domingo, outubro 09, 2016

Arqueólogo adventista destaca importância da Bíblia

Michael G. Hasel
Líderes adventistas de várias partes do mundo estão reunidos na sede mundial da igreja, em Maryland, nos Estados Unidos, participando de comissões e reuniões administrativas. Ontem, o presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pastor Ted Wilson, apresentou um importante e inspirador sermão sobre o modelo educacional aprovado por Deus. Durante sua mensagem, ele destacou a importância do criacionismo, da Bíblia e dos livros do Espírito de Profecia. A certa altura, Wilson convidou o conceituado arqueólogo adventista Dr. Michael Hasel para proferir algumas palavras aos líderes. Leia abaixo alguns trechos da fala de Hasel. O sermão do pastor Wilson pode ser lido na íntegra aqui, neste link (em inglês). 

“A autoridade da Bíblia tem enfrentado um ataque sem precedentes com a ascensão do modernismo e do pós-modernismo no mundo ocidental. Desde a Revolução Cultural Francesa uma nova filosofia tem procurado abolir a instituição da igreja e, com ela, a Bíblia, a Palavra viva de Deus. Em seu lugar, os filósofos estabeleceram a razão autônoma com seu espírito de crítica e dúvida, a experiência humana com sua ênfase no presente como o intérprete do passado, e o naturalismo filosófico afirmando que a humanidade deve operar sem qualquer referência ao trabalho de Deus.

“Em 1844, justamente quando nossos fundadores tinham experimentado o grande desapontamento, partes de livros populares de história natural da criação foram publicadas anonimamente por Richard Chambers e promoviam abertamente o conceito de evolução. Naquele mesmo ano, Charles Darwin completou seu manuscrito inicial do A Origem das Espécies. O resultado é que o pensamento evolucionista tem encontrado seu caminho para a maioria das disciplinas. Mas Chambers e Darwin não escreveram suas obras influentes em um vácuo.

“Os estudiosos da Bíblia tinham começado a desconstruir as Escrituras redatando seu conteúdo e negando o próprio tecido da sua história. Foi removida a natureza única da Bíblia como uma obra constituída na história. Hoje abordagens literárias pós-modernas se divorciaram da história bíblica e a relegaram às areias movediças da cultura. No início do Século das Luzes, Moisés foi rejeitado como o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia. Na década de 1970, Abraão e os patriarcas foram descritos como mito. Na década de 1980, estudiosos deram as costas para o evento do Êxodo. Na década de 1990, estudiosos pós-modernos se voltaram para os reinados de Davi e Salomão. Essa é a batalha que ainda vem sendo travada hoje no mundo acadêmico.

“Como a Bíblia foi reescrita, sua história desconstruída, a profecia preditiva foi considerada impossível. Porque a Bíblia começou a ser estudada apenas como literatura e porque esses estudiosos passaram a acreditar que Deus não inspirou Seus escritores por meio da revelação direta, escritores bíblicos não podiam prever o futuro. Ambos, história e profecias, foram removidos e reduzidos a meras metáforas e interpretações idealistas. A palavra profética - que deu origem à Reforma e conferiu identidade à nossa igreja remanescente - foi reinterpretada, deixando os adventistas como quase a única igreja que ainda ensina os livros de Daniel e Apocalipse de uma perspectiva historicista.

“Na minha biblioteca tenho um livro de 600 páginas intitulado A Morte da Luz. Ele documenta como as grandes universidades como Harvard, Yale e Princeton foram fundadas por reformadores protestantes e foram bastiões da educação bíblica e da interpretação historicista da profecia. Seus primeiros presidentes escreveram volumes sobre a profecia e a breve volta de Jesus. Mas hoje todos os vestígios dessa história se foram.

“A sociedade e nossa igreja foi atingidas e golpeadas pelo modernismo e seus desafios para as verdades encontradas na Bíblia; mas hoje não estamos mais sob a utopia prometida do pensamento modernista. Tivemos a maior das guerras da história da humanidade, que deixou 60 a 80 milhões de mortos no campo de batalha e nas casas e ruas das maiores cidades da Europa. Vemos a propagação de doenças e epidemias que a ciência moderna não tem sido capaz de erradicar e curar (aids, malária, ebola, câncer, doenças cardíacas). Nossa sociedade se tornou apática para quaisquer alegações de verdade, desiludida com as promessas do passado.

“Será que vamos sobreviver à desconstrução moral, social, política e religiosa que nos rodeia? Como podemos combater essa influência como igreja? Como podemos realizar reavivamento e reforma em nossas escolas? Nossos alunos estão procurando desesperadamente uma missão, um sentido em um mundo quebrado, mas tem havido uma crescente desconexão entre a missão e a mensagem da Bíblia e sua mensagem profética que nos deu esse significado e essa missão. Como estamos incutindo essa identidade em uma geração que terá condições de terminar a obra? [...]

“Como arqueólogo, gasto muito do meu tempo em Jerusalém. Em duas semanas, estarei lá novamente. Há na Cidade Velha o Monte do Templo, o local onde o templo esteve no passado. É a maior estrutura de seu tipo construída no Império Romano, seis vezes maior que o Coliseu, em Roma. No canto sudoeste do Monte do Templo está a pedra angular, colocado ali mais de 2.000 anos atrás. É uma pedra enorme, que  pesa entre 80 e 100 toneladas. Todo o projeto de construção que Herodes começou e que se estendeu ao longo de um período de quase um século repousa sobre o alinhamento de uma pedra angular.

“Pergunto aos meus irmãos e irmãs que compõem as pedras vivas desta casa espiritual: Como estamos nos alinhando com a Palavra viva de Deus hoje? São as nossas escolas - que estão treinando esta geração de jovens para terminar a obra - alinhadas na missão hoje? Estamos alinhados com Jesus, a pedra angular?

“Tenho um sonho: que todo o nosso currículo educacional seja fundamentado em uma base bíblica. Que nossos cursos de psicologia, história, biologia, negócios, literatura sejam dados a partir de uma base de pensamento e visão de mundo bíblicos. Que façamos mais do que simplesmente ter uma oração no início da classe e, em seguida, repetir os pensamentos de Freud e Darwin. Que os nossos alunos sejam apenas treinados para Harvard, mas para o Céu. [...]

“Nosso nome descreve um povo que acredita e ensina a totalidade da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. O sétimo dia em nosso nome aponta para a volta de Jesus, que era o Verbo, no início: ‘Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e sem Ele nada do que foi feito se fez’ (João 1:3). Somos um movimento chamado para defender Jesus e Sua criação em seis dias literais. Jesus disse: ‘Pois se cressem em Moisés, vocês acreditariam em Mim; pois Ele escreveu sobre Mim’ (João 5:46).

“A palavra ‘adventista’ em nosso nome aponta para uma voz profética chamada para este tempo a proclamar as três mensagens angélicas. Somos um movimento que proclama as palavras de Jesus: ‘Eis que venho sem demora! Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro’ (Apocalipse 22:7).

“Tenho um sonho: que as palavras de Ellen White em O Grande Conflito, página 595, sejam cumpridas hoje: ‘Mas Deus terá um povo sobre a terra que mantenha a Bíblia, e só a Bíblia, como o padrão de todas as doutrinas e a base de todas as reformas. As opiniões dos homens instruídos, as deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam a voz da maioria - não devem ser considerados como evidência a favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos exigir um claro ‘Assim diz o Senhor’ em seu apoio.”