e discordantes como são as igrejas que representam a voz da maioria -
não devem ser considerados como evidência a favor ou contra qualquer ponto de
fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos exigir um
claro ‘Assim diz o Senhor’ em seu apoio.”